segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Reconhecimento do entorno do CIEJA Parelheiros

O reconhecimento do entorno do CIEJA Parelheiros, foi uma das ações propostas para se reconhecer e se propor ações de transformaçãoda realidade social e política dos alunos.
Na imagem acima, Prof. Tony e alunos na entrada do Aterro de Inertes de Parelheiros. Aqui se encontra parte da História de São Paulo. As fábricas de Santo Amaro, demolidas, foram 'enterradas' no aterro mencionado. Como diz Caetano: a força da grana que ergue e destrói coisas belas.


A entrada do aterro. A História de São Paulo e a arquitetura das fábricas no lixo.

Aqui jaz uma fábrica.



Um ribeirão que serve de manancial para a represa do Guarapiranga. Jaceguava, nome que se origina do idioma Guarani, que significa Vale da Lua.


Fachada do CIEJA Parelheiros.




Praça do Trabalhador


Uma das avaliações propostas pelo Projeto CIEJA Parelheiros, foi o de propor aos alunos um diagnóstico das condições de uso dos equipamentos da Praça do Trabalhador. A intenção é que a ação resulte na elaboração de uma pauta de reivindicações para o gestor da praça, a Prefeitura de São Paulo.

Os alunos em un instante de registro das condições de uso da Praça do Trabalhador. É a periferia buscando melhores condições de vida na periferia.

O descaso e o abandono. Parelheiros no lodo.




Entrevista com os trabalhadores da Praça.


A vida em estado de espera.
Fotos Prof. Adilson Campos Calasans. Ciências Humanas.



sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Aprovada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa 61 anos, é uma importante referência para a maior parte dos povos do mundo, mas, ainda, não passa de uma bela declaração de intenções – e não um fato concreto na vida das pessoas, inclusive no Brasil. A declaração nasceu sob o impacto da Segunda Guerra Mundial, durante aquela situação de barbárie responsável pela morte de milhões de pessoas, não apenas nos campos de batalha, mas principalmente nos campos de extermínio do nazismo, sob o bombardeio das cidades e dizimados pelas bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki. Além disso, o mundo sabia – em 1948 – que a única forma de construir uma nova situação de paz e bem-estar para o conjunto da humanidade seria o estabelecimento de um pacto mínimo de respeito aos direitos básicos e fundamentais de todos os cidadãos, independentemente de raça, cor, credo e posição política. Esperava-se que a Declaração Universal dos Direitos Humanos pudesse ser aplicada e concretizada na face da Terra. Agora, 61 anos depois, tanto no plano internacional das relações entre países, quanto no plano interno de cada país, é possível verificar que ainda falta muito para avançar na direção dos compromissos definidos na DUDH. O que as tropas dos Estados Unidos fazem na invasão do Iraque e do Afeganistão, e com os sequestros e torturas praticados na base militar de Guantánamo, são inconcebíveis na ótica dos direitos humanos. Da mesma forma, sob a hegemonia do sistema capitalista neoliberal foram derrubados inúmeros benefícios trabalhistas e sociais conquistados ao longo da segunda metade do século 20. Hoje, o Artigo 23 da Declaração não passa de uma promessa vazia, esquecida pelos governantes e inviabilizada pelo poder econômico: “Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições eqüitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego”. O mais contraditório de tudo é que a humanidade aprimorou o seu conhecimento tecnológico e produz hoje alimentos e bens suficientes para proporcionar uma vida digna para todos. No entanto, o que gera a desigualdade, a concentração da riqueza produzida, a abundância de uma minoria e a carência de muitos é a ganância – a visão das elites em manter seus privilégios a qualquer custo, mesmo que à sua volta exista um mar de miséria e de abandono. Por isso mesmo o Artigo 25 de Declaração também é uma promessa: “Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade”. Finalmente vale lembrar que aqui, no Brasil, uma das propostas da DUDH, essencial para a realização da vida de todo ser humano, continua distante de boa parte das pessoas: é a que está contemplada no Artigo 26, que assegura o direito à educação, tanto no ensino elementar quanto no ensino superior. Como falar em respeito aos direitos humanos se ainda existem milhões de analfabetos no Brasil, o tempo de escolaridade é baixíssimo e a falta de ensino superior público e gratuito restringe o futuro da maioria dos jovens? É hora de o Brasil levar a sério o que assinou há 61 anos. Pelo menos isso!

Hamilton Octavio de Souza é jornalista, editor da Caros Amigos e professor da PUC-SP
-- Ousar lutar, ousar vencerCarlos Lamarca
É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizerCarlos Marighella

sábado, 31 de outubro de 2009

Santo Dias, um trabalhador.

Para que nossa memória não se esqueça de um grande companheiro: Santo Dias.
Em 30 de outubro de 2009, se completa 30 anos do assassinato de um grande companheiro de luta.
Um salve para este guerreiro!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sociedade de consumo e sustentabilidade.

Texto de Chris Bueno

Lojas de departamentos de vários andares, shopping centers que oferecem todos os tipos de serviços, boutiques finas que servem champanhe aos clientes, pequenas lojas que vendem toda sorte de produtos por menos de R$ 2,00. Há décadas consumir deixou de ser um simples ato de subsistência para ser identificado com uma forma de lazer, de libertação e até mesmo de cidadania. Homens e mulheres são levados a consumir, mesmo sem necessidade, apenas pelo simples ato de comprar. Para alguns pesquisadores, consumir é indispensável para fazer a economia girar e os países se desenvolverem. Para outros, o consumo desenfreado é uma grave doença moderna, com complicadas conseqüências para a sociedade e para o meio ambiente.O consumo é considerado, por alguns economistas, como a "mola propulsora" da economia mundial. Consumir geraria demanda, que por sua vez geraria maior produção por parte das indústrias, estimulando o surgimento de novos empregos, o aumento de salários e até mesmo o investimento em novas tecnologias para aprimorar a produção. Isso significaria mais trabalhadores, com salários melhores, que também seriam levados a consumir, formando um ciclo que manteria a economia aquecida e contribuiria para o desenvolvimento dos países. Por muito tempo, essa foi uma corrente de pensamento econômico predominante nos países capitalistas. Mas esse modelo neoliberal, que tinha os Estados Unidos como seu principal representante, está sendo cada vez mais questionado.A crise econômica que os Estados Unidos enfrentam atualmente coloca em dúvida esse modelo econômico fortemente baseado no consumo, pois evidencia sua instabilidade. A crise, desencadeada pelo setor imobiliário, levou os bancos norte-americanos a entrarem em colapso – muitos quebraram e outros precisaram pedir ajuda ao governo para seguirem ativos. Nesse cenário, as instituições financeiras tiveram que reduzir drasticamente o crédito ao consumidor, o que acarretou na queda do consumo e de toda a atividade econômica do país. Para conter a crise, o governo norte-americano lançou um pacote centrado no consumo da população. Uma das medidas do pacote determina a devolução de impostos à população como uma forma de injetar dinheiro na economia e esquentar o consumo. Se o baixo consumo representa um problema que agrava a crise nos Estados Unidos, no Brasil ocorre o exato oposto: o aumento do consumo da população está preocupando o governo, que teme a volta da inflação. Para evitar que isso ocorra, o governo brasileiro já está pensando em medidas que desestimulem o consumo e possam conter a alta dos preços. Mas não é só o Brasil e os Estados Unidos que enfrentam problemas econômicos relacionados ao consumo: o desemprego e a alta dos preços são sinais de desgaste do modelo que já despontam em diversos países da Europa, enquanto a desigualdade social conseqüente desse sistema mostra que ele está ficando cada vez mais inviável para os países da América Latina e da África."Estas relações geram impacto visível na economia, mas há um impacto ainda maior e mais grave na sociedade e sobre o meio ambiente", aponta Aloísio Ruscheinsky e Mariana Ocaña Madruga, sociólogos da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) . Segundo os pesquisadores, um dos principais impactos que esse estímulo ao consumo causa é o distanciamento entre ricos, que podem "consumir mais", e pobres, que lutam para poder consumir o mínimo. "Esse fenômeno, por ironia da história tem como decorrência o aumento das desigualdades e do contingente da população na faixa da pobreza"."As relações sociais escravizaram-se pelo dinheiro e pelo poder de consumo", afirma Valquíria Padilha, socióloga da Universidade de São Paulo (USP) e autora do livro Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), membro do grupo de pesquisa Sociedades e Culturas de Consumo e autora do livro Sustentabilidade ambiental, consumo e cidadania. A partir dessas considerações, não é mais possível pensar o consumidor como uma simples vítima manipulada pela propaganda, ou como uma pessoa superficial e alienada. Ao contrário, a tendência atual é que o consumo seja, cada vez mais, associado ao desejo de "fazer alguma coisa" e de participar da vida e dos problemas coletivos. "Ninguém quer apenas sobreviver biologicamente consumindo ‘produtos indispensáveis', mas viver, ou seja, ter prazer, ter uma identidade, escolher, se expressar... E quem definirá o que é ‘consumir para sobreviver', o que é supérfluo, o que é necessário, o que é indispensável?", diz a socióloga."O consumo é indispensável na vida de todos os cidadãos. O que está em discussão é a tipologia, o significado e o montante do consumo. Principalmente no que diz respeito às produções que envolvem matérias-primas há uma crescente preocupação. A finitude dos recursos naturais é evidente, e é agravada pelo modo de produção regente, que destrói e polui o meio ambiente.", diz Ruscheinsky. "O consumo é indispensável e cumpre diversas funções sociais, mas, nos níveis e padrões atuais, e em expansão, precisa ser modificado em direção a formas mais sustentáveis, tanto do ponto de vista social quanto ambiental", concorda Portilho.REPENSANDO O MODELOO modelo da sociedade de consumo está tão enraizado na sociedade contemporânea que alguns pesquisadores já chegaram a afirmar que ele é irreversível. Porém, Padilha discorda: "Nada é irreversível quando se pensa em sociedade". Para a pesquisadora, a atual crise nos Estados Unidos é um sinal de que esse modelo deve começar a ser repensado. "O produtivismo e o consumismo desenfreados são insustentáveis por mais tempo. O primeiro e mais importante limite dessa cultura do consumo, que estamos testemunhando hoje, são os próprios limites ambientais. O planeta não suportaria se cada habitante tivesse um automóvel, por exemplo. Psicológica e sociologicamente também não será suportável por muito mais tempo essa lógica de produção e consumo destrutivos a que estamos sujeitos hoje", afirma."O espaço para discussão sobre o modo de produção e hábitos de consumo tem crescido muito atualmente, mesmo que ainda não tenha atingido a abrangência desejada e os resultados necessários para processos sustentáveis e processos reversíveis de uso dos recursos naturais", declara Ruscheinsky. Porém, apesar de estar sendo colocada em cheque, ainda é preciso muita discussão e reflexão para se mudar a sociedade de consumo. Esse modelo possui uma estrutura complexa e precisaria da ação de vários atores para se alcançar uma mudança significativa. De acordo com os pesquisadores, é preciso trabalhar em vários níveis – do consumidor, da empresa e do Estado – para que haja uma alteração no sistema. Os consumidores precisam ser informados e conscientizados, buscando promover uma "mudança de hábito" que controle os efeitos do consumo desenfreado. As empresas, igualmente, devem procurar agir rumo a uma produção sustentável. E o Estado, através da promoção de políticas públicas, deve exercer diversas funções regulatórias, inclusive com as chamadas políticas de consumo sustentável (eliminação de subsídios, compras sustentáveis, políticas de estímulo ao transporte coletivo etc.).Apesar de ainda não existir um modelo alternativo forte que possa substituir a sociedade de consumo, existem caminhos diversos que podem ajudar a torná-la mais sustentável. Portilho afirma: "A ‘alternativa' parece ser uma tendência à consideração do papel dos diversos atores (Estado, empresas, consumidores individuais, mídia, ONGs) que interagem no mercado e da redução das desigualdades de poder entre eles, em especial o consumidor, que nada mais é do que o cidadão nas relações com o mercado em expansão. Assim, embora não seja possível atribuir toda a responsabilidade pela resolução dos problemas ambientais a um só lado da equação (o consumidor), a atividade de consumo pode oferecer importantes possibilidades de ação política e exercício da cidadania".

FONTEComCiência

sábado, 12 de setembro de 2009

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Ana Gabriela e belinha.

A Ana e a Belinha.
Este rato branco encima da estante que você vê é a minha melhor amiga.É a minha boneca e a minha campeã a melhor e a pior cachorrinha do mundo.Quando dorme em meus braços me sinto como se seu sono fosse eterno.
Mas mesmo sem esperança ela está lá pra me lamber e para me arranhar.
Bem essa é a belinha minha pequena.
Mas e eu ?Numa unica palavra explico que sou eu.
Eu sou a Ana

A molecada é do barulho.

Apenas para dizer um SALVE para a rapaziada do Vieira que arrebenta na poesia e no pensamento. É de provocar orgulho os versos do poeta Elvio, que agora apresentam uma vocação mais perifa, mais próxima da realidade.
Parabéns!
Um salve para todos os guerreiros e guerreiras que sabem que a luta só acaba após o último tiro.

domingo, 26 de abril de 2009

Rodoanel, Trecho Sul.

É de causar estranhamento o silêncio da burguesia esclarecida acerca dos crimes ambientais cometidos pelas obras do Trecho Sul do Rodoanel. Apontado como solução para os infindáveis congestionamentos na cidade de São Paulo, o Rodoanel nasceu matando. O fato é que o cinturão verde que cerca a cidade está sendo destruído com a permissão daqueles que se dizem preocupados com a preservação ambiental. O Rodoanel seria melhor se mudasse sua denominação para Rouboanel. Estão tirando importantes resquicios de Mata Atlântica, matando animais que fazem parte da lista de ameaçados de extinção e realizando a maior obra de concentração de renda da História da Região Metropolitana de São Paulo. Regiões que concentram expressiva parte da renda ficarão mais valorizadas e em compensação a população de baixa renda que vivem próxima ao Trecho Sul ficarão com o lixo urbano que é a poluição produzida por uma frota de veículos que não para de crescer.
O silêncio da burguesia paulistana é de causar inveja ao demônio.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Symphonia

Não está escrito errado não, é Symphonia com Y e PH mesmo, isso porque a grafia é de 1929, pois na verdade esse título “São Paulo, A Symphonia da Metrópole” também é o titulo do belíssimo documentário produzido pelos húngaros Adalberto Kemeny e Rudolph Rex Lustig, dois imigrantes que se instalaram em São Paulo em meados da década de vinte e se apaixonaram pela “Terra da Garoa”.O documentário é de uma riqueza gigantesca para a história da maior cidade do Brasil e “quiçá” do mundo. Ele não é apenas a mais marcante produção não-ficcional dedicada à capital, mas também o mais importante documentário urbano da era do cinema-mudo no Brasil.A “sinfonia da metrópole” retrata a São Paulo dos anos vinte, com suas “1.059.000 almas”, como uma “oficina de progresso”. Na época São Paulo estava em plena expansão e já era tida como uma das maiores cidades do mundo.A São Paulo dos anos vinte se comparada com a São Paulo do século XXI é algo totalmente paradoxal, porém em essência era a mesma coisa dos dias atuais. Digo isso por vários motivos, começarei pelos paradoxos.Naquela época existiam competições de natação e remo nos rios Pinheiros e Tietê (algo totalmente inconcebível nos dias atuais), não existia metrô, comércio ambulante, e o que mais me impressionou no documentário: a “finada” casa de detenção do Carandiru era tida como a melhor penitenciaria do mundo. Isso mesmo, vocês não leram errado, o Carandiru era a melhor penitenciaria do mundo. Lá reinavam a disciplina, trabalho, respeito e principalmente a recuperação do interno. Algo inimaginável para quem conviveu perto do Carandiru nos últimos anos de sua existência.Mas mesmo com todas essas (e outras) disparidades em relação a São Paulo dos dias atuais, a essência da metrópole já era a mesma, tanto que naquela época já existiam arranha-céus, largas avenidas, diversos automóveis, bondes elétricos, diversas indústrias e (pasmem) até trânsito! Álias, a essência é tanta, mas tanta, que tentar ir para a praça da sé por meio de transporte coletivo, já naquela época significava enfrentar um transporte lotado, assim como a última foto dessa postagem (um bonde com destino praça da sé) prova.O documentário também mostra diversas outras peculiaridades da “Paulicéia Desvairada” e que pode impressionar o espectador de maneiras diferentes.Depois da etiqueta dos internos do Carandiru, o que mais me impressionou no documentário foi ver como São Paulo já era evoluída naquela época.São Paulo, A Symphonia da Metrópole é um documentário imperdível, não só para os paulistanos, mas para todos. Uma relíquia!Foi esse o documentário que eu assisti no festival de inverno de Paranapiacaba desse ano e que eu acabei achando o evento mais interessante do festival. Na ocasião, outra coisa que enriqueceu muito o documentário foi a sonorização do filme que foi feita ao vivo por dois excepcionais músicos multi-instrumentistas e que ficou nota dez.

Brasil: As Raízes do Mundo do Trabalho

Brasil: As Raízes do Mundo do Trabalho
A difícil luta pela autonomia operária: notas para discussão. Curso Ecumênico de Pastoral Popular, Passo Fundo (RS), 1 a 4 de maio de 2003. Por Mário Maestri
1. Europa: As Raízes do Mundo do Trabalho
1.1. Europa: a pré-história do moderno mundo do trabalho
As origens históricas do moderno mundo do trabalho no Brasil são profundamente singulares em relação ao continente europeu, que conheceu, por primeiro na história da humanidade, a produção e a organização social capitalista e as primeiras expressões e materializações das tendências autonômicas do mundo do trabalho.
Na Europa, o moderno mundo do trabalho originou-se no bojo da produção e da ordem feudal e das lutas pela liberdade comunal. Ele assentou suas raízes nos ofícios urbanos, formados por homens livres e embalados pelas contradições entre aprendizes, oficiais e mestres.
Esse universo sócio-produtivo pré-capitalista, onde o domínio das práticas artesanais era objetivo de vida e meio de progressão social, propiciou o desenvolvimento de uma ética e uma moral mesteirais que valorizaram o trabalho produtivo e desvalorizavam o lazer improdutivo dos segmentos de baixo – mendigos, pedintes, andarilhos, etc. – e de cima – frades, nobres, etc.
A gênese e o desenvolvimento do capitalismo europeu ensejaram a radicalização das oposições internas aos ofícios. Os mestres tenderam a apartar-se da produção, transformando-se em detentores do capital. Os oficiais e os aprendizes perderam o domínio relativo dos meios de produção, transformando-se em vendedores de sua força de trabalho.
No mundo europeu, o desenvolvimento industrial acelerou-se e consolidou-se, retardou e frustou-se na consecução ou na frustração da revolução burguesa – Holanda, Inglaterra, França, Portugal, etc. Esse processo ensejou a formação de fortes éticas e morais burguesa e plebéia, antepostas às visões aristocráticas de mundo. Ele consolidou os princípios civis cidadãos, ainda que em formas restritas.
1.2. Europa: a pré-história rural do moderno mundo do trabalho
Nos séculos 19 e 20, a formação do moderno mundo do trabalho europeu consolidou-se com a crescente incorporação de produtores rurais expulsos para a cidade desde o campo onde mais comumente viviam de uma economia camponesa familiar independente ou subordinada.
Em geral, havia séculos que esses produtores rurais tinham conquistado a liberdade pessoal plena, gravando portanto os encargos feudais a terra, e não mais os homens. Eles conheciam sólidos laços familiares e societários, engendrados no contexto dos profundos vínculos com uma terra que assimilava o trabalho pretérito.
Os vínculos familiar-societários camponeses articulavam-se habitualmente em torno da comuna rural – aldeia. A estabilidade da relação com a terra; a independência produtiva absoluta ou relativa; as relações familiares e societárias; as práticas e interesses comunais, etc. ensejaram visões camponesas de mundo tendencialmente autônomas e anti-aristocráticas.
1.3. Europa: a libertação pelo trabalho
O processo da luta do mundo do trabalho europeu, sobretudo urbano, pela construção de instâncias sociais, políticas e ideológicas autonômicas realizou-se no bojo da sua transição de classe em si em classe para si, que materializava a tomada de consciência das necessidades comuns nascidas de mesma inserção no processo produtivo objetivo.
O processo subjetivo e objetivo de tomada tendencial de consciência por parte da classe operária apoiou-se nos laços societários e de identidade que os trabalhadores de origem urbana e rural mantinham e haviam mantido nos períodos históricos anteriores e nas conquistas civis e cidadãs mínimas obtidas no contexto das revoluções burguesas.
Comumente, para os mesteirais e produtores rurais, a proletarização constituiu expropriação material e espiritual em relação a realidade passadas. As romantizações literárias do mundo feudal e o movimento luditista foram expressões e reflexos culturais e sociais da perversa regressão social relativa determinada pela revolução industrial.
O processo de construção da autonomia do mundo do trabalho europeu constituiu reconstrução de experiências sociais rurais e urbanas, sobre bases materiais e espirituais superiores, materializadas pelo trabalho socializado na fábrica moderna e sugerida pela possibilidade objetiva de superação histórica das experiências passadas e presentes através da construção de sociedade socialista e comunista.
2. Brasil: As Raízes do mundo do trabalho
2.1. Brasil: A pré-história urbana do moderno mundo do trabalho
Em relação à Europa, são radicalmente singulares e superficiais as raízes do moderno mundo do trabalho brasileiro, gerado no contexto da civilização colonial e imperial luso-brasileira. O desconhecimento dessa diversidade de qualidade tem motivado profundas incompreensões, com importantes conseqüências na prática teórica e social.
Até a Revolução Abolicionista, em 1888, o modo de produção escravista colonial dominou as formas subordinadas de produção, pejando profundamente o universo social, econômico, ideológico, etc. do Brasil. Além mesmo da vigência da formação social escravista, o não-trabalho – e não o trabalho – foi expressão de elevação e superação social.
Na escravidão, a ascensão do sopé ao cume da pirâmide social dava-se através da metamorfose do trabalhador escravizado em escravizador. Mesmo que esse movimento ascendente fosse numerica e economicamente desprezível, teve importância sócio-ideológica na consolidação da sociedade escravista, ao manter via aberta aos explorados mais afortunados e empreendedores.
Escravidão urbana
No Brasil colonial e imperial, o trabalho livre foi uma singularidade. Como fora habitual na Antigüidade e em Portugal, os escravizadores ensinavam ao cativo um ofício para que fosse explorado diretamente, alugado ou mandado vender sua habilidade pelas ruas e praças das aglomerações.
Não houve transposição da organização mesteiral portuguesa para o Brasil. Ao contrário, houve transferência e radicalização da prática lusitana de utilizar a mão-de-obra escravizada nos diversos misteres artesanais. Portanto, esse último hábito social, subordinado em Portugal, assumiu caráter dominante no Brasil.
Até fins do Império, nos centros urbanos, os mestres compravam trabalhadores escravizados, ensinavam-lhes os ofícios, viviam do esforço servil, apartando-se crescentemente do trabalho produtivo. O número de cativos e o grau de estranhamento ao trabalho determinavam a maior ou menor dignidade social dos mestres.
O trabalhador escravizado era comumente alugado a privado ou ao Estado pelo escravizador que recebia o valor total do arrendamento do cativo de aluguel. Esse trabalhador era alimentado por seu senhor e, menos comumente, pelo arrendatário, desinteressado na manutenção da sua força vital.
Romantismo arbitrário
O cativo ganhador locomovia-se livremente pelas ruas das aglomerações oferecendo produtos e serviços, sob a condição de pagar um ganho fixo – diário, semanal, mensal – ao escravizador. Ele investia o obtido além do ganho em alimentação, vestuário, pagamento de um alojamento, formação de um pecúlio, etc.
A historiografia revisionista romantizou e extrapolou as possibilidades ensejadas por essa forma de trabalho servil, propondo-lhe um significado autonômico e possibilidade de superação do status escravista que jamais possuiu. Chegou-se a afirmar que constituiria uma brecha urbana na ordem escravista.
Relativamente poucos ganhadores obtiveram a alforria através da compra da liberdade. Em geral, quando isso ocorria, dava-se devido a uma singular habilidade produtiva e parcimônia, após décadas de trabalho e poupança. A compra da alforria ensejava descapitalização do ganhador, quando declinava sua capacidade produtiva. Ela permitia que o escravizador trocasse um produtor usado por um novo.
A imensa maioria dos cativos ganhadores, de aluguel ou explorados diretamente pelos escravizadores viveu e morreu sob as duras condições escravistas da vida, em contexto que o trabalho era objetivação da exploração e não de sua superação relativa.
2.1. Brasil: A pré-história rural do moderno mundo do trabalho
No Brasil escravista, praticamente de 1532 a 1888, o mundo rural dominou em forma substantiva o mundo urbano, social e economicamente subordinado. Mesmo no século 18, durante o ciclo mineiro, a fazenda monocultura escravista subordinou fortemente o universo sócio-produtivo escravista colonial.
No quinhentos, o litoral brasílico era habitado sobretudo por comunidades aledães tupi-guaranis organizadas em torno de uma horticultura itinerante de plantação-enxertia que ensejava forte autonomia entre as aldeias e frágeis raízes dos horticultoeres com as aldeias – inexistência de celeiros; frágeis raízes com território utilizado extensivamente, etc.
A escravização açucareira dizimou a sociedade nativa e gerou comunidades de produtores destribalizados que, em contato com a sociedade oficial, retomaram, em geral e isoladamente, práticas produtivas tradicionais. As formas caboclas de produção ensejadas por esse processo geravam frágeis laços societários e com uma terra que não constituía locus coagulador do trabalho pretérito.
Africanos escravizados
A partir dos anos 1570, a substituição da dominância da escravidão americana pela africana introduziu forçosamente no Brasil de três a cinco milhões de africanos arrancados do continente negro. Na África, esses trabalhadores escravizados haviam sido pastores, artífices e sobretudo camponeses aldeões livres. O tráfico constituiu a maior transferência forçada de trabalhadores da história da humanidade.
A economia monocultura exportadora exigia que os produtores escravizados conhecessem formas intensas de trabalho compulsório, organizado em equipe, a fim de facilitar a feitorização do trabalho. A organização escravista ensejava frágeis laços societários, familiares e com a terra trabalhada por parte dos produtores feitorizados.
No Brasil, a produção servil dominical autônoma de meios de subsistência em parcelas cedidas pelos escravizadores foi fenômeno singular que tendia a dissolver-se quando da expansão da produção escravista mercantil. O caráter singular e a subordinação mercantil determinaram a inexistência do "protocampesinato" proposto pelos defensores da brecha camponesa. Fenômeno que se expressou na luta dos cativos pela liberdade e não pela terra.
2.3. Brasil: a libertação do trabalho
O principal objetivo das massas escravizadas urbanas e rurais foi a libertação do trabalho feitorizado, vetor e símbolo da submissão escravista. A resistência ao trabalho alienado e a fuga foram importantes formas de luta servis. Uma significativa parcela da população escravizada viveu permanentemente em fuga, nas cidades e nos campos.
A negação consciente e inconsciente do trabalho alienado foi uma das principais formas de resistência do trabalhador escravizado. Sem referências alternativas, as visões de mundo dessas comunidades foram penetradas pela ideologia dominante. A improdutividade aristocratizante foi paradigma de toda a sociedade escravista.
A escravização do produtor direto nas cidades e no campo pressupunha sua feitorização, minoração cultural e anulação civil. Os cativos lutaram para construir visões de mundo e laços familiares e societários que caracterizaram-se pela fragilidade e precariedade, já que enquadrados por relações sociais despóticas e pelo baixo desenvolvimento das forças produtivas, num contexto de escassa autonomia produtiva e societária.
No universo urbano e rural, o trabalho escravizado foi sempre visto como vetor de alienação e não de emancipação. Poucos anos após o fim da escravidão, o intelectual negro Manuel Querino procurou pioneiramente resgatar o caráter progressivo e criativo do esforço do trabalhador escravizado na construção da sociedade brasileira.
3. Formação do Moderno Operariado Urbano
O processo de industrialização do Brasil iniciou-se em fins do século 19, em forma profundamente regionalizada, sobretudo através da exploração da força de trabalho européia imigrada especializada e semi-especializada e de trabalhadores urbanos de origem nacional não-especializados. A produção fabril nacional iniciou-se quando ainda dominavam as relações escravistas de produção, com trabalhadores escravizados e livres. Não raro, estes últimos haviam sido ou descendiam de trabalhadores escravizados.
Sobretudo após a fundação das primeiras organizações operárias, os trabalhadores imigrados transpuseram práticas, expectativas e comportamentos do mundo do trabalho europeu para as regiões em processo de industrialização, socializando relativamente suas experiências com os trabalhadores nacionais, apesar das diversidades nacionais, de língua, etc. Esse processo teve como base e foi impulsionado pela mesma inserção sócio-produtiva.
A aceleração do processo de industrialização ocorrida durante a Grande Guerra e após a crise mundial de 1929 – "industrialização por substituição de importações" – ensejou a incorporação à produção industrial, primeiro dos trabalhadores nacionais urbanos desempregados, a seguir de produtores chegados do meio rural.
Os trabalhadoras urbanos e rurais nacionais incorporados à produção tinham vivido inseridos em forma mais ou menos diretas no universo escravista. Eram ex-cativos, libertos, ventre-livres, caboclos, etc. Quanto muito, haviam conhecido imperfeitamente a propriedade e o domínio da terra, no contexto da rústica sociedade latifundiária nacional, onde a aldeia camponesa quase inexistia.
Excepção colonial
A distribuição ou a venda financiada de pequenas glebas agrícolas a alemães, italianos, poloneses, etc. imigrados ensejou produção economia camponesa indipendente que, por décadas, manteve essas comunidades à margem do mercado de trabalho livre urbano, já que detinham os fatores de produção necessários à produção de meios de subsistência.
Em forma desigual, os segmentos sociais urbanos e rurais proletarizados originavam-se em universos societários duramente subalternizados e conheciam realidades culturais, familiares, societárias, etc. muito frágeis. Eram objeto da discriminação racial e lingüística, no contexto de sociedade que, realizando transição autoritária para a ordem burguesa, mantinha as comunidades populares à margem dos direitos cidadãos mínimos.
Submetidos historicamente à situação de sub-consumo, com escassa experiência no mercado livre de trabalho, a proletarização significava para os segmentos sociais urbanos e rurais nacionais incorporados à ordem industrial, mesmo em forma precária e despótica, progressão social e econômica absoluta e relativa.
A proletarização industrial raramente constituía decadência em relação a um passado de sub-consumo e de relações de trabalho despóticas que, por outro lado, punha à disposição das novas classes proletárias uma muito limitada herança de lutas e mobilizações comunitárias e societárias.
Passado ingrato
Até certo ponto, no Brasil, para multidões de trabalhadores, em relação ao passado, a proletarização constituiu uma espécie de ponto de partida zero. Ou seja, o início de experiências de socialização por parte de comunidades tendencialmente atomizadas no passado pela ordem escravista e pela sociedade oligáquico-latifundiária.
Nesse sentido, ao contrário da Europa, a fábrica não foi o locus de restauração e superação de cultura e valores societários pretéritos, mas o espaço de sua formação. Ao menos no que se refere às populações de origem nacional, não efetuou a ressocialização industrial de comunidade urbana e rural de produtores portadoras de sólidos valores e experiências societárias.
Nesse contexto, a fábrica produziu e produz a organização de consciência societária sempre questionada, diluída e fragilizada pelo imenso exército de reserva de origem urbano e rural. Exército que tem as determinações anômicas impostas no passado pelo escravismo e latifúndio oligárqucio aprofundadas, no presente, pelas impulsões políticas, social e ideológica dissociativas do moderno modo de produção capitalista.
4. Construi o Autonomia do Mundo do Trabalho
No Brasil, a construção do futuro parece exigir depuração do mundo do trabalho das impregnações políticas, ideológica, social, etc. estranhas a ele. Processo viabilizado com o fortalecimento, difusão e universalização dos seus valores – plebeísmo; racionalismo; associativismo; coletivismo, etc. – no seio das classes trabalhadoras através da organização autonômica e contraditória dos trabalhadores ao capital – partidos políticos; associações sindicais, profissionais, comunitárias, escolares; mídia; sociedades culturais, esportivas, etc.
Constitui momento fundamental desse processo a extensão dos valores, das práticas e das formas de organização do mundo do trabalho às comunidades da cidade e dos campos marginalizadas pela produção capitalista, na luta pela destruição, anulação e mitigação das supervivências econômicas, políticas, ideológicas, etc. pré-modernas e pré-capitalistas – desvalorização do trabalho; latifúndio; elitismo; racismo; irracionalismo; individualismo, etc.
Processo que exige, na luta pela consecução de seus objetivos estratégicos, a incessante mobilização das classes trabalhadoras e populares pela obtenção dos direitos básicos elementares ao salário, à educação, ao lazer, etc., num aqui e agora da vida social quotidiana que rompa radicalmente com o tradicional e permanente reconhecimento retórico desses direitos e a postergação de sua concessão para um futuro que jamais se materializa.
sobre o autor
Mário Maestri, 55, doutor pela UCL, Bélgica, professor do Curso de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UPF. [maestri@via-rs.net]

quinta-feira, 12 de março de 2009

EJA na pauta.

EJA: processo preparatório para a Confintea VI é destaque

Por Ação Educativa



No cenário da EJA, o grande destaque político do ano foi o processo preparatório para a sexta edição da CONFINTEA – Conferência Internacional de Educação de Adultos, promovida pela Unesco e que será realizada em 2009. “Como membro do ICAE – Conselho Internacional de Educação de Adultos, a Ação Educativa participou ativamente da articulação da sociedade civil mundial, para que essa tenha voz ativa nas propostas a serem apresentadas no encontro”, explica Vera Masagão Ribeiro, coordenadora de programas da Ação Educativa. No encontro regional que ocorreu no México, Sergio Haddad, coordenador geral da organização, ajudou a articular uma reunião paralela à Conferência, com o objetivo de ampliar a incidência da sociedade civil no processo, ampliando também o espaço e o eco das discussões promovidas no encontro oficial. No processo nacional, assessores da Ação Educativa colaboraram na elaboração do documento base da conferência, em especial na parte relativa ao diagnóstico, tendo participado também do Encontro Nacional preparatório. Na linha de produção pedagógica, a equipe da Ação Educativa deu continuidade ao trabalho de elaboração de livros didáticos, em parceria com a Editora Global. Como destaque do período, está a inclusão do livro de alfabetização da Coleção Viver, Aprender no guia de livros aprovados pelo MEC para serem distribuídos ao programa Brasil Alfabetizado. A equipe também deu seqüência à atualização das coleções para o Ensino Fundamental e finalizamos uma obra inédita para o Ensino Médio. Na área de formação de professores, a Ação Educativa realizou oficinas em parceria com a Fundação Municipal para Educação Comunitária de Campinas – FUMEC. Foram realizadas oficinas de formação em EJA para o primeiro ciclo do Ensino Fundamental, de 1ª a 4ª série. Cerca de 24 educadores e diretores participaram dos encontros. Milena do Carmo, assessora da Ação Educativa, conta que durante a formação, foi apresentada uma proposta curricular de EJA produzida pela Ação Educativa, por encomenda do MEC, aos diretores envolvidos nas oficinas. A proposta foi discutida e apresentada à Secretaria de Educação da Prefeitura de Campinas como um esboço de reforma curricular. Vera Masagão lembra que a Ação Educativa realizou também no ano de 2008 dois grandes projetos de avaliação, que se encontram em processo de finalização: um abrangendo toda a rede de educação do SESI, onde grande parte das matrículas são na modalidade EJA e também do programa SESC Ler, que mantém centros de educação de jovens e adultos em cidades interioranas das regiões Norte e Nordeste.

Para mais referências sobre o diagnóstico de 10 anos da EJA no Brasil e aos projetos de avaliação, visita a página de pesquisas da Ação Educativa

CINEMA NA LAJE - MOSTRA DE CINEMA AFRICANO

COOPERIFA .

APRESENTA:
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CINEMA NA LAJE - MOSTRA DE CINEMA AFRICANO

Por Sérgio Vaz.


A partir de março, a periferia de São Paulo vai ganhar da Cooperifa uma sala de cinema ao ar livre, e na primeira e terceira segunda-feira do mês, a laje do Zé batidão, onde acontece há sete anos, o tradicional sarau da Cooperifa, vai virar o cinema Paradiso da Zona Sul paulistana.
O Cinema na laje vai ser um espaço alternativo para exibição de filmes e documentários de todas as partes do Brasil e do mundo. E criado principalmente para dar vazão ao cinema produzido por jovens da região.
E para a segunda exibição do Cinema na laje , que acontece dia 16 de março, a Cooperifa traz uma mostra de filmes produzidos na África, entre curtas e documentários, a comunidade vai poder conhecer um pouco do cinema de Angola, Moçambique, Ruanda, África do Sul, entre outros. Imperdível..
Dia 16 de março (segunda-feira) 2ohs.
Bar do Zé Batidão
rua Bartolomeu dos Santos, 797 Chácara Santana
Periferia-SPEntrada francaInfs. 72074748.

CINEMA NA LAJE - MOSTRA DE CINEMA AFRICANO

Programação:.Eu te amo (I love you), de Rogerio ManjateMoçambique, 2007, vídeo digital, cor, 3’ mSeane Josefa, Marília Nuvunga
Curta-metragem sem diálogos sobre jovem ingênuo se apaixona por sua vizinha, uma linda prostituta. Procura advertí-la dos perigos do HIV mas não sabe de que maneira..

Tráfico de carvão (Charcoal traffic), de Nathan ColletSomália/Quênia, 2008, cor, 7’ mDois irmãos envolvidos em um ciclo violento de destruição ambiental e cultural na Somália.>

Subira, de Ravneet ChadhQuênia, 2008, cor, 12’ mAnimação sobre uma menina de 11 anos que luta contra a própria mãe, pois não está de acordo com as normas da sociedade..

Confissão (Confession), de Daddy RuhorahozaRuanda, 2007, vídeo digital, cor, 8 mAyuub Kasasa Mago, Alice Kayibanda, Daddy Ruhorahoza, Natacha Muziramakenga
Psicológicamente atormentado por algo muito grave que fez no passado, um homem vai ao confessionário. Após confessar-se a um padre, e sem sentir-se aliviado, adota uma forma original de pedir perdão..

E aí está o pó (And there is the dust), de Lara Foot Newton e Gerhard MarxÁfrica do Sul, 2005, vídeo digital, cor, 8’ mBaseado em fatos reais ocorridos na África do Sul em 2001, esta animação conta a história de um bebê de 9 meses que foi violentado e assassinado. Metade animação, metade realidade o filme é um poema visual maravilhosamente narrado por Mncedisi Shabangu..

Quando o mar bate na rocha, de Sol de CarvalhoMoçambique, 2000, 12’mAs plataformas rochosas da costa moçambicana têm o hábito de respeitar a colheita do mexilhão que tanto delicia os turistas. Porém, a pobreza impede que este costume se mantenha, já que a pesca de mexilhões compromete a vida de jovens pescadores.

Contos tradicionais, de Sol de CarvalhoMoçambique, 2002, 12’mDuas histórias recolhidas pelo antropólogo Henry Junod – estudioso que descobriu os usos e costumes da população bantu da África Subsaariana. Os contos explicam como as comunidades têm sistemas tradicionais que habituam as crianças a respeitar a natureza..

Angola: saudades de quem te ama, de Richard PakleppaAngola, 2005, cor, 66’ mDe crianças de rua à modelos de passarela, o espectador mergulha num caleidoscópio de personagens e cores que giram em torno das grandes contradições entre pobreza e luxo em um dos maiores produtores

sexta-feira, 6 de março de 2009

O resumo da Ópera.

Muchachos e muchachas,
caminhamos com a certeza da vitória, é o que vale. Publiquei abaixo um documento da maior importância: a luta dos trabalhadores por emprego. A pauta é a irresponsablidade social dos políticos e seus progenitores, os capitalistas. O dinheiro a qualquer preço gerou uma crise que poderá colocar em xeque a sobrevivência de muitos trabalhadores no Brasil e o no mundo. Temos que pensar estratégias que nos permitam compreender a atual fase do capitalismo e buscar alternativas organizadas para combater o que nos aguarda além da curva do rio.
Abraços,
Adilson Campos Calasans.

quinta-feira, 5 de março de 2009

As Origens do Homem Moderno - contributo anti-racista

As Origens do Homem Moderno - contributo anti-racista

Por Jorge Moreira.

Introdução
Desde tempos imemoriais que o Homem tenta explicar a sua origem. Inicialmente e pela falta de conhecimento científico invocou aspectos míticos e religiosos para descrever a sua génese através do criacionismo. Mas foi Lamarck, que no século XIX, colocou o Homem na corrente evolutiva e posteriormente, Darwin formulou a teoria da origem africana. Avanços científicos e tecnológicos recentes, nas áreas da Biologia Evolutiva e Molecular e na área da Arqueologia, sugerem que a filogenia1 do homem moderno, Homo sapiens, surgiu na savana africana.

Modelos Sobre a Origem do Homem Moderno

Existam dois modelos que explicam a evolução do Homo sapiens a partir do Homo erectus: o modelo multirregional, centrado numa evolução simultânea em diversas zonas do globo, pela acção da selecção natural,2 a partir de uma sucessiva vaga de antepassados que saíram da África há mais de 1,5 milhões de anos; e o modelo Out of Africa que explica a origem comum da humanidade actual, através da microevolução3 de uma pequena e única população4 que existiu na savana africana cerca de 200 000 mil anos atrás e que posteriormente se teria espalhado e diversificado para outros continentes, suplantando as populações estabelecidas de Homo arcaicas. Este modelo Out of Africa é o mais consensual entre a comunidade científica devido a argumentos essencialmente genéticos.

Argumentos Favoráveis ao Modelo Out of Africa

A Arca de Noé, a Eva Negra, a hipótese da substituição, o modelo de origem única e a evolução africana recente, são designações que alguns autores utilizam para definir o modelo da evolução do Homem anatomicamente moderno Out of Africa. Este modelo traduz um evento de especiação,5 uma vez, que novas espécies, costumam surgir de pequenas e isoladas populações, capazes de manter e acentuar a diversidade genética.As principiais evidências deste modelo são as seguintes:O ADN mitocondrial6 é um modo de transmissão inteiramente maternal, logo, não recombina e não sofre mutações7 (ou as que sofre são facilmente detectadas). Para além disso, existe milhares de cópias de um determinado gene8 mitocondrial por célula, tornando o ADN mitocondrial um relógio molecular, um instrumento muito útil em determinadas situações, onde o tecido da amostra está muito velho, é muito pequeno ou foi degradado pelo calor e/ou humidade, tal como acontece com os fósseis. A análise da variação da composição molecular do ADN mitocondrial e suas mutações neutras sofridas em indivíduos africanos, asiáticos, europeus e ameríndeos, nomeadamente na região da D-loop9 determinam uma suposta origem de toda a linhagem humana moderna.O cromossoma Y, pela sua herança paterna, também não recombina, excepto nas zonas I e II e por esse facto, é o segundo sistema genético mais utilizado no estudo da população humana. A análise da parte não recombinante do cromossoma Y nas populações actuais, também demonstra uma origem recente comum africana entre 100 000 a 200 000 anos.Estudos que recolheram mais de um milhar de amostras de ADN cromossómico provenientes de 42 regiões geograficamente distintas, analisaram o locus10 CD411 do cromossoma 1212 donde concluíram que todas as populações, excepto as sub-Saharianas, apresentavam delecção13 do Alu14 e um único tipo de STRP15Outro estudo actual de ADN nuclear realizado a populações geograficamente separadas permitiu chegar à conclusão de que existe maior diversidade genética no continente africano do que nos outros, para muitos loci16 nucleares, podendo assim, indiciar uma origem comum da humanidade moderna neste continente.A hipótese Out of Africa e a explosão demográfica verificada nos últimos séculos explica a especificidade geográfica dos alelos17. São provavelmente mutações recentes que não tiveram tempo suficiente para se difundir pela população mundial.A baixa diversidade genética humana é também o resultado de uma espécie jovem proveniente de uma pequena população original.Os fósseis mais antigos conhecidos de Homo sapiens foram três crânios encontrados na Etiópia, em 1997, com cerca de 160 000 anos. O mais completo dos crânios mostra uma combinação de características humanas arcaicas, com modernos primitivos e actuais, fornecendo ainda, uma ligação entre os fósseis mais antigos de Homo sapiens de África e outros mais modernos na Palestina com cerca de 115 000 anos.

A Expansão do Homo sapiens

Foram identificadas cinco grandes grupos populacionais: negróide (africanos), caucasianos (europeus), mongolóides (asiáticos), ameríndios (americanos nativos) e australóides (australianos e papuanos). Dados genéticos e paleontológicos sugerem que estes grupos são o resultado de uma história complexa de migrações humanas e suas recombinações com as populações arcaicas, em conjugação com factores de deriva genética e selecção natural, que entraram em acção, desde que o Homo sapiens aumentou a sua população e se expandiu a partir de África. Inicialmente um grupo de humanos movimentou-se para o Noroeste Asiático através do Médio Oriente e instalou-se no Sudeste Asiático. Outro grupo dirigiu-se para a Índia e de seguida para o Sudeste Asiático, recombinando-se novamente. Parte desta população dirigiu-se para o Pacífico e Austrália, a outra parte, recombinou-se novamente eliminando os traços africanos em grande parte das populações. A Europa recebeu, desde o Paleolítico, várias ondas migratórias provenientes de leste. Já no Neolítico, os agricultores oriundos do Médio Oriente, do norte de Cáucaso e dos mares Negro e Cáspio e posteriormente, a partir da Grécia, levaram o seu material genético para a Europa, expandindo-se até à Península Ibérica. (Ver Anexo I)ConclusãoTriesman (1995) colocou a hipótese de ter havido, numa pequena população africana, cerca de 200 000 anos atrás, uma mutação mitocondrial favorável, mas letal na presença de genes nucleares diferentes. Daqui surgiu um novo genótipo,18 que se difundiu dentro da população. Com o seu aumento progressivo, saiu de África, povoou novos continentes e modernizou as populações arcaicas nativas, através do seu fluxo génico19. Este gerou uma oposição à deriva genética20, com a introdução de novos polimorfismos21 nas populações e novas combinações de genes, onde a selecção natural pôde actuar. A hibridação22 possibilitou a continuidade local e contribuiu para as diferenças regionais da humanidade moderna, demonstradas nos fenótipos23 característicos de diversas populações, assim como, para a distinção de populações mais antigas e africanizadas de populações locais mais recentes. Os achados arqueológicos foram muito importantes para as evidências da evolução24 do Homo sapiens no fornecimento de pistas concretas sobre a evolução da nossa espécie (ver anexo II).

Depois deste fenómeno humano, à escala global, não houve um novo processo de especiação (pelo menos detectado ou sobrevivido até hoje), devido ao alto fluxo génico verificado, que reduz drasticamente os alelos favorecidos pelas condições locais, evitando assim, uma nova adaptação, como se verificou à 200 000 anos numa pequena população africana.Os estudos genéticos tiveram um papel preponderante sobre as origens do Homem moderno e sua ancestralidade comum. Forneceram também, evidências profundas, de que as “raças”25 humanas eram biologicamente insignificantes e que a sua variação deve-se a factores de divergências progressivas desde a sua origem, através do isolamento geográfico e às taxas de diferenciação. Assim, uma visão ecotípica26 das diferenças genéticas e fenotípicas entre as populações é a mais correcta, pois não existe uma distinção filogenética, nem uma especiação incipiente nas “raças” humanas. Por esse motivo, não será correcto falar de “raças” humanas às diferenças fenotípicas entre as populações.Todos os humanos modernos partilham um antepassado comum recente e as diferenças observadas actualmente entre povos são o resultado dos últimos milhares de anos de história.Tal como toda a vida na Terra tem um ancestral comum, também a história da evolução do Homem moderno evidencia uma população ancestral comum a toda a humanidade actual.

Bibliografia

NICOLAU, P. B.; AZEITEIRO, U. M. (2001) Introdução à Biologia, Universidade Aberta, Lisboa.LAGUARDIA, J (2005) Raça, evolução humana e as (in)certezas da genética, Antropo, 9, 13-27., Rio de Janeiro, Disponível em: http://www.didac.ehu.es/antropo/9/9-2/Laguardia.htm (Visitado em 9 de Dezembro de 2007).VALVA, F.; DINIZ-FILHO, J.; (Dezembro de 2003) A Trajectória Humana, Canindé -Revista do Museu de Arqueologia de Xingó, 3, 59-83., Xingó, Disponível em: http://max.org.br/biblioteca/Revista/Caninde-03/Valva-DinizFilho.pdf (Visitado em 9 de Dezembro de 2007).PÉREZ, A.; CARDOSO, M.; FONTES, M.; ALVES, P. DNA mitocondrial na Antropologia, Disponível em:http://medicina.med.up.pt/bcm/trabalhos/2004/DNA_mitocondrial_antropologia_principal.ppt(Visitado em 10 de Dezembro de 2007).WIKIPEDIA, Portal da Biologia, Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia(Visitado em 10 e 12 de Dezembro de 2007)LOUREIRO, E (2005) História da Europa, das Conquistas e do Avanço Tecnológico: uma Perspectiva Bio-geográfica da História da Humanidade, Res-Publica - Revista Lusófona de Ciência Política e Relações Internacionais, 1, 89-96, Universidade de Coimbra e Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Disponível em:http://respublica.ulusofona.pt/historia%1F_da_europa.pdf (Visitado em 12 de Dezembro de 2007)SANTOS, Â., (Outubro 2005) Seminário DNA Mitocondrial, Universidade Federal do Pará, Disponível em: http://www.seguranca.mt.gov.br/politec/3c/artigos/dna_mitocondrial.doc (Visitado em 13 de Dezembro de 2007).

Glossário e Conceitos

1 Filogenia - a história da evolução de uma determinada espécie ou grupo de espécies relacionadas.2 Selecção Natural – processo de evolução proposto por Darwin e aceite pela comunidade científica. É a fonte da Diversidade Biológica. É um meio que leva a adaptação dos seres vivos a determinado ambiente, à evolução da vida e ao aparecimento de novas espécies.3 Microevolução – fraccionamento de uma espécie em duas espécies filhas semelhantes.4 População - grupo de indivíduos pertencentes à mesma espécie e que partilham o mesmo local ao mesmo tempo.5 Especiação - relacionada com factos do processo evolutivo responsáveis pela formação de uma nova espécie.6 ADN mitocondrial - uma “espécie de segundo” genoma que a célula tem no organelo mitocôndria é muito mais simples que o ADN nuclear. É constituído por uma cadeia dupla circular (cadeia pesada H e a cadeia leve L). hereditariamente só tem origem materna.7 Mutações – mudança genética num organismo que comporta alterações dos genes individuais do ADN, o desvio na estrutura ou no número de cromossomas. As mutações são importantes para a formação de novo material genético que permite a evolução.8 Gene – segmento de um cromossoma que contem a informação específica para produzir determina proteína ou uma característica fenotípica.9 D-loop – região gerada pela síntese de um segmento curto da cadeia pesada H denominado 7SDNA, onde se encontra a origem da replicação da cadeia H. Esta região ADN mitocondrial é muito importante do para estudos forenses e bio-geográficos, porque não combina com nenhum gene. Só pode variar com poucas limitações relacionadas com factores de tamanho, peso e luz.A replicação do D-loop é um processo que as mitocôndrias e os cloroplastos replicam o seu material genético.10 Loccus – a localização de um gene nos cromossomas.11 CD4 – é um co-receptor de células protectoras do tipo T presentes na pele e em mucosas.12 Cromossoma 12 – um dos 23 pares de cromossomas constituintes do genótipo humano.13 Delecção – perda de um segmento de um cromossoma. Perda de sequências nucleotídicas pelo genoma de um indivíduo.14 Alu – pseudogenes ou repetições dos genes no ADN15 STRP (Small Tandem Repeats Polymorphism).16 Loci - plural de loccus, localizações especificas nos cromossomas.17 Alelos - formas alternativas do par de gene que ocupa um determinado loccus num cromossoma e condiciona uma determinada característica fenotípica do individuo.18 Genótipo – conjunto de genes de um indivíduo. Informação genética presente num par de alelos para cada gene. O genótipo condiciona os fenótipos de cada ser.19 Fluxo génico – migração, transferência de genes de uma determinada população para uma outra.20 Deriva genética – as divisões das populações em pequenos grupos isolados reprodutiva-mente entre si actuam, junto com a selecção natural, actuam evolutivamente modificando as características das espécies ao longo do tempo.21 Polimorfismo – existência de várias formas dentro da mesma espécie.22 Híbrido – procriado por duas espécies distintas.23 Fenótipo – caracteriza o indivíduo na sua aparência física e é determinado pelo genótipo. São características de cada ser, como por exemplo, a sua estatura, cor da pele, olhos, etc., são provenientes dos genótipos.24 Evidências da evolução – São três os principais argumentos: evidências observáveis, abundantes e directas; as imperfeições da natureza revelam Evolução e as transições são relatadas pelo registo fóssil.25 Raça – o termo raça implica a organização de grupos claramente separados uns dos outros. Dentro da nossa espécie não existe tais grupos.26 Ecotípos – grupos geneticamente diferenciados e adaptados a um determinado meio ambiente, mas não constituem unidades filogenéticas distintas, mas sim, entidades ecológico-funcionais que se caracterizam por uma diferenciação em diversos graus.

Os primeiros habitantes da terra

Os primeiros habitantes da terra

A pré-história é o período anterior ao aparecimento da escrita, por volta do ano 4000 a.C..Seu estudo depende da análise de documentos não-escritos, como restos de armas, utensílios, pinturas, desenhos e ossos. O gênero HOMO apareceu entre 4 e 1 milhão de anos a .C.. Aceita-se três etapas na evolução do homem pré-histórico, entre os estudiosos. São elas:

I - PALEOLÍTICO (idade da pedra lascada)
a) Paleolítico inferior: 500.000 – 30.000 a.C.
b) Paleolítico superior: 30.000 – 8.000 a.C.

II - NEOLÍTICO (nova idade da pedra)
8.000 – 5.000 a.C.

III - IDADE DOS METAIS
5.000 – 4.000 a.C.

Esta divisão é evolucionista mas numerosos investigadores da história contestam tal visão. Afirmam que existe grande diversidade cultural entre os grupos humanos e que, diante de determinado problema, cada homem se organiza de um modo, o que resulta em culturas diferentes. Daí conclui-se que certos grupamentos humanos podem ter simplesmente acelerado um dos estágios ou ter saltado um deles.

A Origem do Homem

A precariedade de informações limita o conhecimento da origem do homem. As primeiras pesquisas datam do final do século XIX; e muitas descobertas de restos humanos ocorreram de modo casual, nem sempre realizadas por especialistas.
A descoberta de traços culturais comuns em grupos afastados indica que, provavelmente, apareceram vários deles em regiões diferentes.
De modo geral, dizemos que há um tronco comum do qual se originaram os grandes macacos (pongidae) e os homens (hominidae). Em determinado momento da evolução, os dois grupos se separaram e cada um apresentou sua evolução própria. Os pongidae apresentaram a forma do gorila, chimpanzé e orangotango; os hominidae ou hominídeos, a forma do atual homo sapiens.

Australopithecus Afarensis

Trata-se do mais antigo hominídeo que se conhece. Foi encontrado na África do Sul e os estudos revelaram que viveu entre 1 milhão e 600.000 a.C.. Apesar do crânio pequeno, possuía traços característicos dos hominídeos. Era bípede e postura mais ereta.

Homo HabilisO Homo Habilis e o Pithecanthropus Erectus

O homo habilis viveu há cerca de 2,5 milhões de anos e foi contemporâneo do australoptecus, mas com capacidade craniana ampliada. Esta incluiu carne em sua alimentação, o que provocou mudanças em sua arcada dentária.
Segue-se o terceiro tipo de hominídeo, o Pitecanthropus Erectus, que deve ter vivido entre 500.000 e 200.000 a.C.. O homo erectus, como hoje se denomina, possuía maxilares maciços e dentes grandes, cérebro maior que o tipo anterior e membros mais bem adaptados à postura ereta.
Alguns exemplos:
I - JAVANTROPO – (Homem de Java): 1,5 metros de altura e deve ter passado a maior parte da existência no chão.
II - SINANTROPO – (Homo Pekinenses): Descoberto na china. Junto do esqueleto havia grande quantidade de facas, raspadores e pontas, o que demonstra elevado estágio de desenvolvimento.
III - PALEANTROPO – (Homem de Heidelberg)

O Homo Neanderthalensis

Encontrado em Neanderthal, Alemanha. Houve descobertas semelhantes frança, Iugoslávia, Palestina e África do Sul. Deve ter existido entre 120.000 e 50.000 a.C.
Este hominídeo possuía capacidade craniana elevada e já vivia em cavernas e deixou inúmeros traços de sua existência.
O Cro-Magnon
Com o homem de Cro-Magnon atinge-se o Homo Sapiens. Chegamos a este estágio por volta de 40.000 a.C., possuía altura acentuada, membros retos e peito amplo, como também, a maior capacidade craniana encontrada até então, o que provou através da arte, da magia e da vida social.

Padrões Culturais da Pré-História

Podemos classificar os estágios culturais da humanidade em selvageria, barbárie e civilização.. A civilização seria posterior à escrita; as demais, características dos homens da pré-história.
Tal visão apresenta dois defeitos básicos, quais sejam:
I. pretende que a civilização em que vivemos seja o modelo, em função do qual se deva julgar todos os outros estágios da evolução;
II. pressupões que todos os povos da pré-história tivessem passado pelas mesmas etapas, o que Não corresponde aos documentos históricos encontrados.
Cada povo tem sua própria cultura e civilização, que devem ser compreendidas no seu momento histórico exato, do contrário, não estaríamos fazendo história, mas tentando demonstrar a superioridade da civilização ocidental.
O surgimento da agricultura se deu entre 8.000 e 5.000 a.C.(neolítico), quando o homem deixou sua vida nômade, sedentarizando-se às margens dos rios e lagos, cultivando trigo, cevada e aveia. Nesta época também domestica ovelhas e gado bovino, otimizando sua cadeia alimentar.. Aí também surgem os primeiros aglomerados urbanos, com finalidade principalmente defensiva. Nesta época também as viagens por terra e mar. Estamos falando da chamada comunidade primitiva, onde o solo pertencia a todos e a comunidade se baseava em laços de sangue, idioma e costumes.
A partir deste ponto, a evolução das comunidades processou-se em duas direções: no sentido da extensão da posse e da propriedade individual dos bens no sentido da transformação das antigas relações familiares.
Durante a idade dos metais (5.000 a 4.000 a.C.), o cobre passou a ser fundido pelo homem, seguindo-se o estanho, o que permitiu a obtenção do bronze, resultante da liga dos dois primeiros. Por volta de 3.000 a.C., produzia-se bronze no Egito e na Mesopotâmia, sendo esta técnica difundida para outros povos a partir daí.
A metalurgia do ferro é posterior e tem início por volta de 1.500 a.C., na Ásia Menor, tendo contribuído decisivamente para a supremacia dos povos que a dominavam e souberam aperfeiçoá-la.

A Origem do Homem Americano

Segundo alguns estudiosos, o continente americano começou a ser povoado há 30.000, 50.000 ou até 60.000 anos atrás. Dos povos mais antigos, os arqueólogos encontraram restos de carvão, objetos de pedra, desenhos e pinturas em cavernas e partes de esqueletos. Dos povos mais recentes encontramos grandes obras como: pirâmides, templos e cidades. Alguns, como os Astecas e os Mais, conheceram a escrita e deixaram documentos que continuam sendo estudados.
Hoje, os pesquisadores admitem que os primeiros habitantes americanos vieram da Ásia, devido à grande semelhança física entre índios e mongóis.
A teoria mais aceita é de que os primitivos vieram a pé, pelo estreito de Behring, na glaciação de 62.000 anos atrás. Outros afirmam que vieram pelas ilhas da Polinésia, em pequenos barcos, tendo desembarcado em diversos pontos e daí se espalhado.
Os vestígios mais antigos da presença do homem no continente foram encontrados em São Raimundo Nonato,PI, Brasil, com idade de 48.000 anos, permitindo a conclusão de que eram caçadores e usavam o fogo para cozinhar, atacar e defender-se dos inimigos, pelos utensílios encontrados

terça-feira, 3 de março de 2009

A classe trabalhadora não pode pagar, mais uma vez, o custo da crise que ela não causou

MANIFESTO DE SINDICALISTAS DE LIMEIRAENCONTRO ENTRE LIDERANÇAS SINDICAIS DE LIMEIRA PARA DISCUSSÃO SOBRE A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL, CONCLUI:
1. Considerando que a atual crise financeira não foi gerada pelos trabalhadores, mas sim pelos especuladores;
2. Considerando que no Brasil o empresariado em momentos de crises do próprio capitalismo, sempre usou das demissões e cortes de benefícios para manter seus lucros;
3. Considerando que a maioria das empresas nos últimos anos, teve lucros exorbitantes, outros segmentos da indústria continuam crescendo, mesmo com a atual crise financeira mundial e ainda assim, estão pressionando os governos para obterem facilidades e benefícios;
4. Considerando que muitas empresas estão demitindo, outras ameaçando demitir, mesmo com acordos de flexibilização, ainda aquelas que querem reduzir jornada com redução salarial ou até excluir benefícios, como assistência médica entre outros, criando na sociedade brasileira um verdadeiro clima de pânico, desconforto e insegurança, pois é ela que no final sempre arca com os custos de todas as crises geradas pelo capitalismo.
5. Considerando que, com argumentos de que a crise econômica atingiu seus negócios, empresários estão modificando horários de trabalho, com o claro propósito de “flexibilizar” a legislação trabalhista, fato que, se acontecer estará aumentando o abismo existente entre a maioria dos mais pobres e a minoria dos mais ricos deste país.
6. Considerando que, se alguma empresa, em face da crise econômica, se encontrar impossibilitada de cumprir com suas obrigações trabalhistas deve se submeter à justiça do trabalho e lá comprovar a sua situação;
7. Considerando que o salário do trabalhador brasileiro é um dos mais baixos do mundo, uma vez que, segundo o Dieese ( Departamento de Estatísticas e Estudos Socieconômicos) o salário mínimo para sobrevivência no Brasil, em janeiro/2009 seria de R$ 2.077,00.
8. Entendemos que demitir e flexibilizar direitos causará a redução do poder aquisitivo da classe trabalhadora e esta não é a solução para a crise, ao contrário, demissão e flexibilização só agravarão o problema, pois a economia ficará estancada. O caminho para enfrentarmos a crise passa pelo aquecimento do mercado interno, com a manutenção dos empregos e dos salários, assegurando-se assim, o poder de compra do trabalhador. Esta é a engrenagem que move a economia. Neste sentido, os dirigentes sindicais de Limeira que assinam o presente manifesto, posicionam-se contra as demissões, as reduções salariais, a flexibilização de qualquer direito trabalhista e outras atitudes patronais que visem reduzir conquistas dos trabalhadores, como justificativa de solução para a crise econômica global.


Para lutar contra a crise, propomos:
1. Resistir a qualquer tentativa de golpe que pretenda reduzir, excluir ou flexibilizar direitos trabalhistas, pois as empresas que receberam benefícios e facilidades do governo e obtiveram altos lucros nos últimos anos têm obrigação de manter os empregos e os salários de seus trabalhadores.
2. Redução da jornada sem redução de salário;
3. Estabilidade no emprego;
4. Utilização do dinheiro público para socorrer os trabalhadores e não banqueiros e especuladores;
5. Criação do Comitê Sindical Contra a Crise.Os/as sindicalistas de Limeira que assinam este manifesto, sempre estarão abertos às negociações, desde que o assunto em pauta não seja em detrimento da sobrevivência do trabalhador e da sua família que depende do seu salário.
A classe trabalhadora não pode pagar, mais uma vez, o custo da crise que ela não causou. SINDICATOS APEOESP Sindicato dos Trabalhadores Vestuários Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação Sindicato dos Trabalhadores Bancários Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares e Restaurantes Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos Sindicato dos Trabalhadores Químicos Sindicato dos Trabalhadores Vigilantes Sindicato dos Servidores Públicos Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Urbano Sindicato dos Professores Sindicato das Domésticas

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Toyotismo

Toyotismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O Toyotismo é um modo de organização da produção capitalista originário do Japão, resultante da conjuntura desfavorável do país. O toyotismo foi criado na fábrica da Toyota no Japão após a Segunda Guerra Mundial, este modo de organização produtiva, elaborado por Taiichi Ohno e que foi caracterizado como filosofia orgânica da produção industrial (modelo japonês), adquirindo uma projeção global.


Os primórdios no Japão
O Japão foi o berço da automação flexível pois apresentava um cenário diferente dos Estados Unidos e da Europa: um pequeno mercado consumidor, capital e matéria-prima escassos, e grande disponibilidade de mão-de-obra não-especializada, impossibilitavam a solução taylorista-fordista de produção em massa. A resposta foi o aumento na produtividade na fabricação de pequenas quantidades de numerosos modelos de produtos, voltados para o mercado externo, de modo a gerar divisas tanto para a obtenção de matérias-primas e alimentos, quanto para importar os equipamentos e bens de capital necessários para a sua reconstrução pós-guerra e para o desenvolvimento da própria industrialização.

Contexto histórico pós-guerra e crescimento do Toyotismo
No contexto de reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, a Guerra da Coréia [1] (ocorrida entre 25 de junho de 1950 e 27 de julho de 1953) também foi de grande valia para o Japão, a Guerra provocou inúmeras baixas de ambos os lados e não deu solução à situação territorial até os dias de hoje. Ao decorrer da guerra, os dois lados fizeram grandes encomendas ao Japão, que ficou encarregado de fabricar roupas, suprimentos para as tropas na frente de batalha, além de caminhões Toyota, o que livrou a empresa da falência. Essa medida foi conveniente aos Estados Unidos, já que a localização geográfica do Japão favoreceu o fluxo da produção à Coréia e o aliado capitalista seria importante em meio ao bloco socialista daquela região. A demanda Norte-Americana incentivou a rotatividade da produção industrial e iniciou a reconstrução da economia japonesa.

Características do sistema
O sistema pode ser teoricamente caracterizado por seis aspectos:
Mecanização flexível, uma dinâmica oposta à rígida automação fordista decorrente da inexistência de escalas que viabilizassem a rigidez. A mecanização flexível consiste em produzir somente o necessário, contrariando o fordismo, que produzia o máximo possível e estocava o excedente. A produção toyotista é flexível à demanda do mercado.
Processo de
multifuncionalização de sua mão-de-obra, uma vez que por se basear na mecanização flexível e na produção para mercados muito segmentados, a mão-de-obra não podia ser especializada em funções únicas e restritas como a fordista. Para atingir esse objetivo os japoneses investiram na educação e qualificação de seu povo e o toyotismo, em lugar de avançar na tradicional divisão do trabalho, seguiu também um caminho inverso, incentivando uma atuação voltada para o enriquecimento do trabalho.
Implantação de sistemas de controle de qualidade total, onde através da promoção de palestras de grandes especialistas norte-americanos, difundiu-se um aprimoramento do modelo norte-americano, onde, ao se trabalhar com pequenos lotes e com matérias-primas muito caras, os japoneses de fato buscaram a qualidade total. Se, no sistema fordista de produção em massa, a qualidade era assegurada através de controles amostrais em apenas pontos do processo produtivo, no toyotismo, o controle de qualidade se desenvolve por meio de todos os trabalhadores em todos os pontos do processo produtivo.
Sistema just in time: Esta técnica de produção foi originalmente elaborada nos EUA,no início do século XX, por iniciativa de Henry Ford mas não foi posta em prática. Só no Japão, destruído pela II Guerra Mundial, é que ela encontrou condições favoráveis para ser aplicada pela primeira vez. Em visita às indústrias automobilísticas americanas, na década de 50, o engenheiro japonês Enji Toyoda passou alguns meses em Detroit para conhecê-las e analisar o sistema dirigido pela linha fordista atual. Seu especialista em produção Taichi Ono, iniciou um processo de pesquisa no desenvolvimento de mudanças na produção através de controles estatísticos de processo. Sendo assim, foi feita uma certa sistematização das antigas idéias de Henry Ford e por sua viabilização nessa fábrica de veículos. Surge daí o sistema just in time, que visa envolver a produção como um todo. Seu objetivo é "produzir o necessário, na quantidade necessária e no momento necessário", o que foi vital numa fase de crise econômica onde a disputa pelo mercado exigiu uma produção ágil e diversificada.
Personificação dos produtos :Fabricar o produto de acordo com o gosto do cliente.
Controle visual: Havia alguém responsável por supervisionar as etapas produtivas.

Era Atual
O Japão desenvolveu um elevado padrão de qualidade que permitiu a sua inserção nos lucrativos mercados dos países centrais e, ao buscar a produtividade com a manutenção da flexibilidade, o toyotismo se complementava naturalmente com a automação flexível.
Outro caso que vem a fazer a diferença é a
crise do petróleo que fez com que as organizações que aderiram ao toyotismo tivessem vantagem significativa, pois esse modelo consumia menos energia e matéria-prima, ao contrário do modelo fordista. Assim, através desse modelo de produção, as empresas toyotistas conquistaram grande espaço no cenário mundial.
A partir de meados da
década de 1970, as empresas toyotistas assumiriam a supremacia produtiva e econômica, principalmente pela sua sistemática produtiva que consistia em produzir bens pequenos, que consumissem pouca energia e matéria-prima, ao contrário do padrão norte-americano. Com o choque do petróleo e a conseqüente queda no padrão de consumo, os países passaram a demandar uma série de produtos que não tinham capacidade, e, a princípio, nem interesse em produzir, o que favoreceu o cenário para as empresas japonesas toyotistas. A razão para esse fato é que devido à crise, o aumento da produtividade, embora continuasse importante, perdeu espaço para fatores tais como a qualidade e a diversidade de produtos para melhor atendimento dos consumidores.
Contudo, o reflexo do toyotismo no mundo e com ênfase nos países subdesenvolvidos gerou algumas das fragilidade nas relações trabalhistas , onde os direitos trabalhistas e os vínculos entre proletariado e patrão tem se tornado frágeis, já que a flexibilidade exige uma qualificação muito alta e sempre focando a redução dos custos, assim o desemprego tem se tornado algo comum, como uma estratégia para evitar as reivindicações e direitos que cada trabalhador necessita, portanto, apesar das maravilhas e novidades que o toyotismo trouxe através da tecnologia nos modos de produção atual, esse mesmo modo desencadeou um elevado aumento das disparidades socioeconômicas e uma necessidade desenfreada de aperfeiçoamento constante para simplesmente se manter no mercado.

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Pré-História brasileira. Pintura rupestre.

As pinturas rupestres do Brasil:
educação para a vida até hoje

Diferentemente do que sabemos por meio dos grandes manuais e ou enciclopédias mundiais de arte, história, cultura e outros espaços acadêmicos. Ou ainda nos manuais didáticos do Brasil. Aqui no Brasil também se fez pinturas rupestres – são pinturas feitas nas rochas, usando-se do ocre para executá-las (gordura vegetal e animal) na maioria das vezes. E ficaram registradas ao longo de muitos anos. Há muito tempo atrás, podendo chegar até a 50 mil anos antes do presente, no Brasil, mas não somente.
As pinturas rupestres foram produzidas pelos primeiros habitantes do Brasil. E estes habitantes deixaram nas pinturas registradas, muito provavelmente segundo nosso entender, suas ações sociais neste registro visual. Uma das ações sociais seriam as educativas.
As transmitiram por meios educativos, acreditamos nesta tese, pois as pinturas repetem-se por extensões enormes e também porque foram identificados vários estilos de pintar os mesmos signos. Mostrando desta maneira que houve trocas culturais e de aprendizado entre os grupos ou mesmo dentro dos grupos que aqui viviam.
Como afirma Anne-Marie Pessis, que “Durante o período inicial do estilo Serra da Capivara, a região era pouco habitada. Sabemos que outros grupos, minoritários, partilharam o mesmo espaço junto às comunidades culturais de Serra da Capivara. Grupos que não tinham o domínio da técnica gráfica, mas que incorporaram às suas culturas esta prática rupestre das comunidades dominantes. Estas populações seriam responsáveis por outra tradição de pintura rupestre existente no Nordeste do Brasil, a tradição Agreste”. (PESSIS, 1989: 14/15).
As tradições de rupestres pinturas em São Raimundo Nonato permitiram incorporarem idéias, técnicas e práticas nas sociedades que não as tivessem , como era o caso da tradição Agreste, que surge por influência da tradição Nordeste¸ representada em sua subtradição Serra da Capivara.
As pinturas rupestres seriam o registro da história social dos habitantes daquele período. Onde lhes era possível afixarem seus costumes e práticas cotidianas. Costumes que permitiriam outros grupos ou futuras gerações de seus próprios grupos utilizassem-se destas informações registradas.
Estas ações sociais que retratariam, então, a nosso ver, parte do cotidiano da época como caca, danças, rituais, lutas territoriais, animais que viviam naquele momento – um cotidiano muito parecido com o nosso atualmente, onde precisamos lutar para garantir o que nos pertence por direito – dos grafismos puros (que não temos condições de interpretar), cenas de sexo e cenas de brincadeiras, entre outras.
Com certeza, estes locais são, em grande parte, reocupados, pois estão carregados de informações sobre o entorno que foram passadas e/ou estão ali representadas, conseqüentemente os novos ocupantes poderiam decodificá-las. Como aponta Pedro I. Schmitz, assim: Os principais sítios localizam-se em abrigos rochosos, grutas e cavernas e indicam certa estabilidade de (re) ocupação, tanto nas camadas sedimentares quanto nas pinturas das paredes.(SCHMITZ, 1999: 57).
Era de uma necessidade sem precedentes deter os conhecimentos a respeito dos meios de subsistência, pois não se poderia perder tempo diariamente em busca da caça, pesca e/ou coleta de frutas. Por este motivo às pinturas teriam o papel de retratar com precisão os locais onde foram desenhadas informando o que havia naquele meio. Assim Niéde Guidon afirma que A base econômica continuava sendo a caça, a coleta e a pesca: as pinturas rupestres retratavam com detalhes a evolução sociocultural desses grupos durante pelo menos 6 mil anos, o que constitui um dos mais longos e importantes arquivos visuais sobre a Humanidade disponível, hoje, no mundo.(GUIDON, 1998: 43/44).
Para E. Adamson Hoebel quase todas as inter-relações sociais são dominadas pela cultura existente. Não temos notícia de nenhum grupo humano sem cultura. ..., uma sociedade humana é mais do que mero agregado expressando comportamento instintivo. A sociedade humana é uma população permanentemente organizada de acordo com sua cultura.(HOEBEL, 1982: 222/223).
Ao julgar que as comunidades humanas são compostas por grupos intercambiantes (inclusive como nós hoje, veja a globalização), cujos membros fazem parte de um todo mestiço nas relações existentes entre si, principalmente no caso da cultura, cuja produção executada por esses homens/mulheres é um material exemplar para as pinturas rupestres.
Se todos os grupos humanos têm sua própria cultura e interagem significa que, além de se manifestarem culturalmente, ainda transmitem seus conhecimentos. Por meio da cultura produzida por estes grupos humanos das mais diferentes formas estéticas, e por meios educativos.
A partir destas cenas podemos, então, depreender que houve sim no território brasileiro, como em outros locais do mundo, história e educação muito antes de 1500. O Brasil com sua imensa extensão territorial teria também uma grande complexidade de formas, estilos de pinturas e locais pintados. Auxiliando a comprovar que as escolas rupestres teriam se disseminado.
Entendemos as pinturas rupestres foi uma das mais importantes, (senão a mais), formas sociais de garantir a transmissão cultural e pedagógica da época. E que contribuiu para a interação e a relação entre humanos e destes com a natureza. E sobreviveu até hoje para nos prestando o testemunho do que foi a sociedade de ontem no Brasil.
As pinturas nos mostram, desde muito tempo, que devemos lutar e muito para que a nossa sobrevivência garanta-se. E que sem esta nada conseguimos. E, ainda, que por meio da educação social esta luta torna-se mais fácil de ser vencida.
O humano só se faz em sua plenitude por meio de lutas. E os primeiros habitantes do Brasil já sabiam disto – assim como também nos sabemos. Para que possamos compreender melhor a nossa própria historia antiga e ver nela um reflexo para o nosso cotidiano. Façamos em nossas vidas muitas lutas políticas, sociais, culturais e para a sobrevivência. Como já fazemos em nossas praticas cotidianas de educadores sociais que todos somos. Façamos, também, nossas festas, viagens e passeios, entre outras praticas sociais em nome de nossos prazeres. Como nos mostram os antigos habitantes de nosso Brasil que viveram muito bem, relacionando-se entre si, com o meio ambiente e com os outros grupos humanos que aqui viveram. Diferentemente o que pensamos!!!

Pré-História brasileira.

Dentro dos estudos arqueológicos desenvolvidos na América, o Brasil concede uma significativa contribuição proveniente de seus diversos sítios arqueológicos. Entre os estados que apresentam antigos vestígios da presença humana podemos destacar primeiramente os estados do Piauí, Minas Gerais e as regiões litorâneas do Centro-sul do país. Em São Raimundo Nonato (PI), um grupo de arqueólogos liderados por Niède Guidon notificou a presença de facas, machados e fogueiras com cerca de 48 mil anos de existência. Entre as principais conclusões desses estudos, destaca-se a presença de comunidades coletivas que caçavam e utilizavam o fogo para protegerem-se e alimentarem-se. Na região de Lagoa Santa (MG) é o local onde está registrado uma das mais notórias descobertas da arqueologia nacional. Foi ali que se achou o mais antigo fóssil das Américas. Trata-se do crânio feminino que existiu há cerca de 11.500 anos. Pesquisas desenvolvidas a partir desse fóssil (apelidado de Luzia) abriram portas para novas teorias sobre o processo de ocupação do continente. Os traços negróides de Luzia levantam a suspeita de uma onda migratória da Oceania, responsável pela ocupação do nosso continente. Próxima das regiões de rio e no litoral do Brasil existe outro conjunto de vestígios pré-históricos. Nestes lugares, montes de conchas e esqueletos de peixe conferem a existência de comunidades inteiras que sobreviviam da pesca. Também conhecidos como povos sambaquis, essas populações foram usualmente detectadas no Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. No ano de 2001, o mais antigo sambaqui brasileiro foi encontrado em Vale do Ribeira (SP). Nas regiões do interior do Brasil também são encontrados riquíssimos sítios arqueológicos. Os chamados “cemitérios dos índios” são, na verdade, vestígios de antigas civilizações do território brasileiro. Ali encontramos grandes aldeias que realizavam sofisticados rituais funerários. Datados com cerca de mil anos, esses povos possuíam uma cultura bastante diferente da dos sambaquis. Ainda na região amazônica, temos relato sobre um outro conjunto de povos pré-históricos. Designados como integrantes da civilização marajoara, esses povos deixaram interessantes vestígios materiais. Dotados de uma arte ceramista ricamente detalhada, os marajoaras faz parte dos mais complexos grupos humanos que viveram em terras brasileiras. Com o passar dos anos, as civilizações ameríndias foram desenvolvendo-se em território nacional. Espalhados em diferentes tribos, os índios brasileiros integraram uma parte mais recente da História das populações nativas do Brasil. A partir do século XV, a chegada dos europeus transformou radicalmente a situação dos índios. A intolerância religiosa e cultural, a violência e as epidemias foram responsáveis pela dizimação dos povos indígenas no país.
Por Rainer Sousa
Graduado em História