domingo, 28 de dezembro de 2008

Projeto

Para Nereu Velecico

Na difícil síntese da política,
nos loucos devaneios da palavra,
nos acordos perversos entre a barata e a galinha,
encontramos o imensurável projeto de se atingir o
p(h)oder.

Poema novo

Poema novo


Qual sabor você quer que a vida tenha?
o sabor de poder compartilhar palavras?
sabor de flores ao molho de estrela cadente?
sabor das saudades?
o sabor da preguiça que nos faz macunaíma?

o sabor da linda morena com cachinhos nos olhos?
o sabor da amante a te olhar, nua?
o sabor da vitória do palmeiras?
do ritmo e da poesia de gullar?

dos gritos e sussurros de alegria das crianças?
das vitórias dos oprimidos diante da desigualdade?
de arroz com feijão, bife e batatinha?
De uma cerveja gelada?
De um livro de Saramago?
Do vento em seu rosto em uma rodovia?
Do vento na praia no verão do brasil?
Do sabor da chuva?
Qual sabor você quer? Me diga?

O sabor da esperança socialista?

Sirva-se à vontade.

Depoimento dos alunos

Morar em São Paulo

Morar em São Paulo, para mim, foi muito difícil, porque vim morar nesta cidade com 5 anos de idade. Tudo era muito estranho. As ruas eram de terra, quando chovia, ficava um lameiro só.
As condições de meus pais eram poucas. A gente foi morar em um quartinho pequeno. Eu, meu pai, minha mãe e minha irmã. Aos poucos fomos conseguindo coisas melhores. Fui crescendo e comecei a ir para a escola, mas fiquei desinteressada. Comecei a faltar às aulas e, por fim, acabei saindo da escola. Daquele tempo pra cá, tentei estudar três vezes, mas não consegui terminar.
Hoje voltei a estudar. Por quê? Eu via meus amigos estudando, minha cunhada, até pessoas mais velhas. Isso foi me incentivando. É para saber ler e escrever melhor, saber falar bem.
Vou contar aqui uma coisa que aconteceu comigo: uma vez, fui preencher uma ficha de cadastro, quando fui entregar para a moça no balcão, a moça falou que tinha muitos erros. Fiquei muito chateada, mas não podia reclamar.
Hoje estou aqui no Cieja e estou muito satisfeita.

Lucivan, III A, manhã.

Morar em São Paulo

Quando eu me mudei para São Paulo, achei a cidade muito bonita e também agitada.
As pessoas vivem sempre apressadas. Ora atrás do ônibus. Ora atrás do Metrô. Assim, passando umas pelas outras sem ao menos se olhar.
Nessa correria do dia-a-dia, com todos indo em busca de seus objetivos, muitas vezes nos esquecemos de olhar o quanto São Paulo é uma cidade bonita e o que ela tem a nos oferecer.
Hoje, posso dizer que gosto muito de morar aqui. Aprendi a ver o lugar onde vivo com outros olhos. Passei a admirar as belezas naturais que o bairro onde moro tem. A mata densa que preserva a fauna, a flora e as represas com suas águas límpidas.
Morar em São Paulo é sempre estar correndo atrás de alguma coisa.

Deuzinha, III A, manhã.

Morar em São Paulo

Nasci na cidade de São Paulo e sempre morei aqui.
É ótimo morar nesta cidade, mesmo sabendo dos contrastes existentes. Porém, os mesmos não diminuem o prazer e a alegria de ser uma cidadã paulistana.
Nós, os moradores desta grande metrópole, podemos usufruir de muitos benefícios e oportunidades que ela nos oferece. É claro que muitas vezes deixamos escapar algumas dessas oportunidades, como por exemplo: oportunidade de trabalho e principalmente de estudo. Também nem sempre temos condições de participar do que há de melhor na cidade.
Mesmo com suas graves deficiências, tais como: transporte, segurança, saúde e educação, morar em São Paulo é participar e compartilhar do dia-a-dia de uma cidade caracterizada pela agitação e conviver com pessoas de diversos lugares, que faz desta cidade um lugar diferente, diversificado.
Raquel Reimberg Santana, III A, manhã.

As crianças

As crianças

Para Ana Gabriela

A Ana come pela manhã
dois pães com geléia de esconde-esconde.
Leite com fogos de artifício
e queijo de cabra cega maluca.
A Ana brinca de subir no céu galopando nos raios de sol.
A Ana mergulha nos pingos da chuva.
Saltar nos precipícios do desespero da margarida.
Quando a Ana chega tudo explode em alegrias coloridas do jardim.
A Ana é um sonho que invade e transpira em fantasias e projetos.
A Ana chuta as ruas, desliza pelas alamedas do mundo nos ensinando a rever a vida.

Conseqüências

Conseqüências

Para Domênico Summa


O câncer
O adeus
A insônia
A rebelião

A queimada
Aquecimento global
Crise econômica
Colisão

O ciúme
Bursite
Choro
Preço do pão

Queda de cabelo
Perda do título
Tráfico de drogas
Prostituição

Menor abandonado
Congestionamento
Violência
Poluição

Enchente
Saúde
Guerra
Depressão

Político
Gato
Cabrito
Rabecão

IML
Atropelamento
Vômito
Vacilão

Racismo
Resistência
Luta
Meu irmão

sábado, 15 de novembro de 2008

Quando da eleição de Lula em 27 de novembro de 2002.

Para Gladis Santos Ricciardi


Nos últimos dias
Retirei o véu que cobria seu rosto
Revelando as balizas que sustentam nossas vidas
Que se faz pulsar em nossos corações
Todas as verdades que amo loucamente
Precipitando em cada instante
Uma verdade estonteante
Que parece que foi ontem que disse adeus a tudo que amava.
Estou negociando palavras
vendendo copias dos meus sonhos em balas de hortelã
Leio os manifestos da vida
Abraçado aos revolucionários que habitam minha mente
Jesus, Gandhi, Betinho, Plínio Marcos,
Chico Buarque, Cartola, Santo Dias, tantos outros, e
afirmo, com estrelas nos olhos,
que o futuro chegou ao céu do meu país.

Convidamos todos os amantes da boa música para participar do primeiro sarau musical

Local: Rua Dr. Azevedo Sodré, 60-A Jardim Planalto



2ª Feira - Horário(ao lado da igreja São Francisco de Assis) - Tel.: (11) 5835 2936 / 5831 0311




Convidamos todos os amantes da boa música para participar do primeiro sarau musical da Zona Sul da capital paulista, que contará com a presença de vários músicos, cantores e intérpretes.
A exemplo do sarau de poesia da Cooperifa (Cooperativa de Artistas da Periferia), esse novo movimento também pretende ser um espaço de promoção, divulgação, produção e incentivo à música feita por artistas da periferia que não têm espaço na grande mídia e nas gravadoras.

Problemas Globalizados

Problemas Globalizados

Um dos efeitos da globalização é o desemprego, que atinge indiscriminadamente todos os países do mundo, como maior ou menor intensidade. O tamanho da insegurança do brasileiro é medido com pavorosa precisão numa pesquisa: de cada cem trabalhadores, 87 temem perder o emprego nos próximos meses.
Realizado pela agência de publicidade Saldiva & Associados, o trabalho, intitulado “Brasil: o talento de um povo” investigou as aptidões dos brasileiros e, sem querer, encontrou um buraco negro. As entrevistas revelam uma população acuada pelo avanço tecnológico combinado com as oscilações econômicas.
Na mesma proporção o trabalhador, o empresário vê no mercado uma corrida de obstáculos cada vez mais veloz, capaz de levá-lo ao chão no passo seguinte. Para comparar, procurei investigações sobre o medo dos americanos.
Os resultados são parecidos, mostrando uma crise de confiança. Apesar de todas as conquistas da medicina e da informática e dos avanços dos direitos sociais, os americanos nunca estiveram tão pessimistas sobre o futuro: 60% imaginam que a próxima geração, ou seja, seus filhos terão vida pior e mais difícil.
As pesquisas mais impressionantes estão ligadas ao impacto de instabilidade econômica na saúde dos indivíduos. Nas universidades internacionais foram realizados estudos sobre a saúde pública e constatou que o aumento do desemprego é acompanhado por suicídios, ataque do coração e doenças mentais.

Texto produzido pelo jornalista Gilberto Dimenstein
Ed. Ática 1997, p 28

Texto para leitura dos alunos do Cieja.

A poluição atmosférica mata indiretamente, em média, oito pessoas por dia na cidade de São Paulo. A exposição aos diversos poluentes emitidos também reduz a expectativa de vida dos habitantes: pesquisas indicam que o paulistano perde dois anos de vida por morar em um local poluído.Apesar de assustadores, esses números já foram maiores --chegaram a 12 mortes diárias indiretamente causadas por poluentes e três anos de vida perdidos.Os dados, baseados em diversos estudos do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, mostram que ações como o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) e o rodízio foram positivas para a melhoria da qualidade de vida na capital.Mas, segundo o professor Paulo Saldiva, as conseqüências da poluição à saúde ainda são alarmantes e é preciso mais medidas para enfrentá-las. "Diferentemente do cigarro, a poluição do ar não pode ser evitada pelas pessoas."Segundo ele, quem mais tem problema de saúde decorrente da inalação de poluentes são os idosos, que acabam sendo vítimas principalmente de pneumonia, infarto agudo do miocárdio e enfisema. Já as crianças, que vêm na seqüência na lista de mais afetadas, têm pneumonia e asma.A pneumonia, inclusive, foi a terceira principal causa de morte na capital no ano passado. O número de casos da doença que resultaram em óbito aumentou 11% de 2003 a 2004, segundo levantamento da CEInfo (Coordenação de Epidemiologia e Informação), da Secretaria Municipal da Saúde."Mesmo as pessoas saudáveis sofrem os efeitos da poluição e ficam mais hipertensas nos dias poluídos", afirmou Saldiva.Além das oito mortes diárias induzidas pela poluição, uma pesquisa do laboratório indica que há um aborto por dia na cidade, depois do quinto mês de gestação, em decorrência do problema. "O fluxo arterial na placenta se reduz nos dias de maior poluição."O vilãoPara medir quem mais contribui com a emissão de gases de efeito estufa e listar medidas para reduzi-los, a Prefeitura de São Paulo pediu inventário ao Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Centro Clima) da UFRJ.A pesquisa, apresentada ontem, mostra que o uso de energia é o principal responsável pela emissão de metano e dióxido de carbono, com 76%. O relatório, referente a 2003, é o segundo feito em âmbito municipal. O primeiro foi feito no Rio de Janeiro em 1998.Nesse estudo, o vilão mais uma vez foi o transporte. A utilização de combustíveis fósseis representa 88,7% das emissões decorrentes do uso de energia --e a gasolina é o combustível que mais contribui para a poluição, com 35,7%."Agora, é necessário criar cenários com alternativas para mitigar as emissões e, depois, propor políticas públicas", disse a coordenadora-executiva do inventário, Carolina Dubeux. Ela sugere estudar a troca de combustível (usar o álcool em vez da gasolina) ou a ampliação do uso do metrô. "A diminuição da poluição depende de práticas do dia-a-dia", diz o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge.Sua pasta iniciou, há um mês, a inspeção veicular dos ônibus do transporte público para minimizar a emissão. Dos 225 ônibus fiscalizados até agora, de seis viações, 14 tinham situação irregular.

AFRA BALAZINA, da Folha de S.Paulo.

Dez poemas

Poema
Desejo primeiro que você ame,
E que amando,
também seja amado.
E que se não for,
seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar ".

Uma verdade

o político é um ânus no
qual tudo se sentou exceto o humano

E.E.Cummings

Quando da morte de Elis Regina em 1982.

Sampa, 20 de janeiro de 1982.


Choro.

A cuica chora, a avenida não está colorida,
o sambista não está alegre, os tamborins pararam de tocar.

O surdo marca um samba de tristeza, o mestre-sala não samba, ainda.
A porta bandeira traz a cor negra, do luto.

“Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto,
Me lembrou Carlitos.”

Os passistas em suas mãos não trazem alegorias, e sim as marcas de lágrimas surdas.
O samba enredo é: “Viver é melhor que sonhar”.
Os carros alegóricos, não há carros alegóricos, não há nada.

Não há samba, não há alegria, não há bateria, tudo é lágrimas, tristezas, tudo é emoção e
Choro.

Faleceu Elis Regina, e com ela um pedaço da Música Popular Brasileira, um pedaço da mulher batalhadora, da Mulher...

Adeus Elis,


Você deixa saudades.



“Vivendo e aprendendo a jogar

Um sonho

Um sonho

Imagine você
ainda era dia
num canto o sol
inspirava poesia

Imagine você
a lua surgia
no outro canto da selva
e ainda era dia

Imagine você
o vento soprava
meu corpo parou
e a lua aumentava

Imagine você
a lua imensa
pedindo licença
para pousar

Imagine você
o céu colorido
a lua sumindo
e vai para o mar.


Este poema foi escrito em 1982.

Poemas da Ana

Poemas da Ana

O mamute voador.

Um menino pediu uma menina em namoro
A menina perguntou a mãe dela
A mãe dela respondeu que não podiam namorar
Então pela última vez os dois se encontraram
Se falaram
E se tocaram
A menina contou ao menino o que a mãe dela havia dito
Que só quando o mamute voar ela poderia o namorar
Então pela última vez os dois olharam pela janela
E viram um mamute voando com a mãe dela




Meu tipo de amor

Rosas às vezes são vermelhas
Maças às vezes são verdes
O céu às vezes escurece

Mas meu amor por você sempre estará colorido.


Meu pai

Meus Poemas
Meus Sonhos
Minhas Esperanças
Minhas Brincadeiras
Meus Espaços
Meus Pesadelos
Meus Amigos
Minhas Conquistas
Minhas Paixões

Meu Pai me Chateando Pra Fazer Isso

Conflito no futebol do Palmeiras.

A atitude desta facção, Mancha Verde, ou de parte de seus membros, infelizmente, é o resultado do amadorismo da imprensa que estimula reflexões violentas aos seus leitores e também do sentimento de impunidade reinante na sociedade brasileira. Outra questãosão as palavras de parte destes que se dizem 'jornalistas' que devem ser classificadas enquanto irresponsáveis. Os questionamentos atribuídos aWanderley Luxemburgo a cada tropeço, o coloca na 'linha de tiro' de torcedores tranvestidos de bandidos. Estes torcedores encontram até mesmo guarita em alguns diretores de diversos clubes do Brasil, inclusive no Palmeiras, sendo tratados como participantes de decisões dos Departamentos de Futebol.No casoespecífico do Palmeiras, temos que pensar: a quem interessa tais conflitos? Quem são os palmeirenses que desejam tumultuar o processo de reestruturação hoje em curso no Palmeiras? Será que são de fato palmeirenses? A atual diretoria deve se permitir reflitir que a aproximação com estes 'grupos' é uma verdadeira vergonha em nossa História recente.Vamos proteger o nosso patrimônio humano, Comissão Técnica e jogadores', que de fato defendem nossas cores.Temos que saber e se convencer que futebol é uma ação de médio prazo. Condenar um trabalho em seu início é tolice. Internamente também é necessário reflexões. Cabe até uma indagação do amadorismo de alguns jogadores que se vestem da imagem de torcedores e passam a idéia de culpabilidade nas derrotas a outros e não assumem as falhas que cometem em um esporte onde falhar é parte do jogo.
Precisamos de paz, este é o princípio de um projeto vencedor.
Palmeiras, sempre!
Adilson Campos Calasans.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Poesia.

Colírios poéticos.

Meu médico me recomendou
duas gotas de colírios poéticos
ao acordar e duas ao dormir.
Compressas com palavras quentes,
injeções de ternura
e uma ampola de sonhos com mel de estrelas.
Meu médico,
na verdade,
é uma amiga
dos tempos em que colhíamos sonhos
atirados em uma lagoa,
entregues por uma estrela cadente
que caia
invariavelmente
rápida
e quente
no horizonte
no mar.

Semana Cultural do Cieja.

Guerreiros e simpatizantes,

Já se encontra em movimento as indagações e reflexões que fará ferver a 'nave do conhecimento' que carinhosamente a burocracia denomina de Cieja, mas que poderia ser 'plantação de flores'. Flores seria mais adequado. Vivenciamos alunos que se emancipam mediante a descoberta e a apropriação das palavras e de seus significados. Flores, alunos, que se apropriam das cores e passam a exalar perfumes de saberes e conhecimentos. Flores que passam a traçar caminhos após a construção das possibilidades de um novo dia.
Poesia, teatro e cinema, são os ingredientes dos nossos planos para os dias 17,18 e 19 de novembro, dias em que as flores soltarão sorrisos através das pétalas.
Aguardemos.

Bye.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Memorial do Imigrante.


Era inverno e o saber sentia o gosto do verão.

Memorial do Imigrante.

O Projeto: São Paulo, viver e pertencer em mais uma parada.

José de Anchieta observa os guerreiros em um breve repouso.


Adelante companheiros!

Cieja visita a Estação da Luz.


Um marco da Cidade de São Paulo, assim é a Estação da Luz, local que define a riqueza do café na História de São Paulo.
Na imagem os estudantes.

Cieja Parelheiros no Museu da Língua Portuguesa.


Um instante para as fotos.
Macunaíma estava presente.

Guerreiros do Cieja nas trincheiras da metrópole.


Uma breve pausa para a imortalidade.

Cieja Parelheiros e o Centro da cidade de São Paulo.

Pasmem amigos(as) e guerreiros(as) desta vida louca, os muchachos , leia-se alunos do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos de Parelheiros, estão projetando sua vidas nas telas do coração da metrópole de todos os paulistas. Fomos ao Centro bater pernas e conhecer um pouco da História da Cidade de São Paulo, o chamado 'Triângulo Histórico'. Foi o máximo. Alunos caminhando em um Museu de rua, onde prédios, praças e logradouros se transformaram em peças vivas de um mosaico que serve de paisagem para a composição das vidas de milhões de paulistanos.
Abaixo o roteiro de nossa caminhada.
Beijins e bye.

Roteiro de Visita ao Centro da Cidade de São Paulo.

1-A antiga Sé foi demolida em 1911 para obras de ampliação da Praça da Sé. A partir de 1913, a catedral metropolitana, elevada à sede da arquidiocese, começou a ser reconstruída em granito com projeto neogótico do arquiteto alemão Maximilian Emil Hehl. Em 25 de janeiro de 1954, por ocasião do IV Centenário, a Sé foi inaugurada, mas com suas torres principais inacabadas.2-Em 1927, a Igreja do Carmo recebeu torres projetadas pelo escritório de Ramos de Azevedo, mas, no ano seguinte, o governo do estado a desapropriou e demoliu, para a construção de uma grande avenida: a Rangel Pestana.3-O Solar da Marquesa de Santos, construído em taipa de pilão no século XVIII, é o único exemplo que resta em nossa cidade desse tipo de sobrado de arquitetura aristocrática. Por mais de 30 anos, pertenceu a d. Domitila de Castro Canto e Melo, amante do imperador d. Pedro I. Domitila comprou o sobrado em 1834, depois de ter rompido o relacionamento com d. Pedro I. Lá morou com mais de cem pessoas, entre escravos, empregados e parentes que ocupavam o primeiro pavimento. 4-O Pátio do Colégio foi a primeira construção levantada na atual cidade de São Paulo, quando o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, jesuítas a mando de Portugal, resolveram estabelecer um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto.O Pátio do Colégio é o marco inicial no nascimento da cidade de São Paulo. O local, no alto de uma colina entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, foi o escolhido para iniciar a catequização dos indígenas.5-Logo depois da fundação de São Paulo pelos jesuítas e da construção da Igreja do Carmo, os monges estabeleceram-se nas terras do planalto. A Igreja de São Bento foi construída em 1598. O responsável pela obra foi o frei Mauro Teixeira, paulista de São Vicente, discípulo do padre José de Anchieta, que ingressou no Mosteiro de São Bento da Bahia, depois de sua família ter sido morta pelos índios tamoios.6 e 7-O Convento de São Francisco obteve autorização para sua fundação em 29 de novembro de 1624, mas a construção só teve início em 1639. Como o primeiro local foi considerado impróprio, frei Francisco das Neves determinou uma segunda construção, em 1644. Feito de paredes de taipa e largos beirais, o convento seguia a "tradição construtiva da região de São Paulo". Em 1828, o governo requisitou o edifício, retirou os religiosos, e o transformou em Academia de Ciências Sociais e Jurídicas, onde hoje funciona a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Em 1933, teve início a demolição do convento, que ainda se achava em boas condições. Nessa ocasião, foram encontrados esqueletos humanos misturados à argamassa. Concluiu-se então que as paredes do antigo convento tinham servido de sepulcro aos monges. Assim, apesar da demolição, as arcadas do convento tornaram-se o símbolo da Faculdade de Direito. A construção foi dada como acabada em 1938, mas só terminou completamente na década de 1950. 8-Até a primeira década do século XX, o senhor comendador, o barão de Itapetininga (depois da baronesa de Itu), tinha uma chácara no Vale do Anhangabaú, região conhecida como o Morro do Chá, onde se cultivavam hortaliças e chá. Em 1877, o engenheiro francês Jules Martin apresentou um projeto para construir um viaduto de 180 metros de extensão sobre o Vale do Anhangabaú, para realizar a ligação entre a Rua Direita (o Centro Histórico) e a Rua Barão de Itapetininga, atravessando o Morro do Chá, cuja chácara estava sendo loteada. A "Companhia Paulista do Viaducto do Chá" iniciou, em 1889, o projeto de estrutura metálica, de origem alemã. Inaugurado em 1892, o viaduto media "240 metros de comprimento, dos quais 180 de estrutura metálica, com 14 metros de largura". 9-O Teatro Municipal de São Paulo é um dos mais importantes teatros da cidade e um dos cartões postais da capital, tanto por seu estilo arquitetônico semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo como pela sua importância histórica, por ter sido o palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o marco inicial do Modernismo no Brasil. A idealização de um majestoso teatro para a capital paulista baseou-se na crescente importância da cidade em âmbito nacional, esta que no início do século XX abrigava a alta burguesia brasileira, da qual grande parte tinha seus negócios nas lavouras de café, que concentravam um bom número de italianos em São Paulo. 10-Projetado pelo Escritório Micheli e Chiappori, o Viaduto Santa Ifigênia foi inaugurado em 1913 pelo prefeito Raymundo Duprat. Sua estrutura metálica, em ferro fundido, foi executada na Bélgica. Tem 225 metros de extensão e três arcos. As grades do guarda-corpo são em ferro forjado, em estilo Art Nouveau. A prefeitura obteve os recursos para a construção na Inglaterra, por meio de um financiamento, cuja última parcela foi paga somente nos anos 70. Com a construção do Viaduto Santa Ifigênia, o largo de mesmo nome transformou-se rapidamente e viu surgir vários edifícios no seu entorno.

Adilson Campos Calasans, professor de Ciências Humanas.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Como você irá me seduzir?

Como você irá me seduzir?
Um sutil chamado?
Um murmúrio quase calado?
Um sussurro imaginado?Um gemido ao lado?
Um canto versado?
Um olhar tarado?
Um corpo tocado?
Um silêncio olhado?
Um bilhete trocado?
Um beijo forçado?

Como?

profecia: o fim do mundo será poesia

profecia: o fim do mundo será poesia
só a poesia poderá salvar a humanidade.
Poetas,publiquem seus livros
leiam em pleno pulmões suas poesias
no dia do juízo final quem tiver mais poesias será salvo.

profecia: o fim do mundo será poesia
fale com o seu pastor,
padre,
pai-de-santo,
rabino,...
amém Senhor!
você viverá a eternidade lendo, em voz alta,sérgio vaz, drummond, gog, allen guisberg, nereu velecico, roberto piva,mário quintana, maiakovisk, gullar, murilo mendes, lorca, leminski,...
estamos condenados ao incompreensível amor as palavras

profecia: o fim do mundo será poesia
estamos condenados as imagens poéticas
que mexem com seu coração apaixonado
com seu sonho mais contido.
gostaria de salvar muitas almas para a eternidade...
leiam livros e alcance a verdade

profecia: o fim do mundo será poesia.
prepare se para a eternidade
o fim do mundo será poesia
o fim do mundo está próximo
assim como está próximo do dia em que você beijará a mulher mais linda do mundo.

Lição de anatomia

O capital é o esperma da burguesia.
Os bancos, o ovário.
Os trabalhadores, o grande ânus masturbador.

Talvez você não saiba

Para Zenaide Capato
em memória

Temos uma história
Uma bandeira
Algumas lágrimas
Que funcionam como marcas de uma trajetória, de um tempo.
Algumas janelas de onde respingam os dias e as noites tropicais
Alguma janela que insiste em nos iludir com a luminosidade do sol,
com a esperança socialista.
Onde as crianças tocam as sinfonias daquelas músicas que fizeram parte de nossa trilha sonora.
É, temos que tomar um café.
Talvez você não queira saber: nada começou.
Nossa história se resume no infinito, na eternidade.
Ainda acho pouco e por isto estou chorando.
Não, não diga nada, combinamos melhor no silêncio.

Os coveiros e os anjos

Os corpos se empilham nas máquinas.
Alguns foram tragados pelo amor,
Outros pela morte pura e simples.
E é preciso enterrá-los.
As pás em posição de sentido,
sentido ao presente.
As pás nos dão a segurança necessária.
As pás apenas descrevem o já sentido
As pás cortam os tratados de filosofia.
Nenhum pensamento se tornou amigo dos coveiros.
É por isto que os coveiros ignoram a aproximação
daqueles que promovem a certeza da vida.
Aos coveiros os anjos são amargos.
Mas os anjos mostram a direção.
Os anjos acreditam na vida,
Tanto que disseram que ele o amor existe ali,
Não muito distante, em sua esquina.
Você tem fósforos?

O que posso dizer

Jean Pierre Vernant,
morreu.Cacilda Becker, morreu.
Carlos Drummond de Andrade, em 1987, aos 85 anos, silenciou-se.
Renato Russo, mesmo morto poderia nos mandar uma canção.
Devemos visitar o túmulo de Renato Russo,
talvez haja uma nova canção escrita na lápide.
O que posso dizer da pureza de Bento Prado Junior, de suas armadilhas, as palavras, a filosofia.
Pessoas que não conheci, que não beijei,
que sequer ouvi uma palavra,
mas sinto alegria por existirem nesta confortável manhã de abril.

Conjugação Anarquista

Eu posso
Tu podes
Eles podem
Nós podemos
Vós podéis
Eles podem

Viver sem poder
até outro dia que não é o próximo

lentamente construo a visão petrificada da destruição
niilista supremo, edifico as colunas do céu
guardião do belo, projeto sua imagem entre os alaridos da incompreensão
estático perfeita constituição incólume
tal qual o visionário apocalíptico,
que destituído da razão cartesiana,
aglutinou facas e um tomate em um sonho ilegível,
e por isto causador do pânico e do sangue
lavou mãos e consciência mijando nas bocas entreabertas dos humanos
já cegos
perante o sem sentido castelo ótico
os corpos ardiam e o sorriso brilhava nos campos
perversa realizável
lhe criaram



Os coveiros e os anjos
Os corpos se empilham nas máquinas.
Alguns foram tragados pelo amor,
Outros pela morte pura e simples.
E é preciso enterrá-los.

As pás em posição de sentido, sentido ao presente.
As pás nos dão a segurança necessária.
As pás apenas descrevem o já sentido
As pás cortam os tratados de filosofia.

Nenhum pensamento se tornou amigo dos coveiros.
É por isto que os coveiros ignoram a aproximação
daqueles que promovem a certeza da vida.

Aos coveiros s anjos são amargos.
Mas os anjos mostram a direção.
Os anjos acreditam na vida,
Tanto que disseram que ele o amor existe ali,
Não muito distante, em sua esquina.
Você tem fósforos?

Calasans





o político é um ânus no
qual tudo se sentou exceto o humano

E.E.Cummings



O que posso dizer
Jean Pierre Vernant, morreu.
Cacilda Becker, morreu.
Carlos Drummond de Andrade, em 1982, aos 80 anos, silenciou-se.
Renato Russo, mesmo morto poderia nos mandar uma canção.
Devemos visitar o túmulo de Renato Russo, talvez haja uma nova canção escrita na lápide.
O que posso dizer da pureza de Bento Prado Junior, de suas armadilhas, as palavras, a filosofia.
Pessoas que não conheci, que não beijei, que sequer ouvi uma palavra, mas sinto por existirem nesta confortável manhã de abril.


Talvez você não saiba

Para Zenaide Capato, in memorium

Temos uma história
Uma bandeira
Algumas lágrimas
Que funcionam como marcas de uma trajetória, de um tempo.
Algumas janelas de onde respingam os dias e as noites tropicais
Alguma janela que insiste em nos iludir com a luminosidade do sol, com a esperança socialista.
Onde as crianças tocam as sinfonias daquelas músicas que fizeram parte de nossa trilha sonora
É, temos que tomar um café.
Talvez você não queira saber: nada começou.
Nossa história se resume no infinito, na eternidade.
Ainda acho pouco e por isto estou chorando.
Não, não diga nada, combinamos melhor no silêncio.
















profeciao fim do mundo será poesiasó a poesia poderá salvar a humanidade.
Poeta,monte uma pasta com seus poemas.no dia do juízo final quem tiver mais poesias será salvo.

profeciao fim do mundo será poesia

fale com o seu pastor, padre, pai-de-santo, rabino,... amém senhor!
vc viverá a eternidade lendo, em voz alta,
sérgio vaz, drummond, allen guisberg, nereu velecico, roberto piva,
mário quintana, maiakovisk, gullar, murilo mendes, lorca, leminski,...
estamos condenados as palavras

profeciao fim do mundo será poesia


estamos condenados as imagens poéticas
que mexem com seu coração apaixonado
gostaria de salvar muitas almas para a eternidade
leia livros e alcance a verdade

profeciao fim do mundo será poesia

prepare se para a eternidade
o fim do mundo será poesia
o fim do mundo está próximo
assim como está próximo do dia em que
você beijará a mulher mais linda do mundo


Fui batizado com o nome de Adilson Campos Calasans, no ano de 1962, na cidade de São Paulo. Alguns procuram entender a si mesmo através do estudo da psicanálise, outro, da filosofia, me reservou o estudo da História enquanto metáfora socrática para a busca de meu eu mais obscuro. Iniciei meus estudos de História na extinta Faculdade de Moema, que tinha na figura do Padre Alpheu Lopes uma de suas colunas gregas, no conceito de sustentação intelectual, de ideal da construção do conhecimento enquanto forma da superação da miséria humana. Padre Lopes era um humanista apaixonado e dedicado ao projeto iluminista. Continuei os estudos de História na PUC-SP, onde obtive o título de Mestre em 1994, com um trabalho abordando a obra de Plínio Marcos de Barros, poeta em um tempo de trevas. Publiquei recentemente um pequeno livro, edição do autor, com o título de A República dos Marginais. Sou professor no ensino público nas escolas E.E.PROF. José Vieira de Moraes e EMEF. Ulysses da Silveira Guimarães. Sou casado com a Gladis e tenho uma garotinha sapeca e curiosa de nome Ana Gabriela, que hoje me ensina a rever o mundo com um olhar destituído da lógica cartesiana. Aprecio a poesia, a filosofia, a música, a História. Sou palmeirense, fato que me torna herdeiro das tradições daqueles italianinhos que no final do século XIX vieram para o Brasil com sonhos e utopias.








Borges e a morte.


As moedas, a bengala e o chaveiro,
A dócil fechadura e as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, o baralho, o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a rasgada
Violeta, monumento de uma tarde
Inolvidável sem dúvida e olvidada,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Nos servem como tácidos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para lá do nosso esquecimento;
Nunca saberão que partimos, um momento.











O silêncio diante do esquecimento

É você que habita as minhas lembranças
que esvai em meio as brumas da memória.
É você que compartilha os sonhos turvos que transcendem Eros e tânatos
O tempo e o silêncio suavemente murmuram no coração
Como que a dizer: as rosas morreram e a janela se fechou
Gostaria de poder mudar toadas e músicas
que me perseguem em meio ao trânsito de São Paulo, no inverno.
Você anda comigo, sem saber, não tenha medo de me acompanhar.
Amanhã terei que trabalhar cedo, os alunos estarão na sala de aula, não haverá mais poesia, falarei do passado, sendo o presente uma tempestade de sons e imagens que vivem a atormentar as nuvens celestiais dos deuses do esquecimento.








As pedras

Quero passar o filme final



















A poesia e a História
Não há novidade em rever o tempo e a história através da poesia. Walter Benjamim, importante pensador alemão, realizou algumas incursões ao universo da poesia, revelando aspectos interpretativos da história que nos auxilia a refletir o mundo em que vivemos. Entre algumas de suas obras encontramos um trabalho em que analisa o poema A uma passante, na qual tece comentários de uma lucidez que beira a genialidade. Vejamos algumas considerações de um trabalho tão original.
A originalidade do poema A uma passante, de Charles Baudelaire, publicado no livro As Flores do Mal, escrito em meados do século XIX, é o de retratar uma situação típica do homem da cidade: a multidão, onde tudo é transitório, tudo é furtivo. Alguns autores chegam a afirmar que o maior fenômeno do mundo contemporâneo, são as cidades fruto mais acabado da sociedade industrial. Aqui reside a genialidade do poema que iremos reproduzir. Estar andando no meio da multidão e de súbito cruzar com uma desconhecida, onde os dois se vêem, ficam fascinados um pelo outro, porém estão caminhando em sentidos opostos e acabam pó se perder de vista. É um amor não só à primeira vista , como também a última vista. É neste momento que a sensibilidade do poeta torna-se um meio para se compreender um instante vivido pelos homens na construção de sua história.

A uma passante

A rua ensurdecedora urrava ao meu redor
Alta e esbelta, toda de luto, majestosa na dor,
Uma mulher passou a mão vaidosa
Erguendo, balançando a bainha e o festão;

Ágil e nobre, com pernas de estátua.
Eu crispado como um extravagante, bebia,
No seu olho, lívido céu que gera o furacão,
A doçura que fascina e prazer que mata.

Um clarão...E a noite depois! Fugidia beleza,
De olhar que me fez renascer,
Será que só te verei de novo na eternidade?

Tão longe daqui!Tão tarde!Talvez nunca!
Pois ignoro para onde vais e não sabes para onde vou.
Ó tu que eu teria amado, ó tu que sabias disto.

Podemos afirmar, que é no século XIX, e o poema de Charles Baudelaire demonstra isto, que a experiência das cidades passa a ser vivida pelos homens de forma intensa, onde a multidão provoca a sensação de estar em um ambiente de deslumbramento daquilo que está ao seu redor.Tudo pode acontecer. A multidão não apenas caminha, como também se apaixona.


Adilson Campos Calasans, 47 anos, é professor de História na E.E.Prof.º José Vieira de Moraes e na EMEF Ulysses da Silveira Guimarães.

Como você irá me seduzir?

Um sutil chamado?
Um murmúrio quase calado?
Um sussurro imaginado?
Um gemido ao lado?
Um canto versado?
Um olhar tarado?
Um corpo tocado?
Um silêncio olhado?
Um bilhete trocado?
Um beijo forçado?
Como?









Lição de anatomia

O capital é o esperma da burguesia.
Os bancos, o ovário.

Os trabalhadores, o grande ânus masturbador.


Aviso ao público:
Hoje não haverá poesia.



Descartes

Não existe a verdade.
Não existe a palavra.
Eu não existo, insisto.
Somos o fruto da imaginação
de uma criança que agora dorme.