quarta-feira, 10 de julho de 2013

A industrialização e a desindustrialização de Santo Amaro

Cieja Parelheiros - História - Copie o texto e responda as questões propostas.
A industrialização e a desindustrialização de Santo Amaro
Santo Amaro se industrializou a partir da década de 1950, com a instalação de grandes indústrias fordistas, com grande massa de mão-de-obra, várias linhas de montagem na mesma indústria, com a direção da empresa junto da fábrica. Era um momento de instalação da grande indústria no Brasil e, como nas proximidades do Rio Pinheiros havia uma grande disponibilidade de terrenos (devido também à drenagem das várzeas e à retificação do rio, que foram concluídos na década de 1940), montou-se em Santo Amaro um grande e diversificado parque industrial. Com a desindustrialização, que passa a ocorrer a partir da década de 1980 e se intensifica na década de 1990, verifica-se que essa área viveu um curto período de consolidação industrial. No entanto, observamos que a indústria teve um grande peso na formação da sociabilidade do lugar. A grande quantidade de migrantes nacionais atraídos pela grande disponibilidade de trabalho industrial tem na indústria sua principal referência ao se estabelecerem na metrópole. Deparamos-nos com um lugar que agora se caracteriza como um espaço de desindustrialização, cuja formação como lugar se deu através da mediação da indústria. A indústria constituiu o lugar, assim como induziu a formação das enormes periferias da metrópole de São Paulo. O lugar em questão, formado por grandes galpões industriais e conjuntos de pequenas casas operárias, ocupadas, sobretudo por migrantes, pode ser tomado como um lugar industrial, onde a indústria comandava o ritmo da vida no lugar. Ou seja, o lugar se constituiu, desde seu início, como um lugar da fragmentação da vida cotidiana, com a especialização dos espaços e dos tempos da vida em locais e tempos específicos: a vida privada – o trabalho – o lazer, são realizados na casa operária, na indústria e nos escassos lugares de lazer ou na própria casa, respectivamente. No entanto, apesar da fragmentação da vida, imposta pela indústria, contraditoriamente se revelam no processo momentos de criação de sociabilidades: em casa, com a família; no trabalho, com os colegas de serviço; nos bares e restaurantes que serviam aos operários; além dos encontros habituais na rua, com a rotina dos horários da entrada e saída dos operários das fábricas. Assim, se forma uma sociabilidade possível, totalmente mediada pela indústria, mas que a nega, negando a funcionalização estrita dos espaços-tempos da vida cotidiana. Nos 40 anos de consolidação industrial deste lugar, esta sociabilidade criada é fundamental para a criação da identidade das pessoas com a metrópole e com o próprio lugar. Com a desindustrialização, as relações criadas ao longo do período de industrialização se quebram, com o fechamento ou o esvaziamento dos espaços habituais de sociabilidade. Com o fechamento das indústrias, muitos bares e pequenos restaurantes também são fechados; o movimento habitual dos operários nas trocas de turno é esvaziado; há um inevitável processo de deterioração do ambiente construído, seja em razão dos grandes galpões industriais vazios, seja em razão do grande número de casas operárias abandonadas. Com isso, os moradores sentem a degradação da própria vida na metrópole, quando não mais encontram os amigos de fábrica, ou quando o bar que freqüentavam agora está fechado, ou quando vê ser demolida uma vila com vinte moradias onde moravam muitos amigos. A relativa deterioração do lugar e a sua localização relativamente privilegiada, contando com um acesso facilitado pela Marginal do Rio Pinheiros, faz com que este lugar desperte a atenção dos investidores imobiliários e dos empresários de setores como entretenimento, eventos e shows. A reutilização de terrenos industriais para outras atividades econômicas – expansão da fronteira econômica no espaço urbano – aliena ainda mais os moradores em seu próprio local de moradia, pois eles não participam destas novas atividades.
Responda:
1.      Quais os motivos da escolha da região do rio Pinheiros para a instalação das indústrias?
2.      A partir de que período ocorreu o fenômeno da desindustrialização de Santo Amaro?
3.      Com a desindustrialização, quais as mudanças ocorridas em Santo Amaro?

4.      A partir da desindustrialização, que problemas sociais podemos verificar nas periferias?

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