quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Aposte nas trepadeiras para manter a casa sempre florida

Todos gostam de flores. E uma das plantas que mais dá flor durante o ano todo é a trepadeira. Ela existe de todos os tipos e formas e, em sua grande maioria, tem floração intensa e vibrante. O problema é que as pessoas acabam comprando estas plantas, mas não conseguem o efeito desejado. Explico o porquê.


Uma das plantas que mais dá flor durante o ano todo é a trepadeira
Se sua intenção é cobrir muros ou paredes com o verde, o melhor recurso são as heras, que sobem nessas superfícies sem a ajuda do homem. Elas têm garras que se prendem às paredes e não soltam, a não ser que sejam retiradas. Estas, normalmente não dão flores e exigem muita manutenção.Uma das heras mais comuns é a unha de gato, que sobe rapidamente, cobrindo tudo sem deixar falhas. Mas exige muita manutenção (podas), pois não para de crescer e jamais perde as folhas. Há também a hera canadense, cujas folhas lembram as da parreira. Mas além de perder todas as folhas no inverno, ela sobe em muros de forma desordenada e não fecha tudo de uma vez.
As trepadeiras, estas sim desejadas por suas flores, não sobem em paredes, muros ou pérgulas sozinhas. Precisam da mão humana para ser amarradas. Sempre lembrando a necessidade de ter um suporte que as mantenha onde você deseja.

As trepadeiras precisam da ajuda do homem para escalar as paredes.
Veja abaixo algumas variedades de trepadeiras e um rápido perfil de cada.
Falaremos detalhadamente delas mais para frente.
- jasmim-estrela: branco e aromático.
- jasmim-dos-poetas: muito aromático, com flores brancas e intensas.
- congeia: dá flores rosas lindas, era a preferida de Burle Marx.
- tumbérgia: dá flores roxas e brancas; parece uma praga, pois sobe em tudo e mais um pouco.
- lágrima-de-Cristo: vermelha, intensa, linda e cheia.
- sete-léguas: de rápido crescimento, dá muitas flores rosa.
- madressilva: muito aromática e cheia.
- flor-de-cera: dá flores brancas e aromáticas, com folhas duras. Gosta da meia sombra.
- hipomeia - com pequenas, mas abundantes flores rosa e roxa.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A ESCOLA DOS COLONIZADORES

PERÍODO 1
A ESCOLA DOS COLONIZADORES
O COLÉGIO DOS JESUÍTAS
Antes de ser uma cidade, São Paulo foi uma escola. No atual Pátio do Colégio, junto à encosta do Tamanduateí, o Colégio dos Jesuítas foi o começo da nossa cidade. A colonização do território, naquela época, teve como ponta de lança uma escola.O processo de colonização tinha nas ordens religiosas, principalmente na Companhia de Jesus, um de seus principais instrumentos. Essa intenção de ocupação se tornava real, palpável e concreta a partir da construção de escolas. O edifício da escola materializava a nova doutrina difundida entre as crianças índias e os filhos dos colonizadores, e o papel de instrumento da colonização refletia-se no edifício. Os assentamentos de frente da ação colonizadora tinham, quase sempre, um colégio, uma escola, uma missão ou um seminário.
O Pátio do Colégio, na época Largo do Palácio, c. 1862Crédito: Militão Augusto de Azevedo
A reação dos índios à doutrina dos jesuítas não foi tranqüila. Ninguém passa a acreditar em um Deus de um dia para o outro. Houve resistência da cultura indígena, ao mesmo tempo que os bandeirantes paulistas, interessados em aprisionar os índios, entravam em conflito com os catequizadores. Os jesuítas foram expulsos; mais tarde voltaram e retomaram a catequese. O colégio, erguido em uma encosta, funcionava como uma fortificação: os jesuítas pensavam em se proteger tanto dos bandeirantes quanto dos próprios índios.
Pátio do Colégio. Crédito: Juca Martins
Sob a responsabilidade das ordens religiosas, as construções escolares, como o Colégio de São Paulo de Piratininga, começaram a configurar um padrão de escola religiosa, que abrigava a moradia dos religiosos, as salas de aula, a igreja e demais instalações. As construções tinham características de conventos e seminários. Hoje em dia, da antiga construção do Pátio do Colégio só resta um segmento de parede em taipa de pilão e as catacumbas sob a igreja.
Planta da cidade de São Paulo de 1841Crédito: Rufino Felizardo e Costa
Em 1653, os jesuítas conseguiram dominar os índios e começaram a impor sua doutrina novamente. Foi construído um anexo ao colégio, onde foram instalados paulatinamente os primeiros cursos de filosofia, teologia, artes, biblioteca e capela, ocupando uma área de mais de mil metros quadrados. Para essa construção foi utilizada a técnica da taipa de pilão, em que as paredes são feitas de barro comprimido em formas de madeira.Em 1745, houve outra ampliação, e em 1759 a ordem jesuíta foi expulsa por decreto do Marquês de Pombal, responsável pela Secretaria de Negócios Estrangeiros durante o reinado de d. José em Portugal. O governo apropriou-se dos bens da Companhia de Jesus, e o antigo casarão colonial foi completamente descaracterizado por profundas reformas. Entre 1765 e 1908, funcionou como Palácio dos Governadores. Nesse período, um desmoronamento resultou na perda do precioso patrimônio da igreja. Em 1932, o Palácio do Governo foi transferido e o velho colégio passou a abrigar a Secretaria da Educação, que lá permaneceu até 1953. O edifício assumia uma função mais próxima de sua vocação original. O ano de 1954 marca a retomada do projeto original. A Companhia de Jesus recebe de volta as instalações e dá-se início à reconstituição do conjunto, nos moldes da terceira construção, quando o prédio ainda era colégio e não edifício público, e permanecem, remanescentes, a cripta, parte de uma parede em taipa de pilão e o antigo torreão. Atualmente o conjunto abriga o Museu de Anchieta, com peças da ordem religiosa do período da colonização do Brasil. Escola, seminário, Palácio do Governo, Secretaria de Estado e museu. Por todas essas transformações passou o sítio onde se originou a cidade de São Paulo. É importante lembrar que a urbanização da nossa cidade teve na escola a referência para sua definição original. A história do Pátio do Colégio se confunde com a da cidade de São Paulo. A execução pioneira da construção original, suas reformas, sua destruição, a construção para abrigar outro uso, de novo a destruição e finalmente a construção de uma réplica (o que conhecemos hoje como o Pátio do Colégio é uma reconstituição quase caricata do edifício original) são etapas reveladoras de um processo pelo qual passou e passa a nossa cidade.
PERÍODO 2A REPÚBLICA
ESCOLA OU CATEDRAL?
Em 1894, cinco anos após a proclamação da República, a Escola Normal de São Paulo foi instalada em edifício especialmente construído para esse fim na Praça da República. A escola depois foi chamada de Escola Normal da Praça da República; em seguida, de Instituto de Educação Caetano de Campos; posteriormente, de EEPSG Caetano de Campos. Hoje funciona no local a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. A Escola Estadual Caetano de Campos nasceu em 1846, a partir das determinações do Ato Adicional de 12 de agosto de 1834, que conferia às províncias a atribuição de legislar sobre a instrução pública, inclusive criando estabelecimentos próprios para tal fim. Com essa responsabilidade, foram fundadas nas diversas províncias – Rio, Minas, Bahia e São Paulo – as primeiras Escolas Normais. Seu primeiro prédio foi junto à Catedral do Largo da Sé. Ao longo de sua história, a escola chegou a ser extinta duas vezes e mudou diversas outras de prédio; em 1875 instalou-se junto à Escola de Direito do Largo São Francisco, em um edifício que mais tarde sediaria a Câmara Municipal. Depois foi transferida para um sobrado na Rua do Carmo, para a Praça da República, para o antigo prédio do Colégio Porto Seguro, na Praça Roosevelt, e, finalmente, para a Rua Pires da Mota, no bairro da Aclimação, onde está até hoje.
A mudança para a Praça da República em 1894, bem como a sua saída em 1978, caracterizam momentos significativos no estudo da relação da escola com a cidade. A construção de um prédio escolar na Praça da República assumiu um significado especial nos rumos que a educação tomava no país e, em particular, na província de São Paulo, bem como afirmou o rumo de crescimento da cidade.
Escola Normal (com dois andares), c. 1895Crédito: Marc Ferrez
Era plano do Império construir uma catedral no chamado Largo Sete de Abril (atual Praça da República). Se desde a colônia a educação esteve sob responsabilidade da Igreja ou de instituições religiosas, a construção da Escola Normal em terreno do antigo Largo dos Curros (atual Praça da República) marcou a orientação laica dos valores da Primeira República. Foi o governador da província de São Paulo (Francisco Rangel Pestana) que em 1890 autorizou a transferência de 200 mil cruzeiros que seriam dedicados à construção da catedral para a construção da Escola Normal.
Escola Normal já com três andares, c. 1940Crédito: Hildegard Rosenthal
O prédio novo da Escola Normal tornou-se um símbolo da República e fixou-se como referência e pólo difusor de teorias científicas e pedagógicas. O conceito de Escola Modelo era aplicado à Escola Normal, tanto para os alunos de 11 a 14 anos como para as crianças menores, no jardim-de-infância que se situava nos fundos da edificação.
PERÍODO 3TEMPOS MODERNOSO PROGRAMA DE NECESSIDADES
Na década de 1930, São Paulo ultrapassou a marca de 1 milhão de habitantes. O número de vagas oferecidas pela rede pública de ensino era a pauta da sociedade. O mundo já passara por uma guerra, e no Brasil idéias modernizadoras se manifestavam organizadamente desde 1922. A partir de 1936 e 1937, já com métodos de ensino modernos, escolas que abrigariam novos ideais de educação começam a ser construídas. Uma grande reforma no sistema educacional brasileiro estava em curso. Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo foram responsáveis pela reforma do sistema educacional de diversos estados do Brasil, como Bahia, Ceará, Distrito Federal e São Paulo, implementando no país uma visão de educação moderna e democrática. Existiam questões a resolver – o número de vagas, por exemplo –, mas a atenção estava sobre o pensamento que definiria como deveria ser a escola voltada para uma nova educação. Em arquitetura isso se chama “programa”. O programa de uma edificação é o conjunto de necessidades que um projeto deve contemplar na construção e o roteiro de como isto deve estar disposto no novo prédio. O “programa” define o número de salas de aula, determina se a escola terá uma biblioteca ou não, se incluirá dentro do prédio um posto de saúde e, principalmente, estabelece como tudo deve estar disposto dentro da edificação. A disposição espacial de todos os itens de um programa configura a implementação de uma visão educacional. O momento era de implantação e construção de um sistema educacional moderno, e para tal seriam necessárias escolas modernas. Com essa preocupação foi assinado um convênio entre o Estado e a Prefeitura da capital. Perto de cem escolas foram criadas pelo Convênio Escolar, sob a coordenação dos arquitetos Hélio Duarte e uma equipe de arquitetos.
Perspectiva do Ginásio Maria Auxiliadora em Barretos. Arquitetos: Oswaldo Correa Gonçalves e Rubens Carneiro Vianna, 1953
A sociedade e a cidade estavam em um novo momento. A escola iniciava uma trajetória de democratização da educação, de extensão do direito à educação para além das elites, alcançando a classe média. Os diversos bairros da cidade, já estruturados, tinham demanda por escolas. O mundo moderno, as máquinas, a industrialização, as idéias que estavam pelo mundo achavam-se presentes também em São Paulo, “o maior centro industrial da América Latina”. É importante ressaltar que quem escreve o texto acima não é um arquiteto, e sim um educador, responsável pela elaboração e implantação de um novo sistema educacional no país. Se fizermos rápidos cálculos, poderemos perceber a influência dessa atitude em uma geração e entender a efervescência cultural do final da década de 1950 e início da de 60. Não se tratava de mais um estilo, e sim, de uma atitude diante da educação. Por trás dessa nova proposta educacional estava um projeto de país, uma busca da identidade nacional, característica do movimento moderno desde suas origens, em 1922.
Praça da Sé, tendo ao fundo a catedral em construção, c. 1940Crédito: Hildegard Rosenthal
O nascimento de uma Metrópole
A partir do final do século XIX as elites cafeeiras que chegavam à capital paulista promoveram uma reformulação profunda do espaço urbano, criando uma cidade moderna e repleta de fronteiras
por Mônica Raisa Schpun
ACERVO DA FUNDAÇÃO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA ENERGIA DE SÃO PAULO
Instalação dos trilhos para o bonde elétrico no cruzamento da rua Direita com a rua São Bento, em 1902
No final do século XIX as elites paulistas começaram a deixar suas fazendas no interior do estado para se instalar nas cidades. Enriquecidas pela exportação do café, escolheram especialmente a capital como destino, em um momento em que São Paulo vivia uma verdadeira explosão urbana. Esses novos moradores iniciaram uma remodelação do espaço, adaptando a cidade aos novos gostos e ao ideário dessas elites, detentoras do poder político estadual e nacional. Essa transformação gerou uma São Paulo que exibiu, na organização dos espaços e na forma de ocupação da cena urbana, toda a complexidade de um crescimento extremamente brusco e veloz, todos os conflitos sociais que a atravessam e toda a diversidade de sua população. A metrópole que surgiu dessa metamorfose passou a ser marcada por grandes contrastes, uma cidade de inúmeras fronteiras.A primeira delas foi a que opôs modernidade e tradição. A explosão paulistana veio acompanhada de uma imensa aspiração de modernidade por parte das elites, otimistas com o potencial de progresso da nova metrópole que nascia. Pretendendo apagar os traços que lembrassem o passado pacato e provinciano, os ritmos e as paisagens da antiga São Paulo, a nova lógica queria aproximar a cidade de metrópoles como Nova York, Chicago, Londres e Paris e torná-la o novo coração econômico do país. As demolições, as construções e as transformações foram efetivamente criando um novo cenário: prédios mais altos, trilhos de bondes seguindo a eletrificação, ruas mais largas, parques e praças em estilo art-nouveau, viadutos de metal e arquitetura eclética, composta de elementos neoclássicos, empregando novas técnicas e materiais de construção.O processo, contudo, é complexo. Ritmos e estruturas urbanas não se apagam num piscar de olhos. A velocidade do crescimento e a falta de planejamento geraram um descompasso visível entre a urbanização e as exigências criadas pela explosão demográfica: entre 1910 e 1920, a população paulistana aumentou 65%, ao passo que, num intervalo de tempo próximo, de 1908 a 1922, o número de passageiros dos bondes da Light cresceu 450%. Duas São Paulo conviviam lado a lado, reforçando com isso os contrastes. Cada carroça ou animal de carga que atravessava o centro, atrapalhava o fluxo já comprometido pela existência de ruas estreitas e tortuosas. Sublinhava, por oposição, a presença de automóveis e bondes elétricos. Ao mesmo tempo, cada novo arranha-céu deixava ainda mais baixas as construções antigas que o rodeavam, esmagadas pelo peso de sua sombra. A sede de verticalidade não se justificava pela falta de espaço, mas por um desejo de modernização que queria dar a São Paulo uma imagem de metrópole.
© GUILHERME GAENSLY
O viaduto do Chá em 1900, passando sobre o vale do Anhangabaú: a moderna estrutura de ferro contrasta com as casas antigas
As torres eram os ícones por excelência da nova cidade. Torres de fábricas, torres de arranha-céus. Elas conviviam, no entanto, com as torres das velhas igrejas coloniais, parâmetros urbanos ainda válidos para a localização e os deslocamentos dos cidadãos. Com suas festas, marcos do calendário anual, estas sinalizavam itinerários urbanos privilegiados, tradicionalmente percorridos pelas procissões.A segunda fronteira que salta aos olhos é a social. Os lugares onde vivem e circulam as elites são testemunhas de seu sucesso econômico, tão grande quanto recente. O grupo construiu, para si mesmo, e a seus olhos, uma cidade verdadeiramente moderna, provendo o espaço paulistano de todos os equipamentos, inclusive de lazer, que permitissem a seus membros se reconhecerem como grupo dominante e se orgulharem de sua obra. Assim, o processo de transformações do espaço urbano combinou o crescimento caótico com uma política paralela que organizou, para as elites, uma cidade dentro da cidade, circuitos exclusivos e diferenciados.Reforma do centroO núcleo urbano original, transformado em centro, foi totalmente refeito. Suas praças e jardins públicos começaram a ser reorganizados a partir da década de 1880. Entre os anos de 1900 e 1910 inúmeras obras transformaram completamente a paisagem urbana. A reformulação foi fruto, antes de mais nada, dos projetos do prefeito Antônio Prado, realizados durante seus quatro mandatos consecutivos (1899-1910), e, em seguida, do plano Bouvard de reestruturação do centro. Novas ruas e praças foram abertas e alguns eixos principais, alargados. Criou-se o parque do Anhangabaú e reformam-se os jardins da praça da República. A praça da Sé foi ampliada e teve início a construção da nova catedral, em 1913. A região adquiriu então ares fortemente europeus, com seus passeios sofisticados, gramados bem cortados e o estilo arquitetônico de certos edifícios, como o Teatro Municipal (1911), inspirado na Ópera de Paris.
ARQUIVO DO JORNAL O ESTADO DE S. PAULO
Obras de urbanização da companhia City no bairro do Pacaembu em 1926. Ao fundo, o bairro de Higienópolis. Com a chegada das massas ao centro, as elites migraram para os bairros adjacentes
O centro concentrou, nos novos e ecléticos palacetes, o mercado financeiro, o comércio sofisticado e os espaços de lazer destinados às famílias ricas e aos homens de negócios. O chamado Triângulo, delimitado pelas ruas Direita, São Bento e 15 de Novembro, aliou-se às demais áreas refeitas, para compor o circuito voltado às elites. Dali foram afastados todos aqueles que não podiam enfrentar uma inflação imobiliária exorbitante: entre 1916 e 1936, o preço do metro quadrado aumentou 450% na parte mais valorizada do centro e 364% nos outros setores centrais, menos procurados.Também fez parte do processo de urbanização uma separação cada vez mais nítida entre zonas comerciais e zonas residenciais. O centro tornou-se caro demais e dominado pelas atividades comerciais e financeiras. As zonas residenciais também foram delimitadas. Os casarões das elites se instalaram nas regiões altas e mais sofisticadas, como os Campos Elísios, Higienópolis e, em seguida, o espigão da avenida Paulista, aberta em 1891. Por outro lado, as habitações populares, deslocadas do centro pela especulação imobiliária, concentraram-se nas zonas baixas, próximas aos rios, onde os efeitos das cheias faziam-se freqüentemente sentir.O lazer também foi segregado, com fronteiras bem delimitadas. Do lado das elites, os clubes exerceram um papelchave: eram espaços privados que garantiam sociabilidade exclusiva. Alguns se destacavam por sua sofisticação, como o Jockey Club de São Paulo (1876), o Club Athlético Paulistano (1900), o Automóvel Clube (1908), a Hípica Paulista (1911) e o Harmonia (1930).
ACERVO DA FUNDAÇÃO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA ENERGIA DE SÃO PAULO - FPHESP
Avenida Paulista no início do século XX: as chácaras convivem lado a lado com as novas mansões
Os espaços públicos que acolheram as práticas de lazer trouxeram a marca dessa fronteira social. O exemplo do carnaval é eloqüente. No início do século XX, o carnaval de rua pertencia às elites. As famílias desfilavam, ricamente fantasiadas, em carros que compunham o tradicional corso da avenida Paulista. A festa favorecia os encontros amorosos, os flertes e às vezes a formação de futuros casais. Segundo a mesma lógica, essas famílias não pensariam em participar dos desfiles carnavalescos do Brás, freqüentados por italianos e espanhóis.O povo na ruaNo final dos anos 20, alguns nostálgicos lamentam, em inúmeros registros jornalísticos, “o fim da festa carnavalesca”. Trata-se, na verdade, do momento em que as elites deixam as ruas durante o carnaval. A ascensão social de algumas categorias de imigrantes e a emergência das camadas médias foram acompanhadas pelo processo de difusão do automóvel. Algumas famílias de classe média já tinham acesso, por exemplo, ao aluguel de um carro para desfilar no corso, que tornou-se menos reservado às elites. A festa viveu uma inversão. É assim que, desde o final dos anos 20, as ruas começaram a ser ocupadas pelas camadas populares durante o carnaval, e as elites transformaram-se, progressivamente, em espectadoras da festa.Se, ao instalar-se na cidade, na virada do século, este grupo dominante tinha procurado reestruturar os espaços públicos para ocupar os pontos privilegiados da cidade, os anos 20 traziam indícios de um movimento inverso. Com o crescimento acelerado da população e o surgimento do fenômeno inédito da multidão urbana, aos olhos dessa elite as distâncias sociais não podiam mais evitar de forma suficientemente eficaz a proximidade física nos espaços públicos. O grupo começou, então, a deixar a rua e a praça pública em benefício de locais privados e reservados. O carnaval de rua popularizou-se, enquanto os bailes à fantasia, em clubes ou salões privados, além de proporcionarem às elites as ocasiões de festa por elas tão apreciadas, afirmaram-se por sua sofisticação e pela garantia de que todos os participantes pertenciam à mesma classe social.
ARQUIVO DO JORNAL O ESTADO DE S. PAULO
Mulheres passeiam na esquina da rua 15 de Novembro com a travessa do Comércio, 1906. A região, conhecida como Triângulo, era a mais sofisticada da cidade na época
A fronteira dos sexosPor fim, uma última fronteira distinguia as relações de homens e mulheres com o espaço da cidade. Na virada do século passado as mulheres das camadas dominantes eram as mais novas personagens a despontar na cena urbana. As mulheres pobres freqüentavam a cidade desde há muito tempo, mas o processo de urbanização veio acompanhado de uma série de regras que limitaram essa presença, empurrando vendedoras e trabalhadoras flutuantes para locais mais afastados e preservando as áreas centrais para as nobres. Enquanto isso, as mulheres das novas camadas médias pareciam circular mais livremente pela cidade que as ricas, extremamente vigiadas.Para as mulheres de “boa família”, os locais de sociabilidade feminina ainda eram raros, basicamente restritos à zona chique do Triângulo. Equipada com confeitarias, salões de chá e sorveterias, seu comércio sofisticado atraía a presença cada vez mais numerosa dessas novas clientes, que saíam para olhar vitrines e fazer compras.Num momento em que o corpo das mulheres de elite desfilava mais – ou ao menos preparava-se para isso –, sob o olhar dos homens, era necessário que elas investissem no seu andar, alvo de novas atenções e vigilâncias. Para isso surgiram as aulas de ginástica nos clubes freqüentados pelas elites, definindo verdadeiros cânones da feminilidade: se o tronco e os braços permaneciam finos e frágeis, as pernas e os quadris deveriam ser trabalhados.A entrada das mulheres da elite no espaço público da cidade foi marcada por uma série de rituais. Elas estavam cada vez mais nas ruas, mas deviam sempre andar acompanhadas e só poderiam ir a locais específicos em horários precisos. Essa ocupação da praça pública estava longe de corresponder à experiência masculina, marcada por maior intimidade, por um usufruto prazeroso do espaço urbano, aos quais vários memorialistas da São Paulo da época se referem. E esta última fronteira atravessava as classes sociais: definitivamente, as massas urbanas eram, na época, antes masculinas que mistas.
São Paulo de Piratininga: de pouso de tropas a metrópole. José Alfredo Vidigal Pontes. Terceiro Nome, 2004.São Paulo, 1860-1960: a paisagem humana. Fernando Portela. Terceiro Nome/Albatroz Editora e Produtora, 2004.As imagens que ilustram esse artigo foram retiradas dos livros acima.
Mônica Raisa Schpun É doutora em história pela Universidade Paris VII e leciona história da imigração na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris. É autora de Beleza em jogo: cultura física e comportamento em São Paulo nos anos 20, Boitempo/Senac, 1999

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Freguesia de Santo Amaro e a Colônia Paulista: Núcleo Colonial Imperial

Freguesia de Santo Amaro e a Colônia Paulista: Núcleo Colonial Imperial

Um projeto do império português para povoar áreas desabitadas passou a ser prioridade, ligada ao desenvolvimento convidava-se outros países a apoiar a imigração para o Brasil, na tentativa de formar as bases para uma imigração organizada. Deste modo daria início à imigração alemã, movimento migratório ocorrido nos século dezenove para várias regiões do Brasil. Em 1828, por meio de uma portaria do ministro do Império José Feliciano Fernandes Pinheiro, visconde de São Leopoldo, originário de Santos, a Província de São Paulo recebia os primeiros colonos estrangeiros vindos da Alemanha para a Colônia de Santo Amaro. As causas deste processo podem ser encontradas nos freqüentes problemas sociais que ocorriam na Europa e a fartura de terras no Brasil.

A Freguesia de Santo Amaro já possuía uma economia de consumo local, e era formada por chácaras como de Francisco Antonio Chagas o Chico Doce, pai de Paulo Francisco Emílio de Sales, nome do grande poeta santamarense Paulo Eiró, do Fidelão, do Nardy e do pai do futuro barão de Tietê, José Manuel da Silva, primeiro e único barão do Tietê, que foi presidente interino da Província de São Paulo. Por ordem do Imperador D. Pedro I, o presidente da Província de São Paulo recebeu a incumbência por intermédio do decreto ministerial de 8 de novembro de 1827, de tomar todas as providências necessárias afim de poder abrigar um número considerável de colonos alemães, os quais chegariam, efetivamente, no ano seguinte à capital da Província. Tiveram que se adaptar na região numa característica tropical com os naturais que já possuíam desde tempos memoráveis aldeias indígenas e que ainda são denominações de referência local como as tribos Krukutu e a Tenonde Porá, localizadas na Estrada de Barragem e Morro da Saudade, incrustados como protetores de patrimônios ambientais da cidade, nos distritos de Parelheiros e Marsilac.

Os alemães chegaram a Santo Amaro por meio de embarcações. 149 famílias alemãs em direção ao Brasil, compreendendo 926 indivíduos, incluindo 72 não casados. Na Colônia de Santo Amaro, foram localizadas 336 pessoas. Na vila de Conceição de Itanhaém ficaram 39 pessoas, e 57 em Cubatão de Santos e algumas foram para outras regiões ou permaneceram na cidade e dedicaram-se a diversos trabalhos. Parte deles aceitou as propostas do Governo, acordados entre os dois países para acolhimento inicial antes do embarque na Alemanha, que eram as seguintes:

1) Cada família receberia uma doação de 150 morgen, medida de área tradicional alemã, onde um morgen era a área para trabalho de um homem em um dia. Um morgen correspondia a 400 braças quadradas, sendo uma braça quadrada correspondente a 4,84m2, logo um morgen seria equivalente a 1936 m2 medida antiga romana, a quantidade de terra que um homem podia arar em um dia com uma junta de bois atrelados ao arado.

Do exposto podemos definir que o acerto contratual entre os governos da Alemanha e Brasil à época, foi definido em 150 morgen, ou seja, 290.400 m2 o que representava 29 hectares de terra a cada qual disposto a vir arar terras virgens na região de Santo Amaro.

2) Cada pessoa adulta receberia ainda, durante um ano e meio, 160 réis diários em moeda e cada criança receberiam metade dessa quantia;

3) Bois, cavalos, ovelhas seriam fornecidos pelo Governo, devendo o valor desse gado, em moeda ou espécie, ser restituído dentro de quatro anos;

4) Os colonos que tivessem vindo por conta do Governo teriam isenção de impostos por oito anos e, os que tivessem pagado suas passagens, por dez anos;

5) Os colonos ficavam na obrigação de tomar armas, quando em caso de perigo fossem convocados pelo Governo;

6) Recrutamento obrigatório para as crianças;

7) O governo ficava obrigado ao pagamento dos honorários de médicos e padres, durante ano e meio. Outros colonos, geralmente os protestantes, não aceitaram essas condições e preferiram adquirir terras para cultivá-las logo que se apresentasse a oportunidade.

Havia uma sesmaria que anteriormente pertencera aos jesuítas, a algumas léguas de distância de Santo Amaro, perto da Aldeia de Itapecerica. Estes colonos não receberam subvenção nenhuma do Governo, além das terras, ficando entregues à própria sorte, o que os levou a um desenvolvimento vagaroso, mas seguro da Colônia. Decorridos alguns anos, os colonos já tinham adquirido certa independência e bem-estar, cultivavam suas terras e continuavam a trabalhar na sua produção agrícola. Esses alemães vendiam seus produtos na redondeza ou na Vila de Santo Amaro ou no mercado de São Paulo, construído na atual Avenida João Dias. Esta foi à tentativa de colonização mais barata que se fez, no decorrer dos tempos, em todo Brasil.

Foram inúmeras as dificuldades, desde o aprendizado do idioma português e dos hábitos da terra que escolheram para viver. Os mais velhos conservaram suas tradições e seus trajes tradicionais da terra distante. Não havia escolas para as crianças e a referência da própria língua foi se perdendo ao longo do tempo. Para os luteranos, típico do protestantismo que se seguiram na Alemanha do século dezesseis, as dificuldades eram ainda maiores; sem templos e pastores para celebração de sua religião, batizavam os filhos em igrejas católicas. Somente em 1.840, criou-se na Colônia o primeiro cemitério protestante e templo próprio.

Justiniano de Melo Franco, que falava alemão, foi nomeado diretor da colônia. Era formado em Medicina pela Universidade de Goettingen na Alemanha. Por Provisão Régia de 5 de novembro de 1821, foi nomeado físico-mor ou seja médico de São Paulo. Na capital paulista foi ainda diretor do Hospital Militar, inspetor geral da Vacinação e Comandante da Companhia de Cavalaria da Guarda Cívica, denominada "Sustentáculo da Independência Brasileira", criada por Dom Pedro I pelo decreto de 9 de setembro de 1822 logo após a proclamação da Independência. Ele representava os imigrantes, recebia suas queixas e sugestões, pagava-lhes os subsídios. Ficou também encarregado de escolher com o Governo um local para a instalação definitiva da Colônia de Santo Amaro.

Em 13 de dezembro de 1827, desembarcavam em Santos os primeiros imigrantes alemães. As localidades poderia ser em Juquiá, São Vicente, Itanhaém, Itapecerica, mas os alemães mostravam-se descontentes. Em 29 de junho de 1829, depois de acordos foram assentados no planalto de Santo Amaro, na então Província de São Paulo, os primeiros imigrantes alemães originários de Hundsrück, Estado da Renânia-Palatinado.

A opção imediata dos moradores era às atividades agrícolas, aumentando consideravelmente a produção de gêneros alimentícios para abastecer os centros urbanos. Em 1837, Santo Amaro era responsável pela produção de batatas no município de São Paulo, passando a ser considerado o "celeiro da capital", além de fornecer arroz, feijão, milho e mandioca entre outros gêneros alimentícios. Também comercializavam no mercado de São Paulo gado, aves, madeira e carvão.

Os alemães fundaram vilas como Cipó e Parelheiros, referência a parelhas de disputas entre cavaleiros alemães e caboclos brasileiros que já estavam nas proximidades, e que parece ter tido anteriormente o nome de Santa Cruz. Além disso, por ser localizada em matas naturais era de difícil acesso e por isso tiveram que abrir as primeiras estradas locais, como a antiga Estrada de Parelheiros. O economista Celso Furtado em seu livro "Formação Econômica do Brasil" cita que a causa dos problemas enfrentados nas colônias criadas pelo Governo Imperial era não terem um projeto de fundamentos econômicos, com subsídios parcos foram abandonadas e aos poucos foram perdendo seu caráter produtivo, evoluindo para simples economias de subsistência.

Mesmo assim, a região apresentou um espírito empreendedor, provendo-se de luz elétrica, além de abertura de outras estradas, como a idealizada por Henrique Schunck no início do século dezenove, localizado a sudeste da área, feita por José Reimberg, a Estrada do Periquito, em homenagem a seu apelido. Também outros em comum acordo de acesso foram abrindo picadas para o município de Embú-Guaçú, possibilitando a ocupação do vasto Sertão de Santo Amaro, termo usado à época para a localidade que tinha cursos d'água e proximidade com a imensa Mata Atlântica.

Alguns, devido ao conhecimento adquirido e trazido da Europa, sapateiros, ferreiros, e alguns que praticavam o ofício de cirurgião que na Europa era profissão considerada inferior, pois se praticavam amputações e era trabalho de grande esforço físico, bastando adquirir a "carta de cirurgião" para exercer a prática, eram estes os "médicos" de grande valia no local onde não havia médicos legais locais. Estes imigrantes precisavam se adaptar a um novo modelo de estrutura social diferente daquela exercida na terra natal, havendo um conflito de identidade deste deslocamento, com obrigações de cumprir as exigências constitucionais do Brasil independente havia criado sua Carta Magna em 1824.

Resultou assim uma característica impressionante de relações inter-raciais levando alguns alemães a se miscigenarem com caboclos locais espalhados pela região, processando a perda das características comuns, sendo até chamados caboclos louros, mas por outro lado, havia a compensação da criação de um novo modelo cultural adquirida por outras relações que não a original.

Reconhecimento e tributo nestes 180 anos da criação da Colônia Paulista aos Bauermann, Becker, Belz, Bohmer, Casper, Conrad, Christ, Emmel, Ficher, Foster, Gilcher, Glasser, Gottsfritz e outros tantos que tiveram grafias pertencentes anteriormente aos burgos alemães modificadas em alfândegas no Brasil, pois a unificação da Alemanha ainda não fora concretizada, e que se espalharam pelo interior paulista e fazem parte da bonita história da imigração alemã!

Parte deste texto foi pesquisada em obras dos professores Edmundo Zenha e Maria Helena Petrillo Berardi que estudaram em trabalhos acadêmicos a Colônia Alemã em Santo Amaro e compêndio de pesquisa do Instituto Martius-Staden sobre a colonização alemã em São Paulo, além de nomes registrados de navios aportados em Santos.

História da Região Parelheiros

História da Região Parelheiros

ÁREA e a HISTÓRIA

Situado no extremo sul do município o território de PARELHEIROS é estratégico para a vida da cidade de São Paulo. É Patrimônio Ambiental, no imediato e no futuro para o conjunto da metrópole paulista. São 360 Km 2 , representa 24% do território do município.
A rede hidrográfica alimenta as duas represas vitais que fornecem cerca de 30% da água da cidade .
É cortado por uma linha ferroviária de escoamento da produção agrícola ao porto de Santos e um ramal suburbano desativado que chega até Evangelista de Souza.
Ali, tombada pelo CONDEPHAAT (Res. SC 60 de 20.08.2003), está a notória Cratera Colônia, marco geológico produzido por meteorito faz milhões de anos, parte já ocupada por cerca de 40 mil pessoas, loteamentos irregulares, um Presídio Estadual e parte com área agrícola tradicional.
Em Parelheiros também estão duas aldeias indígenas de um subgrupo guarani com cerca de um mil habitantes. A região também recepcionou a primeira imigração alemã no Brasil no início dos anos mil e oitocentos.
POPULAÇÃO
Seguindo o atual processo de urbanização perversa, a região só não se transforma em “distrito dormitório” da metrópole devido a distância. A população crescendo de forma irregular, com baixa renda, aumenta de forma inadequada o déficit de serviços e infra-estrutura.
Em 1991 tinha 61.586 habitantes, atualmente passa a 111.240, em 2001 teve um crescimento de 86%, gerando desafio incremento de serviços, infra-estrutura e preservação do Patrimônio Ambiental herdado. O fluxo populacional poderá se incrementar ainda mais com a passagem do RODOANEL SUL . Por esta razão está colocada a necessidade de congelamento da ocupação e estabelecimento de um “cinturão verde” nas áreas de conurbação.
AMBIENTAL
Atualmente tem elevado índice pluviométrico e a mais baixa temperatura no inverno. A totalidade do território esta inserida em uma Macrozona de Proteção Ambiental (fontes e Mananciais) de:
1)Uso sustentável (áreas de uso predominantemente rural sob proteção especial);
2 ) Conservação e Recuperação (áreas urbanizadas existentes no território); e
3 ) Proteção integral (Parque Estadual da Serra do Mar).

É, portanto, a área mais preservada do município com remanescente de Mata Atlântica (62.4%), reflorestamento de cerca de 4% (pinos, eucalipto).
Inclui parte da Bacia Hidrográfica das represas Guarapiranga e Billings .A ocupação desordenada e precária do território põe em risco a quantidade e qualidade desta água.
Inclui na região a Área de Proteção Ambiental Capivari Monos com 25.000 há, (Leis, 13.136/9.06.2001 e Lei 13.706/6.01.2004 estabelecendo um Zoneamento Geoambiental), tem ainda parte do Parque Estadual da Serra do Mar. O Plano Diretor Estratégico de 2003 estabelece também a criação de 7 parques lineares.
ASPECTOS POLÍTICO ADMINISTRATIVO
A Subprefeitura, instalada em 2003, tem dois distritos, Parelheiros e Marsilac, estando ainda em fase de consolidação com carência de recursos materiais e humanos, representando desde então em uma efetiva presença do Estado na região sul do município.
OBJETIVOS ORIENTADORES DE SUSTENTÁBILIDFADE DA GESTÃOÁREA e a HISTÓRIA
1. Valorizar, Preservar e Recuperar o patrimônio ambiental para produzir água e ar de qualidade para a metrópole e uso adequados da população local.
2. Inclusão social na perspectiva da sustentabilidade em base a trabalho e renda que fortaleça a coesão social no territorial com estabilidade (economia social e solidária com cooperativismo), em base a vocação e potencialidade do patrimônio local.
3. Promover a participação intersetorial constituir e construir uma identidade local em uma visão prepositiva de uso do patrimônio ambiental de forma sustentável e ao serviço do bem comum.
4. Garantir que ações do governo local sejam universalizadas e democraticamente acompanhadas de forma transparente pela população organizada, desenvolvendo um sentido de pertença.
5. Gestão pública com políticas de satisfação das demandas com desenvolvimento local equilibrado sintonizando a Preservação e Proteção dos Mananciais como patrimônio coletivo local.AS AÇÕES DO GOVERNO LOCAL PARA ALCANÇAR OS OBJETIVOS
1. Promover o turismo sustentável e adequado.
2. Desenvolvimento de uma economia rural adequada.
3. Saneamento sustentável.
4. Inclusão social da população local através de trabalho e renda.
5. Gestão pública participativa e de reciprocidade compartilhada.
PONTOS FRACOS E FORTES PARA O DESENVOLVIMENTO PONTOS FRACOS
1. ÌDH baixo sintonizado ao estilo de ocupação do território, baixo valor imobiliário.
2. Refugiados da “ da exclusão social da metrópole ”: oito de cada 10 são imigrantes.
3. Loteamentos irregulares com invasões de áreas públicas e privadas.
4. 56 favelas.
5. Falta de clareza da propriedade fundiária dificulta cobrar responsabilidade.
6. Desajuste entre: crescimento populacional e crescimento dos serviços.
7. Frágil coesão social: “ capital social” ou “ fator comunidade”.
8. Desafio: inclusão social com congelamento da ocupação predatória.
9. Deficiências em equipamentos: bancos, Correio, serviços.
10. Áreas de conurbação com Embu-Guaçu e Capela do Socorro.

PONTOS FORTES
• Patrimônio ambiental com potencial destino ao turismo, lazer e recreação.
• Produção de água para a região metropolitana.
• Reserva de mata atlântica com potencial de “crédito de carbono” e produção florestal.
• Potencial de exploração do das atuais matas exóticas de pinos e eucalipto.
• Maior área agrícola do município com potencial produtivo.
• Potenciar o desenvolvimento do conceito de “ equipamentos verdes de serviço ” como especificidade da região para gerar trabalho e renda: Clubes, Condomínios de alto padrão, áreas de lazer e recreação , áreas de eventos e equipamentos de turismo receptivo, educacional e cultural .
• Exploração do ECOTURiSMO; cultural, educacional; acampamentos, esportes radicais, raffing, etc.
LINHAS DE SUPORTE PARA CONSOLIDAÇÃO
• Consolidar a Subprefeitura como instrumento público de promoção e funcionamento republicano, estimular a intersetorialidade Municipal e Estadual.
• Promoção da recuperação da identidade regionais através da festa 178 anos e Juninas.
• Promover recuperação de valores históricos no intercâmbio Alemanha-Parelheiros.
• Promoção da organização da sociedade civil : Empresários, do Comercio, Turismo, Associações e Times de Futebol.
• Valorizar e relançar a “ Casa da Agricultura Ecológica ” com uma perspectiva de política agrícola regional.
• PORTAL DAS ÁGUAS, lançamento da pedra fundamental e construção para identidade.
• Centro de Cidadania da Mulher (mulheres).
• Promoção do Setor Social da Economia (cooperativas, coleta seletiva).
• Valorização e sintonia com diretrizes do Plano Diretor Estratégico.
• Sistema de Conserveiros Rurais em parceria com entidades locais ou comunidade reunida por vias.
• Conselho de Fronteira com Embu-Guaçu.
• Pactos locais de responsabilidade recíproca: ruas, planejamento de bairros buscando a interlocução responsável para o PLANO DE BAIRRO.

APA CAPIVARI-MONOS

Link: http://www.apacapivari.cnpm.embrapa.br
A Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos , criada pela Lei nº 13.136, de 9 de junho de 2001, e regulamentada pela Lei nº 13,706, de 6 de janeiro de 2004, que estabelece o Zoneamento Geoambiental da APA, enquadra-se na Macroárea de Uso Sustentável que executa o Parque Estadual da Serra do Mar, Unidade de Conservação de Proteção Integral enquadrada na Zona Especial de Preservação – ZEP, as áreas indígenas Krukutu e Morro da Saudade. Com área de 251 Km2, sendo 20% no distrito de Parelheiros e 80% no distrito de Marsilac. Gerenciada pelo Conselho Gestor paritário. Presidida por um funcionário da SVMA.O Conselho tem uma secretária executiva a cargo da Subprefeitura de Parelheiros, a qual cabe organizar, assessorar, secretariar e operacionalizar o funcionamento do Conselho.Os representantes do Conselho foram eleitos (sociedade civil) e designados (poder público), tendo sido empossados em 18 de maio de 2005.A APA tem por objetivo promover o desenvolvimento sustentável da região, conciliando proteção dos recursos hídricos e dos remanescentes florestais com geração de renda e melhoria da qualidade de vida da população. Nela vivem cerca de 70.000 habitantes, com alta exclusão social.
PRINCÍPIOS, OBJETIVOS E ORIENTADORES DE UMA GESTÃO SUSTENTÁVEL
1- Valorizar, Preservar e Recuperar o patrimônio ambiental para produzir água e ar de qualidade para a metrópole e uso adequados da população local.
2- Inclusão social na perspectiva da sustentabilidade em base a trabalho e renda que fortaleça a coesão social no território com estabilidade (economia social e solidária com cooperativismo), em base a vocação e potencialidade do patrimônio local.
3- Promover a participação intersetorial constituir e construir uma identidade local em uma visão propositiva de uso do patrimônio ambiental de forma sustentável e ao serviço do bem comum.
4- Garantir que ações do governo local sejam universalizadas e democraticamente acompanhadas de forma transparente pela população organizada, desenvolvendo um sentido de pertença.
5- Uma gestão pública com políticas de satisfação das demandas orientadas ao desenvolvimento local equilibrado sintonizando a Preservação e Proteção dos Mananciais como um patrimônio coletivo local.
AS AÇÕES DO GOVERNO LOCAL PARA ALCANÇAR OS OBJETIVOS
1-Promover o turismo sustentável e adequado.
2-Desenvolvimento de uma economia rural adequada.
3-Saneamento sustentável.
4-Inclusão social da população local através de trabalho e renda.
5-Gestão pública participativa e de reciprocidade compartilhada.

PRAÇA DO TRABALHADOR
Praça do Trabalhador é o principal ponto de entrada da Subprefeitura de Parelheiros a partir do centro da cidade. Faz limite com a Subprefeitura da Capela do Socorro.O Subprefeito, planeja implantar no local um portal de entrada simbolizando a Usina de Águas da Cidade de São Paulo, pois a região de Parelheiros é que mais contribui para a manutenção dos reservatórios Billings e Guarapiranga, pela sua vasta área coberta por vegetação de Mata Atlântica e áreas agrícolas.A Subprefeitura de Parelheiros compreende 24% do território da capital, totalizando 360 km 2 , e adquiriu autonomia política em 2002, quando foi desmembrada da administração da capela do Socorro.Sua população em 2000, segundo o Censo do IBGE, era de 111.000 habitantes. Estima-se que atualmente esteja próximo dos 200.000.

COLONIZAÇÃO Japonesa em Parelheiros. (AGRICULTURA)

Em meados do século XX, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, diversos japoneses desembarcaram no Porto de Santos. Grande parte deles ficaram no chamado Cinturão Verde Metropolitano de São Paulo, área que circunda a Metrópole Paulistana, abrangendo diversos municípios da região metropolitana de São Paulo, inclusive a própria capital, que tem como foco de povoação nipônica as Zonas Sul e Leste. Na Zona Sul de São Paulo, eles fixaram residência nos Distritos de Marsilac, Parelheiros, Grajaú e Jardim Ângela, onde na época da imigração, predominavam o Uso Rural do Território.Assim, os bairros de Jaceguava e Casa Grande – que fazem parte da Subprefeitura de Parelheiros – foram sendo ocupados por famílias japonesas, onde estas se dedicavam ao trabalho agrícola, destacando-se no setor de hortifrutigranjeiros, tornando-se importantes fornecedores deste gênero ao abastecimento da metrópole.Solo Sagrado da Igreja Messiânica. Os primeiros estudos sobre a concepção física do Solo Sagrado de Guarapiranga iniciaram-se em 1986 com reuniões semanais de um grupo de engenheiros e arquitetos voluntários. O grupo fazia estudos de anteprojetos e da filosofia de Mokiti Okada em busca de ampla visão dos conceitos de harmonia entre a beleza criada peloser humano e o elemento Natureza.À participação dos técnicos, somou-se a dedicação voluntária de mais de 73.000 messiânicos de todo o Brasil e do exterior, seja pelo trabalho braçal ou pelas contribuições em dinheiro, para esse que é um dos maiores jardins particulares da América Latina. As primeiras sondagens do terreno feitas em março de 1989 já davam o sinal verde para o início da construção, mas os diversos contratos dos sistemas hidráulico, elétrico, de sonorização etc. tiveram de ser efeitos com a mudança do projeto inicial. Enfim, em maio de 1991, as obras tiveram seu início e foram concluídas em outubro de 1995, tudo concretizado pelo amor, união e a dedicação de toda a comunidade messiânica.Loteamentos IrregularesEm busca de alojamento barato, uma população bastante numerosa escolheu os mananciais de Santo Amaro para residir. A possibilidade de encontrar aluguéis mais baixos ou até casa própria, com algum sacrifício, surgiam os numerosos loteamentos, muitos deles irregulares, devido à publicação da lei estadual de Proteção aos Mananciais em 1976.A inexistência de grandes espaços em áreas urbanas acabou por tomar os terrenos dos caipiras santamarenses, de solo esgotado por roças rudimentares. Lotear suas propriedades foi a saída vista pelos proprietários de terra, pois o aumento de impostos territoriais veio encarecer as grandes propriedades. A solução foi dividir as chácaras e sítios em loteamentos, dando lugar ao aparecimento de “vilas”, “jardins”, “parques”, etc, deixando que os interesses da especulação imobiliária determinassem a localização de moradia da população trabalhadora, acentuando-se, no delineamento do traçado urbano, o desordenamento no uso do solo. Colocando o poder público a serviço dos especuladores imobiliários, pois após a criação dos loteamentos, regulares ou não, o Estado se via obrigado a prover o bairro de infra-estrutura básica urbana, prevista em constituição: água, luz e transporte.

PARELHEIROS

Na região de Parelheiros, já havia alguns caboclos antes da vinda dos alemães (1829). O lugar recebeu este nome devido às diversas corridas de cavalos (parelhas) entre germânicos e brasílicos. Antes era conhecido como Santa Cruz, porque existia uma Cruz no local, colocada por um devoto chamado Amaro de Pontes.Parelheiros se destaca em relação à Colônia Paulista pelo fato de haver uma estrada aberta no século XIX, por iniciativa de Henrique Schunck (alemão), pai do fundador de Cipó (hoje distrito de Embu-Guaçu). A estrada de Parelheiros, atual Avenida Sadamu Inoue, ligava as vilas de Embu-Guaçu e São José, de onde se podia partir para Rio Bonito e Santo Amaro, evitando, assim, a passagem pela Colônia, onde havia a mais antiga estrada da Conceição.

CRATERA DE COLÔNIA

Estima-se que a Cratera tenha sido formada devido ao choque de um meteorito (corpo celeste), há cerca de 30 milhões de anos, resultando numa depressão circular de aproximadamente 3,6 Km de diâmetro.No Brasil existem apenas cinco destas estruturas, e cerca de 70 no mundo todo. Porém, a Cratera de Colônia é a mais próxima de um ambiente urbano (está a 30 Km do Centro da Cidade). Por isso, é um patrimônio natural tombado pelo CONDEPHAAT.Em seu interior há uma coluna de sedimentos de 400 metros de profundidade que através de estudos de datação é possível identificar alguns fatores paleoclimáticos, biogeográficos e até arqueológicos da história natural e de ocupação, tanto do antigo sertão santamarense como do próprio planalto paulista.Em 1989, iniciou a ocupação do Condomínio Vargem Grande, um enorme bairro irregular que se formou nos limites da cratera. Atualmente este condomínio abriga cerca de 40.000 pessoas.Evangelista de SouzaAntiga estação da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS), construída pelos barões do café paulista de 1919 a 1938 para competir com a ferrovia”inglesa” no transporte de café do interior do Estado para o porto de Santos.Enquanto a “inglesa” , como era chamada à época, administrada pela companhia São Paulo Railway, utilizava um complexo sistema de trilhos, engrenagens e correntes para ligar o Planalto Paulista ao litoral, descendo a serra abruptamente via Paranapiacaba, a Sorocabana.Projetava-se na paisagem da escarpa da Serra do Mar com uma sensível inclinação de 6º, partindo da região de Evangelista de Souza até a cidade de São Vicente. No entanto, para isto, foi necessária a construção de 27 túneis na serra, além de diversas pontes e cortes / aterros.A vantagem da Sorocabana sobre a “inglesa” se deu principalmente devido ao fato de permitir uma maior velocidade de descida, além da possibilidade de transportar cargas mais pesadas, que aumentariam os lucros dos barões do café. No entanto, ao final da construção da estrada, o café já não era mais o maior produto de exportação brasileiro.A partir da década de 1960, com a construção do ramal Jurubatuba, Evangelista de Souza passou a contectar-se diretamente a Osasco, fortalecendo o complexo que se instalava em Santo Amaro ao redor do canal do Rio Pinheiros.Até meados da década de 1990 era possível viajar pela Serra do Mar via Evangelista em trens de passageiro que partiam da Barra Funda e Embu-Guaçu, alguns até turísticos, com vagão restaurante e poltronas reclináveis. Atualmente passam por Evangelista grande parte da produção de soja brasileira, do Centro-Oeste ao porto de Santos.Existe na prefeitura uma proposta de implantação de um pólo turístico no local, com a reativação de trens de passeio.Represa Guarapiranga. Construída entre 1906 e 1912 pela empresa canadense The São Paulo Trainway, Light and Power Company Limited, mais conhecida com “Light” pelos paulistanos, a Represa Guarapiranga tinha como primeira função regular a vazão do Rio Pinheiros para a geração de energia do Rio Tietê da Usina Hidrelétrica Edgar de Souza em Santana de Parnaíba, que fornecia eletricidade para a capital.Nesta época Santo Amaro ainda era um município independente, predominantemente rural, tradicionalmente caipira, berço de diversos bandeirantes como Fernão Dias Paes Leme (o caçador de esmeraldas) e Borba Gato, seu genro, que no século XVII administrou a cidade de Mariana nas Minas Gerais.Apesar de sua função principal – regulagem de vazão – o reservatório do Rio Guarapiranga passou a ser utilizado como área de lazer pelos paulistanos, que construíram diversos clubes (regatas, golfe, campo, etc), chácaras de recreio, praias, chegando a receber o título de primeiro passeio do paulistano do início do século XX.Na década de 1920, um conhecido aviador italiano, o comandante De Pennedo, realiza um pouso histórico com seu hidroavião nas águas da represa. Ele havia atravessado todo o Atlântico, a partir de Gênova, com destino a São Paulo.Com a construção da Represa Billings em 1926, a Guarapiranga passa a servir como fonte de abastecimento para diversas cidades do entorno.Em 1935, Santo Amaro é anexado à capital, sob muitos protestos dos Santamarenses que não aceitavam uma cidade em pleno progresso, como vinha passando, ser anexada. Porém, este era um plano estratégico do Estado, pois em Santo Amaro estavam os principais reservatórios da região que se tornaria a maior do Hemisfério Sul.

PARELHEIROS EM NÚMEROS

População Total: 111.240Área ( em Km2 ): 360
SAÚDE
Hospitais: 0
Unidades Básicas de Saúde: 6
Taxa de Mortalidade Infantil: 19,75 (menores de um ano por mil nascidos vivos)
EDUCAÇÃO
Escolas de Ensino Infantil: 4
Escolas de Ensino Fundamental: 5
Creches: 12
CEU: 1
SEGURANÇA
Distrito policial: 4
CULTURA e LAZER
Clubes da Cidade: 0
Clubes Desportivos Municipais: o
Biblioteca: 0
Teatro: 0
DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Favelas: 55
População Favelada: 20.000
Chefes de família sem rendimentos: 30%
Chefes de família com renda de até 5 salários mínimos: 30%
Agências dos Correios: 0
TRANSPORTES
Terminais Municipais de Ônibus: 2
Corredores de Ônibus: 0
Estação de Metrô: 0
RELIGIÃO
Seminários: 2
Casa de Retiro Espiritual: 2
Paróquias: 8
Comunidades: 21
Congregações Religiosas: 2

© 2007-2010 Paróquia São Francisco e São Rafael. Todos os direitos reservados. Fornecido por W4Studio.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Cieja Parelheiros nos passos do Projeto Aprendiz. Sonhos em uma tarde de Inverno.

  • Diálogos oníricos-padagógicos-estelares: Norberto e Calasans divagam acerca da Constelação de Órion.
    Jerry Batista e Sérgio afinam o traço. A grande arte se apresenta.

    Jonato, o Da Vinci da Perifa, auxilia na formação da pirâmide que chegará ao céu.



    A Coordenadora Fátima atina a rima e segue os devaneios das cores.



    Mosaícos e lambe-lambe: os alunos em estado de arte.





quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Praça do Trabalhador, Parelheiros, Brasil.

A Praça do Trabalhador, localizada no extremo Sul da cidade de São Paulo, não é apenas um logradouro público, uma praça. A Praça do Trabalhador é uma referência Histórica dos movimentos populares por moradia, saúde, educação, cidadania e dignidade.
Por estar localizada na confluência de importantes vias da região de Parelheiros, sendo local de passagem para os moradores de Varginha, Parelheiros, Cipó, Embu-Guaçu, Marcilac, entre outros bairros e municípios do extremo sul, a praça era um local de encontro das lideranças populares para manifestações e reivindicações, além do local servir de local de festa para rememorar as lutas e conquistas do Primeiro de Maio na região.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Banksy, imagens.
















Banksy, imagens.
















Banksy

Banksy é o anônimo mais famoso que existe. Seu nome solicitado ao Google gera mais de um milhão de páginas. Bansky ficou anonimamente famoso com a sua streetart, com os seus graffiti inicialmente pintados em Bristol na Inglaterra, mas depois em várias outras cidades do mundo.
Os locais por ele escolhido são os mais diversificados. Tanto pode ser um muro em um local abandonado, como uma parede de uma loja em uma rua bem movimentada de uma metrópole; pode ser Berlin, em um monumento russo, ou na Faixa de Gaza. (…)
No início do ano passado a famosa Sotheby de Londres vendeu um quadro de Banksy por 80.000 euros. Alguns graffiti de Banksy valem mais do que as próprias casas nas quais eles foram pintados. Sua técnica é a do estêncil que ele prepara cuidadosamente em casa e na rua basta o tempo para fixá-lo, ou fixá-los se vários, e utilizar o spray.

Banksy

Cooperifa é poesia no ar. Por PAULA FARIAS.

COOPERIFA - Quilombo do século XXI














Na Rua Bartolomeu Gomes, 797 na Chácara Santana Zona Sul de São Paulo, a lua brilhava no céu estrelado, era noite de jogo do campeonato paulista e o povo da periferia mais uma vez preferiu se reunir para fazer arte, recitar poesias, em mais um sarau da COOPERIFA, idealizado pelo poeta Sergio Vaz.
Há nove anos em que todas as quartas feiras ás 21h, no bar do Zé Batidão esses poetas, se reúnem, a televisão é desligada e a alienação é superada. Pelas poesias, que são recitadas pelas mais diversas pessoas: donas de casa, motoboys, ambulantes, estudantes, crianças, desempregados, rappers, homens, mulheres, novos e velhos. Sem distinção, unidos pelo sentimento de se manifestar através da poesia.
A diversidade não está somente nas pessoas que participam do sarau, mas também nos poemas: amor, sexo, exclusão social, injustiças, criticas, saudades da infância e algumas homenagens, cada um se expressa livremente. Na COOPERIFA não há palco, ninguém fica mais alto que outro, é uma forma de igualdade e o silêncio é uma prece na hora do recital, todos atentos a cada palavra pronunciada, a cada gesto. O poeta vai até o microfone e recita não só com a voz, mas com a alma, há toda uma interpretação das palavras, a emoção sempre a flor da pele, causando arrepio a quem assistir e depois a explosão de aplausos é o reconhecimento pelo talento.
A COOPERIFA já se tornou um movimento cultural da periferia, um novo quilombo, um espaço voltado para a comunidade que desperta curiosidade de quem ainda não conhece foi o que aconteceu com a Dida 36, que mora no interior de São Paulo, conheceu o sarau através de uma amiga que já participava: “Fiquei impressionada, toda a comunidade participa, surpreendente ver todas essas pessoas reunidas, em uma quarta feira a noite, fazendo poesia, isso desperta a curiosidade, a cultura periférica está se organizando despertando…”comenta Dida, com uma nítida expressão de encantamento por tudo que esta vivendo esta noite.
As transformações que a COOPERIFA vem fazendo ao longo desses nove anos de existência impressionam, o resgate da auto-estima de tantas pessoas que vivem entre becos e vielas, que encontraram no sarau uma esperança, uma mudança de vida.
Foi justamente o que aconteceu com o Jairo,40 taxista, que participa do projeto há oito anos” fui estimulado a escrever desde que conheci a COOPERIFA, tinha vontade antes mas não me achava capaz, e agora percebi que posso sim , não importar o fato de morar na periferia, e isto me despertou esta vontade de mudar, minha vida se divide entre antes e depois de conhecer a COOPERIFA, atualmente tenho um grupo de Rap Periafricania ,e trabalho como educador social na Fundação Casa, na unidade da Vila Maria,levando arte, poesia , rap e cultura para os menores…relata Jairo.
A COOPERIFA traz a comunidade para o movimento para ouvir uma poesia, assistir o cinema da laje, mas infelizmente algumas pessoas ainda estão presas a alienação, televisão mesmo morando ao lado do projeto. Boa partes das pessoas que conhecem a COOPERIFA acabam se identificando e permanecendo no projeto. No começo eram vinte pessoas, hoje são trezentas. Aqui a arte é falada, sentida. É o palco dos artistas sem palco. Isso transformou minha vida… Conclui Jairo, com um brilho no olhar de quem realmente sentiu a mudança através da cultura periférica.
A COOPERIFA vem mostrando ao longo dos anos, que militar é uma das principais formas para transformar a realidade da periferia.
A periferia não pode ficar esperando o poder publico fazer algo, o conhecimento, a informação, são elementos fundamentais nas mudanças, e já que isso muitas vezes é negado para as comunidades carentes, então somente criando movimentos alternativos é q as transformações almejadas serão alcançadas.
A COOPERIFA cria novos eventos a cada ano, como o que acontece no Dia Internacional da Mulher, é uma manifestação batizada de Ajoelhaço, os homens se ajoelham e pedem perdão para as mulheres pelas faltas cometidas ao longo da história. Em 2007 criaram o Poesia No Ar, foram trezentas bexigas com poesias dentro que foram lançadas as 23h no céu de São Paulo, uma conseqüência marcante foi a visita de uma moradora do bairro de Pinheiros que recebeu uma bexiga e foi visitar a COOPERIFA.
COOPERIFA é um movimento Antropofágico. Baseado no importante evento artístico de 1922 no Brasil .Criou-se então a Semana de Arte da Periferia ,contou com a participação de artistas de variados segmentos e foi de visitada por pessoas de varias regiões de São Paulo.
Esta semana marcou a vida de muitas pessoas que nunca tinham sequer assistido uma peça de teatro, ou qualquer outro evento artístico.
A periferia esta aprendendo a produzir seu próprio conhecimento, talentos antes escondidos estão florescendo, no campo da arte de escrever
COOPERIFA é o Quilombo Vivo, é o espaço acolhedor, transformando a concepção das pessoas, e mostrando o quanto elas são capazes de produzir arte independentemente do lugar onde elas vivem. Fugir da periferia não é a solução transformá-la em um lugar melhor para se viver, é o objetivo deste movimento social periférico.
MATÉRIA, REPÓRTER DO SITE RAP NACIONAL.
ESTUDANTE DE JORNALISMNO: PAULA FARIAS




A História do graffiti…

A História do graffiti…

A palavra graffitis vem do Italiano “graffitis”. Graffiti significa em Latim e Italiano “escritas feitas em carvão” grafiti vem da palavra “graphein”, que em Grego significa escrever, sendo também o nome que se dá ao material de carbono que compõe o lápis, de onde se conclui que graffitis tem tudo a ver com escrever com carvão.Graffiti é um termo tão antigo quanto a velha Roma.Os Romanos tinham o costume de escrever com carvão nas paredes das suas construções.Se analisarmos em termos mais genéricos ainda, até mesmo as pinturas rupestres, dos Homens das cavernas, podem ser consideradas uma forma Pré-Histórica do graffite. Milhares de anos depois destas civilizações, sem que acontece-se praticamente nada parecido com graffiti, no final da década de 60 e o início da década de 70 no nosso século, jovens do Bairro do Branx restabeleceram esta forma de arte, mas desta vez não com carvão e sim com Spray, criando um novo diálogo de grafite, colorido e muito mais rico, tanto visualmente quanto no conteúdo de mensagens que eram passadas. Há duas teorias que explicam a origem dos graffiteiros modernos e uma complementa a outra: há quem diga que o graffite surgiu do Hip Hop (cultura de rua originária dos guetos Americanos, que une o Rap, o Break, e o Graffite). A outra afirma que o grafite tenha surgido em Nova York e de lá se espalhou pelo mundo. Desde o início os artistas eram chamados de Writerse (escritores), costumavam escrever os seus próprios nomes ou chamar a atenção para problemas do governo ou questões sociais da realidade em que viviam.Tais desenhos eram feitos, na maioria em trens porque o verdadeiro interesse do graffiteiro era passar aquela mensagem para o maior número de pessoas. Outro modo de passar a sua mensagem era os muros das cidades.Ocorreu um avanço no mundo do graffiti, graffiteiros criaram os chamados “Togs” que são na verdade como uma marca registada, ou seja, as suas assinaturas. Alguns até criam figuras, personagens, usados nos seus grafites, as chamadas “bonecos”. Para finalizar, o graffiti surgiu nos EUA e hoje está nas maiores cidades do mundo.

Calasans, CIEJA Parelheiros.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

PPE História.

Atenção alunos PPE História 2010.

Atidades para os 3º e 4º Bimestres.

1º ano Ensino Médio.

3º Bimestre:

Pesquisa:
- Império Romano;
- Deuses em Roma;
- Crise do Império Romano.

4º Bimestre:

- Feudalismo;
- Arquitetura Românica e Gótica;
- Igreja Católica na Idade Média.
- Resenha do Filme: O Nome da Rosa.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Planejamento

Planejamento de aulas CIEJA- Parelheiros 2°

O Povo Brasileiro:
-Matriz indígena;
-Matriz lusitana;
-Matriz afro.

Heranças culturais da Matriz africana.

Manifestações culturais de origem africana.
-Hip Hop;
-Funk;
-Soul;
-Samba;
-Congada;
-Maracatu;
-Candomblé;
-Umbanda.

Espaços nas cidades africanas.
Resistência nos Quilombos e o uso dos espaço coletivo.
Cidades mineiras.
Arete e arquitetura Barroca.
São Paulo nos séculos XIX e XX.
Café e industrialização.
Movimento operário.
A reforma da Praça da Sé.
Rio de Janeiro de Pereira Passos.
A Revolta da Vacina.
Imigração Alemã em Parelheiros.
Praça e política na República.
-Os anarquistas;
-Era Vargas;
-Golpe de 64;
-Campanha das Diretas Já.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

MILTON SANTOS: POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO - A DE TODOS

Délio Mendes


Para o mundo intelectual brasileiro entrou em encantamento um dos seus principais pensadores. E se encantou em plena produção, no seu momento mais fértil. Produzia uma crítica à globalização considerando que a mesma tem sido levada a efeito do ponto de vista do capital financeiro. Propunha uma outra globalização. Intelectual estudioso do espaço e do tempo, compreendeu, em seu tempo, o espaço como produção do homem na relação com a totalidade da natureza e a intermediação da técnica. Técnica que corresponde a um tempo determinado pela produção dos homens. Homem do seu tempo, Milton Santos se fez presente em todos os grandes embates intelectuais da última metade do século passado. O seu tempo e o seu espaço foram o tempo e o espaço da globalização. Que ele queria que fosse outra. Ou melhor, a outra, a globalização de todos os excluídos, resgatados em uma sinfonia de humanização. Milton se fez maestro da paz e da felicidade. Felicidade de todos. Buscou uma globalização que unisse todas as mulheres e todos os homens, sob égide do encontro.
Conheci Milton, no Recife, em 1978, quando estava às voltas com Pobreza urbana. Inovava ao compreender o mundo formal e informal, como duas faces de um circuito comandado desde a acumulação ampliada do capital.[1] Inovava e agitava. Milton era, sobretudo, um agitador. Agitador de idéias, no melhor sentido de um intelectual da sua estatura. Avesso aos partidarismos, falava da isenção do intelectual para exercitar a crítica. Por isso, sempre esteve radicalmente ao lado do seu povo. Em Pobreza urbana se faz crítico de um debate sobre a desigualdade que se presta, mais e muito mais, à louvação mesquinha de intelectuais vazios entre si, do que a colocação correta e crítica dos grandes problemas da exclusão. “Indubitavelmente, o tom de certos trabalhos, nos quais o jogo conhecido das referências recíprocas entre autores "freqüentemente substitui uma análise dos fatos, tem contribuído para a perpetuação do debate, que, embora pretenda atacar o problema em profundidade, perde-se numa guerrilha semântica confusa.”[2] Esta crítica direta acompanha uma análise da produção intelectual da pobreza que, segundo Milton, pouco tinha contribuído para a resolução dos problemas da pobreza. Para este jogo de vaidades não se contava com a sua participação.
A história do homem, compreendida como a história da superação, faz do autor de Pobreza urbana, um profeta da evolução. “A história do homem sobre a terra é a história de uma ruptura progressiva entre o homem e o entorno. Esse processo se acelera quando, praticamente ao mesmo tempo, o homem se descobre como indivíduo e inicia a mecanização do Planeta, armando-se de novos instrumentos para poder dominá-lo. A natureza artificializada marca uma grande mudança na história da natureza humana. Hoje, com a tecnociência, alcançamos o estágio supremo dessa evolução.”[3] A visão da técnica, do espaço e do tempo, assume, nesta compreensão, um caráter inovador, na medida em que passa a apreender a dimensão da história, da história de temporalidades técnicas que permite produzir uma sociedade determinada, empregando, de acordo com a técnica predominante, uma certa quantidade de trabalho humano. Milton abre o conceito de território, mostrando-o como o lugar do drama social “Bom, há nessa desordem a oportunidade intelectual de nos deixar ver como o território revela o drama da nação, porque ele é, eu creio, muito mais visível através do território do que por intermédio de qualquer outra instância da sociedade. A minha impressão é que o território, revela as contradições muito mais fortemente.”[4] Da relação técnica, espaço e tempo, revela-se a história, ou melhor, uma outra história, no palco iluminado expresso no território. Esta outra história aponta para as desigualdades. Faz emergir a exclusão da maioria da população concentrada em um território degradado, onde pobres de todas as naturezas lutam contra todos os carecimentos.
Milton se mostra mais crítico no livro recente Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal[5], onde nos aponta para um mundo de difícil percepção por conta da confusão reinante que nos tem levado à perplexidade. Portanto, toma para análise a realidade relacional do ser humano, e a esta realidade relacional perversa atribui os males revelados pelo território. Não aceita explicações mecanicistas pelo seu caráter insuficiente. Atribuindo ao desenrolar da história, capitaneada por determinados segmentos da sociedade, os males que tornam difícil a vida da maioria das mulheres e dos homens. Coloca na base deste processo confuso a tirania do dinheiro e da informação, transcende a Marx, e o dinheiro passa a produzir dinheiro, dominando o mundo da produção de mercadorias. Especulação, financeirização. A globalização é feita menor, sob a égide dos bancos e dos banqueiros, criando uma fábrica de perversidades. “O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes.”[6]
Caminhando no terreno da mais valia global, Por uma outra globalização apreende o papel dos intelectuais. Todos trabalhando a ampliação desta mais valia. Trabalhando para ampliar a produtividade como se este fosse um trabalho abstrato, e não a produção de urna vantagem para o capital.[7] É preciso reconhecer este momento e a sua peculiaridade. A de ser um momento para o capital. E todas as ações movem-se na direção do reproduzir para os ricos. Entretanto, se esta é uma constatação, não é, felizmente, uma fatalidade. Milton nos aponta para um outro conhecimento. Para a possibilidade de conhecer, para a liberdade do ser humano. Para modificar o mundo. Para que o conhecimento se produza no interior da crítica, sem abstrações alienantes, sem reconhecimentos incompletos que produzem falsas compreensões e encobrem os verdadeiros dramas sociais. E assim, pode-se evitar a espera para que cresça o bolo, evitando a indigência de uma quantidade grande de seres humanos.
É o início de uma outra cognoscibilidade do planeta. Um planeta que conta com todas as possibilidades de ser desvendado. Mas, nem sempre o conhecer é possível. A informação nem sempre se propõe a informar, e sim a convencer acerca das possibilidades e das vantagens das mercadorias. "O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde.”[8] A contradição se faz e se refaz na impossibilidade de se produzir, de imediato, uma informação libertadora. A alienação é a face que brota aguda da globalização financeira, da globalização do dinheiro. Encanta-se o mundo. O princípio e o fim são o discurso e a retórica. Então o que fica para o ser comum é a farsa do consumo. Não há referência à transformação do espaço e do tempo. O homem consumidor caminha no espaço do desconhecimento do mundo relacional e do falso e alardeado conhecimento do mundo das mercadorias. O fetiche, como e desde sempre, se realiza no ocultamento do valor de troca e no falso evidenciamento do valor de uso. É a utilidade que aparece, e que é proclamada em todo o universo informacional. Fala-se ao peito sangrando das mulheres e homens que não são consumidores. Para a competitividade, tem-se de chamar os consumidores, tem-se que oferecer o melhor, o mais barato, produzido desde a produtividade aumentada pelo trabalho dos intelectuais. Tudo para melhorar a competitividade.
Para Milton, a competitividade é ausência de compaixão. Tem a guerra como norma, e privilegia sempre os mais fortes em detrimento dos mais fracos. Busca fôlego na economia e despreza os que pensam mais para além. "Para tudo isso, também contribuiu a perda da influência da filosofia na formulação das ciências sociais, cuja interdisciplinaridade acaba por buscar inspiração na economia.”[9] Esta é uma das mais importantes reflexões levadas a efeito no interior de Por uma outra, na medida em que coloca um ponto focal que não é localizado costumeiramente no campo da ideologia. Cientistas sociais dos mais diferentes matizes sucumbem aos encantos da facilidade dos números e do falso realismo de uma formulação econômica ideologizada, que esquece os seres humanos e os substitui pelas equações e as tabelas estatísticas que ilusionam os dirigentes e metem medo a todos os que não querem padecer no inferno apontado pelos proclamadores da nova única. Se não aceitas as premissas e as evidências das projeções estatísticas da nova única, serás responsável pelo caos que há de vir.
Empobrece a ciência social em geral, nada para além da numerologia estatística. Investir nos setores sociais acarreta um custo que o capital não se propõe a pagar, e a ciência se curva, entra em letargia, deixa o mundo nas mãos dos economistas que vão levá-lo adiante de mãos com a lógica da relação produto capital e da competitividade. A ciência humana se faz pobre para interpretar um mundo confuso e conturbado e, desde logo, tudo a ciência econômica. Este enfoque modernoso atinge por caminhos nunca dantes navegados a maioria das falas e dos discursos. Grandes farsas são inventadas e reinventadas. O privilégio continua privilegiando o privilegiado. "Os atores mais poderosos se reservam os melhores pedaços do território.”[10] Inclusive do território do pensar para impedir o pensar. Apoderam-se das mentes e dos corações e, por conseqüência, das vidas no pleno movimento da vivência. Tudo isto no mundo da competitividade. A competitividade revela a essência do território, os lugares apontam para as lutas sociais, trazendo a tona virtudes e fraquezas dos atores da vida política e da sociedade.
A cidadania se torna menor do que sua percepção. O cidadão pretende transcender o seu espaço primitivo. Todavia, o mundo, expresso desigualmente, não tem como regular os lugares em suas diversidades e, por conseqüência, a cidadania se faz menor. A desigualdade aponta a impossibilidade da generalização da cidadania. O espaço é esquizofrênico na expressão da exclusão social. Uns homens sentem-se mais cidadãos do que outros. Mas estes homens são apenas consumidores, pois a cidadania depende de sua generalização. Não existem cidadãos num mundo apartado. Não se é cidadão em um espaço onde todos não o são. São consumidores os que expressam direitos e deveres no âmbito do mercado e não no âmbito do espaço público, onde a política é realizada e o poder distribuído. Portanto, este é um mundo de alguns consumidores e poucos, pouquíssimos cidadãos. É preciso construir a cidadania.
A transição (conclusão)
O novo nasce sem que se perceba. Quase na sombra, o mundo muda de maneira imperceptível, todavia constante. Neste início de século, temos a consciência de que estamos vivendo uma nova realidade. As transformações atuais colocam os homens em permanente estado de perplexidade. A poluição e a desertificação se alastram, a super população e as tecno-epidemias etc., tornam o mundo diverso negativamente. A pobreza e a desigualdade, são produtos desta forma da produção do modo civilizatório capitalista. Este novo apresenta diferentes faces. Tudo isto como conseqüência da desestruturação da ordem industrial. O atual período histórico não é apenas a continuação do capitalismo ocidental, é mais. Melhor, é muito mais, é a transição para uma nova civilização. Esta transição que está em curso é preocupante para determinadas sociedades, desprotegidas na guerra das nações pela primazia na história
Milton chama atenção para esta realidade. "No caso do mundo atual, temos a consciência de viver um novo período, mas o novo que mais facilmente apreende-se diz respeito à utilização de formidáveis recursos da técnica e da ciência pelas novas formas do grande capital, apoiado por formas institucionais igualmente novas. Não se pode dizer que a globalização seja, semelhante às ondas anteriores, nem mesmo uma continuação do que havia antes, exatamente porque as condições de sua realização mudaram radicalmente. É somente agora que a humanidade está podendo contar com essa nova realidade técnica, providenciada pelo que se está chamando de técnica informacional. Chegamos a um outro século e o homem, por meio dos avanços da ciência, produz um sistema de técnicas da informação. Estas passam a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando a presença planetária desse novo sistema técnico."[11]
É necessário, para compreender esse novo, o conhecimento de dois elementos fundamentais na formação social das nações: a formação técnica e a formação política. Uma permite a compreensão dos elementos tecnológicos que formam as composições necessárias à produção, e a outra indica que setores serão privilegiados com a organização possível da produção. “Na prática social, sistemas técnicos e sistemas políticos se confundem e é por meio das combinações então possíveis e da escolha dos momentos e lugares de seu uso que a história e a geografia se fazem e refazem continuamente.”[12] Desde esta compreensão, esta nova sociedade pode, inclusive, abrir uma nova época com a colocação de um novo paradigma social. Este paradigma pode ser posto como: a superação da nação ativa pela nação passiva.
Ou melhor, voltando ao velho Marx: a nação em si é superada pela nação para si. Para isto, é necessário que o velho/novo mundo periférico retome um projeto político de independência, fora dos moldes de projetos como o Mercosul, que nada mais representam do que a dependência em bloco, na medida em que este tipo de associação só serve à subserviência coletiva, levando grupos de países periféricos a deixar de submeterem-se isoladamente, para cair em bloco nos ardis do capital financeiro.
Finalmente, utilizando a dialética como referência, Milton mostra a batalha travada entre a nação passiva e a nação ativa, em uma transição política que envolve todos os espaços do viver, desde o espaço da vida cotidiana. A nação ativa, ligada aos interesses da globalização perversa, nada cria, nada contribui para a formação do mundo da felicidade, ao contrário da outra nação dita passiva que, a cada momento, cria e recria, em condições adversas, o novo jeito de produzir o espaço social, mostrando que a atual forma de globalização não é irreversível e a utopia é pertinente. ” É somente a partir dessa constatação, fundada na história real do nosso tempo, que se torna possível retomar, de maneira concreta, a idéia de utopia e de projeto.”[13] Desde esta compreensão, a globalização é um projeto irreversível da humanidade. Entretanto, não é esta a globalização desejada, e sim uma outra, a de todos.
Sobre o livro: SANTOS, Milton. Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal. São Pauto: Record, 2000. [1]SANTOS, Milton (1978) Pobreza urbana, Hucitec/UFPE/CNPU, São Paulo, Recife.
[2]SANTOS, Milton, Pobreza urbana, op. cit. p.29.
[3]SANTOS, Milton (1994), Técnica espaço tempo, Hucitec, São Paulo, p. 17.
[4]SANTOS, Milton (2000) Entrevista com SEABRA, Odete, CARVALHO, Mônica e LEITE, José Corrêa, Editora Fundação Perseu Abramo, São Paulo, p. 21.
[5]SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - do pensamento único à consciência universal, Record, São Paulo.
[6]SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - op. cit. p. 19
[7]SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - op. cit. p. 31
[8]SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - op. cit. p. 39
[9]SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - op. cit. p. 47
[10] SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - op. cit. p. 79.
[11] SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - op. cit. p. 142.
[12] SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - op. cit. p. 142
[13] SANTOS, Milton (2000) Por uma outra globalização - op. cit. p. 160