quarta-feira, 10 de julho de 2013

A industrialização e a desindustrialização de Santo Amaro

Cieja Parelheiros - História - Copie o texto e responda as questões propostas.
A industrialização e a desindustrialização de Santo Amaro
Santo Amaro se industrializou a partir da década de 1950, com a instalação de grandes indústrias fordistas, com grande massa de mão-de-obra, várias linhas de montagem na mesma indústria, com a direção da empresa junto da fábrica. Era um momento de instalação da grande indústria no Brasil e, como nas proximidades do Rio Pinheiros havia uma grande disponibilidade de terrenos (devido também à drenagem das várzeas e à retificação do rio, que foram concluídos na década de 1940), montou-se em Santo Amaro um grande e diversificado parque industrial. Com a desindustrialização, que passa a ocorrer a partir da década de 1980 e se intensifica na década de 1990, verifica-se que essa área viveu um curto período de consolidação industrial. No entanto, observamos que a indústria teve um grande peso na formação da sociabilidade do lugar. A grande quantidade de migrantes nacionais atraídos pela grande disponibilidade de trabalho industrial tem na indústria sua principal referência ao se estabelecerem na metrópole. Deparamos-nos com um lugar que agora se caracteriza como um espaço de desindustrialização, cuja formação como lugar se deu através da mediação da indústria. A indústria constituiu o lugar, assim como induziu a formação das enormes periferias da metrópole de São Paulo. O lugar em questão, formado por grandes galpões industriais e conjuntos de pequenas casas operárias, ocupadas, sobretudo por migrantes, pode ser tomado como um lugar industrial, onde a indústria comandava o ritmo da vida no lugar. Ou seja, o lugar se constituiu, desde seu início, como um lugar da fragmentação da vida cotidiana, com a especialização dos espaços e dos tempos da vida em locais e tempos específicos: a vida privada – o trabalho – o lazer, são realizados na casa operária, na indústria e nos escassos lugares de lazer ou na própria casa, respectivamente. No entanto, apesar da fragmentação da vida, imposta pela indústria, contraditoriamente se revelam no processo momentos de criação de sociabilidades: em casa, com a família; no trabalho, com os colegas de serviço; nos bares e restaurantes que serviam aos operários; além dos encontros habituais na rua, com a rotina dos horários da entrada e saída dos operários das fábricas. Assim, se forma uma sociabilidade possível, totalmente mediada pela indústria, mas que a nega, negando a funcionalização estrita dos espaços-tempos da vida cotidiana. Nos 40 anos de consolidação industrial deste lugar, esta sociabilidade criada é fundamental para a criação da identidade das pessoas com a metrópole e com o próprio lugar. Com a desindustrialização, as relações criadas ao longo do período de industrialização se quebram, com o fechamento ou o esvaziamento dos espaços habituais de sociabilidade. Com o fechamento das indústrias, muitos bares e pequenos restaurantes também são fechados; o movimento habitual dos operários nas trocas de turno é esvaziado; há um inevitável processo de deterioração do ambiente construído, seja em razão dos grandes galpões industriais vazios, seja em razão do grande número de casas operárias abandonadas. Com isso, os moradores sentem a degradação da própria vida na metrópole, quando não mais encontram os amigos de fábrica, ou quando o bar que freqüentavam agora está fechado, ou quando vê ser demolida uma vila com vinte moradias onde moravam muitos amigos. A relativa deterioração do lugar e a sua localização relativamente privilegiada, contando com um acesso facilitado pela Marginal do Rio Pinheiros, faz com que este lugar desperte a atenção dos investidores imobiliários e dos empresários de setores como entretenimento, eventos e shows. A reutilização de terrenos industriais para outras atividades econômicas – expansão da fronteira econômica no espaço urbano – aliena ainda mais os moradores em seu próprio local de moradia, pois eles não participam destas novas atividades.
Responda:
1.      Quais os motivos da escolha da região do rio Pinheiros para a instalação das indústrias?
2.      A partir de que período ocorreu o fenômeno da desindustrialização de Santo Amaro?
3.      Com a desindustrialização, quais as mudanças ocorridas em Santo Amaro?

4.      A partir da desindustrialização, que problemas sociais podemos verificar nas periferias?

terça-feira, 9 de julho de 2013

Escravidão na Antiguidade

Cieja Parelheiros

Ciências Humanas

 Escravidão na Antiguidade

A escravidão era uma situação aceita e logo se tornou essencial para a economia e para a sociedade de todas as civilizações antigas, embora fosse um tipo de organização muito pouco produtivo. A Mesopotâmia, a Índia, a China e os antigos egípcios e hebreus utilizaram escravos.
Na civilização grega o trabalho escravo acontecia na mais variadas funções, os escravos podiam ser domésticos, podiam trabalhar no campo, nas minas, na força policial de arqueiros da cidade, podiam ser ourives, remadores de barco, artesãos etc. Para os gregos, tanto as mulheres como os escravos não possuíam direito de voto.
No Império Romano o aumento de riqueza realizava-se mediante a conquista de novos territórios, capazes de fornecer escravos em maior número e mais impostos ao Estado. Contudo arruinavam os pequenos proprietários livres que, mobilizados pelo serviço militar obrigatório, eram obrigados a abandonar as suas terras, das quais acabava por ser expulso por dívidas, indo ele engrossar as grandes propriedades cultivadas por mão de obra escrava.
As novas conquistas e os novos escravos que elas propiciavam, começaram a ser insuficientes para manter de pé o pesado corpo da administração romana. Os conflitos no seio das classes de homens livres começam a abalar as estruturas da sociedade romana, com as lutas entre os patrícios e a plebe, entre latifundiários e comerciantes, entre coletores de impostos e agricultores arruinados, aliados aos proletari das cidades. Ao mesmo tempo começa a manifestar-se o movimento de revolta dos escravos contra os seus senhores e contra o sistema escravista, movimento que atingiu o ponto mais alto com a revolta de Espártaco (73-71 a.C.). Desde o século II a necessidade de ter receitas leva Roma a organizar grandes explorações de terra e a encorajar a concentração das propriedades agrícolas, desenvolvendo o tipo de exploração escravista.
Generaliza-se o pagamento em espécie aos funcionários com Diocleciano, utilizando o Estado diretamente os produtos da terra, sem os deixar passar pelo mercado, cuja importância diminui, justificando a tendência dos grandes proprietários para se constituírem em economias fechadas, de dimensões cada vez maiores, colocando-se os pequenos proprietários sob a asa dos grandes.
Em troca da fidelidade e da entrega dos seus bens, os camponeses mais pobres passavam a fazer parte da família dos grandes donos que se obrigavam a protegê-los e a sustentá-los. Deste modo, de camponeses livres transformavam-se em servos, começando a delinearem-se assim os domínios senhoriais característicos da Idade Média.
Atividade no caderno.
1.     Com o auxílio de um dicionário, pesquise o significado das palavras:
a.     Civilização:
b.     Proletário:
c.     Escravo:
d.     Antiguidade:
Responda:
      2. Segundo o texto, em quais civilizações o trabalho escravo foi implantado na Antiguidade?
3. Quais as maneiras descritas no texto para que um homem se tornar escravo?
4. Na Idade Média, os camponeses livres se tornaram servos, como tal fato ocorreu?


      5. Como o Império Romano aumentava sua riqueza?

Antes, o mundo não existia - Aílton Krenak. Os indígenas e a natureza das coisas.

Os intelectuais da cultura ocidental escrevem livros, fazem filmes, dão conferências, dão aulas nas universidades. Um intelectual, na tradição indígena, não tem tantas responsabilidades institucionais, assim tão diversas, mas ele tem uma responsabilidade permanente que é estar no meio do seu povo, narrando a sua história, com seu grupo, suas famílias, os clãs, o sentido permanente dessa herança cultural.
Aqui nesta região do mundo, que a memória mais recente instituiu que se chama América, aqui nesta parte mais restrita, que nós chamamos de Brasil, muito antes de ser 'América' e muito antes de ter um carimbo de fronteiras que separa os países vizinhos e distantes, nossas famílias grandes já viviam aqui, são essa gente que hoje é reconhecida como tribos. As nossas tribos. Muito mais do que somos hoje, porque nós tínhamos muitas etnias, muitos grupos com culturas diversas, com territórios distintos. Esses territórios se confrontavam, ou às vezes tinham vastas extensões onde nenhuma tribo estava localizada, e aquilo se constituía em grandes áreas livres, sem domínio cultural ou político. Nos lugares onde cada povo tinha sua marca cultural, seus domínios, nesses lugares, na tradição da maioria das nossas tribos, de cada um de nossos povos, é que está fundado um registro, uma memória da criação do mundo. Nessa antiguidade desses lugares a nossa narrativa brota, e recupera o feito dos nossos heróis fundadores. Ali onde estão os rios, as montanhas, está a formação das paisagens, com nomes, com humor, com significado direto, ligado com a nossa vida, e com todos os relatos da antiguidade que marcam a criação de cada um desses seres que suportam nossa passagem no mundo.Nesse lugar, que hoje o cientista, talvez o ecologista, chama de habitat, não está um sítio, não está uma cidade nem um país. É um lugar onde a alma de cada povo, o espírito de um povo, encontre a sua resposta, resposta verdadeira. De onde sai e volta, atualizando tudo, o sentido da tradição, o suporte da vida mesma. O sentido da vida corporal, da indumentária, da coreografia das danças, dos cantos. A fonte que alimenta os sonhos, os sonhos grandes, o sonho que não é somente a experiência de estar tendo impressões enquanto você dorme, mas o sonho como casa da sabedoria.
Vocês têm uma instituição que se chama universidade, escola, e têm a instituição que se chama educação. Todas estas instituições: educação, escola, universidade, elas estão no sonho, na casa do conhecimento. Esse sonho tem um aprendizado para o sonho. E, quando nós sonhamos, nós estamos entrando num outro plano de conhecimento, onde nós trocamos impressões com os nossos ancestrais, não só no sentido de nossos antigos, meus avós, meu bisavô, gerações anteriores, mas com os fundadores do mundo. Tomara que a palavra habitattenha esse sentido que estou pensando, que ela não seja só um sítio, uma cidade, ou lugar só na geografia, que ela tenha também espírito, porque, se ela tiver espírito, então eu consigo expressar uma idéia que aproxima, para você, o lugar de onde estou tentando contar um pouco da memória que nós temos de criação do mundo, quando o tempo não existia.
Quando eu vejo as narrativas, mesmo as narrativas chamadas antigas, do Ocidente, as mais antigas, elas sempre são datadas. Nas narrativas tradicionais do nosso povo, das nossas tribos, não tem data, é quando foi criado o fogo, é quando foi criada a lua, quando nasceram as estrelas, quando nasceram as montanhas, quando nasceram os rios. Antes, antes, já existe uma memória puxando o sentido das coisas, relacionando o sentido dessa fundação do mundo com a vida, com o comportamento nosso, como aquilo que pode ser entendido como o jeito de viver. Esse jeito de viver que informa a nossa arquitetura, nossa medicina, a nossa arte, as nossas músicas, nossos cantos.
Nós não temos uma moda, porque nós não podemos inventar modas. Nós temos tradição, e ela está fincada em uma memória de antiguidade do mundo, quando nós nos fazemos parentes, irmãos, primos, cunhados, da montanha que forma o vale onde estão nossas moradias, nossas vidas, nosso território.Aí, onde os igarapés, as cachoeiras, são nossos parentes, ele está ligado a um clã, está ligado a outro, ele está relacionado com seres que são aquilo que chamaria de fauna, está ligado com os seres da água, do vento, do ar, do céu, que liga cada um dos nossos clãs, e de cada um das nossas grandes famílias no sentido universal da criação.
Algumas danças nossas, que algumas pessoas não entendem, talvez achem que a gente esteja pulando, somente reagindo a um ritmo da música, porque não sabem que todos esses gestos estão fundados num sentido imemorial, sagrado. Alguns desses movimentos, coreografias, se você prestar atenção, ele é o movimento que o peixe faz na piracema, ele é um movimento que um bando de araras faz, organizando o vôo, o movimento que o vento faz no espelho da água, girando e espalhando, ele é o movimento que o sol faz no céu, marcando sua jornada no firmamento e é também o caminho das estrelas, em cada uma das suas estações. Por isso que eu falei a você de um lugar que a nossa memória busca a fundação do mundo, informa a nossa arte, a nossa arquitetura, o nosso conhecimento universal.
Alguns anos atrás, quando eu vi o quanto que a ciência dos brancos estava desenvolvida, com seus aviões, máquinas, computadores, mísseis, eu fiquei um pouco assustado. Eu comecei a duvidar que a tradição do meu povo, que a memória ancestral do meu povo, pudesse subsistir num mundo dominado pela tecnologia pesada, concreta. E que talvez fosse um povo como a folha que cai. E que a nossa cultura, os nossos valores, fossem muito frágeis pra subsistirem num mundo preciso, prático: onde os homens organizam seu poder e submetem a natureza, derrubam as montanhas. Onde um homem olha uma montanha e calcula quantos milhões de toneladas de cassiterita, bauxita, ouro ali pode ter. Enquanto meu pai, meu avô, meus primos, olham aquela montanha e vêem o humor da montanha e vêem se ela está triste, feliz ou ameaçadora, e fazem cerimônia para a montanha, cantam para ela, cantam para o rio... mas o cientista olha o rio e calcula quantos megawatts ele vai produzir construindo uma hidrelétrica, uma barragem.
Nós acampamos no mato, e ficamos esperando o vento nas folhas das árvores, para ver se ele ensina uma cantiga nova, um canto cerimonial novo, se ele ensina, e você ouve, você repete muitas vezes esse canto, até você aprender. E depois você mostra esse canto para os seus parentes, para ver se ele é reconhecido, se ele é verdadeiro. Se ele é verdadeiro ele passa a fazer parte do acervo dos nossos cantos. Mas um engenheiro florestal olha a floresta e calcula quantos milhares de metros cúbicos de madeira ele pode ter. Ali não tem música, a montanha não tem humor, e o rio não tem nome. É tudo coisa. Essa mesma cultura, essa mesma tradição, que transforma a natureza em coisa, ela transforma os eventos em datas, tem antes e depois. Data tudo, tem velho e tem novo. Velho é geralmente algo que você joga fora, descarta, o novo é algo que você explora, usa. Não há reverência, não existe o sentido das coisas sagradas. Eu fiquei com medo. Eu fiquei pensando: e agora ?
Parecia que eu estava vendo um grande granito parado na minha frente. Eu não podia olhar. Fiquei muitos dias sem graça até que eu ganhei um sonho. Ganhei um sonho desses que eu falei com vocês que não é só uma impressão de estar vendo coisas dormindo. Mas para nós o sonho é um sonho de verdade, um sonho verdadeiro, e tem sonho, sonho de verdade é quando você sente, comunica, recupera a memória da criação do mundo onde o fundamento da vida e o sentido do caminho do homem no mundo é contado pra você. Você toma, aprende como se estivesse dentro de um rio. Este rio, você fica olhando ele, depois você volta, aí você olha. Não é o mesmo rio que você está vendo, mas é o mesmo. Porque se você fica olhando o rio, a alma dele está correndo, passando, passando... mas o rio está ali. Então ele é sempre, ele não foi, é sempre. Não existiu uma criação do mundo e acabou ! Todo instante, todo momento, o tempo todo é a criação do mundo. Por isso que no sonho a gente entra dentro dele, aprende, alimenta o espírito. Esse sonho veio me mostrar que aquela caricatura de poder que os homens estavam inventando aqui na terra é só uma simulação, porque eu pude encontrar, andar junto com os meus parentes, meu irmão mais velho, que na nossa língua original se chama Kiãnkumakiã. Este irmão mais velho que estava com a gente sempre, desde a fundação do mundo, só que não é Deus. E nós vimos os meninos, os rapazes andando num campo bonito, vasto. Uma relva baixinha e os rapazes traziam na mão esquerda feixes de varas, daquelas varas sem gomo, lisas, taboca de fazer flecha, mas na ponta não tinha lâmina, na ponta tinha pendão assim igual ao trigo florando. Um grupo grande, incontável de rapazes e um guerreiro mais maduro, que estava de lado, só mostrando uma parte do rosto, a vista apontando para o leste. Quando olhei assim eu vi um grande lago, saindo quase da mesma altura da terra firme. Aí aqueles moços foram andando para lá e, num gesto, eles se transportavam para outro lugar firme, para a outra margem de um lago muito grande, que liga tudo, numa canoa grande de luz, como se fosse de luzes assim... com gesto de vontade, só com a vontade.Não tem foguete, míssil que faz isso, tecnologia que se inventa. E todo esse 'futuro' já aconteceu na fundação do mundo. Os meus irmãos mais velhos já conhecem tudo isso. Então, de sonho é isso. É um caminho que só podemos fazer dentro da tradição e aprender que além do nosso conhecimento restrito sobre uma ou outra coisa avançada para uma percepção que é integral, tudo está ligado, as coisas que têm existência física, elas foram todas fundadas a partir da palavra que foi ordenando a criação do mundo, que quando nós narramos as histórias antigas nós criamos o mundo de novo, limpamos o mundo.
Então, antes do mundo, existia não só a história dos espíritos, dos elementos, mas a história de todos os nossos povos antigos que conseguiram, ao longo dos tempos, manter esta memória da criação do mundo.
Existem milhões de toneladas de livros, arquivos, acervos, museus guardando uma chamada memória da humanidade. E que humanidade é essa que precisa depositar sua memória nos museus, nos caixotes ? Ela não sabe sonhar mais. Então ela precisa guardar depressa as anotações dessa memória. Como estas duas memórias se juntam, ou não se juntam ? É muito importante para nossos povos tradicionais que ainda guardam esta memória, herdeiros dessa tradição, cada vez mais restrita no planeta, ilhados em alguns cantinhos do Pacífico, da Ásia, da África, aqui da América, num mundo cada vez mais mudado pelo homem, onde o dia e a noite já não têm mais fronteira, porque inventaram artifícios para ele rodar direto - dia-noite-dia. Quando o homem rompe a separação entre o dia e a noite, como ele vai sonhar ? Quando os homens trabalham de dia, de noite, de dia, de noite, qualquer hora, eles estão se parecendo muito com a criação dos homens mesmo, que são as máquinas, mas muito pouco parecido com o criador do homem, que é o espírito.
Para estes pequeninos grupos humanos, nossas tribos, que ainda guardam esta herança de antiguidade, esta maneira de estar no mundo, é muito importante que essa humanidade que está cada vez mais ocidental, civilizada e tecnológica, lembre, ela também, dessa memória comum que os humanos têm da criação do mundo, e que consigam dar uma medida para sua história, para sua história que está guardada, registrada nos livros, nos museus, nas datas, porque, se essa sociedade se reportar a uma memória, nós podemos ter alguma chance. Senão, nós vamos assistir à contagem regressiva dessa memória no planeta, até que só reste a história. E, entre a história e a memória, eu quero ficar com a memória.
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(A nota da editora diz que o texto foi elaborado a partir de exposição oral. Mas não sei informar de que livro isto foi tirado. Alguém me passou uma cópia xerografada, há muitos anos, e é só o que tenho. Também não me lembro quem foi que me deu um presente tão bom. Serei grato para sempre. É um texto que eu gostaria de ter recebido na escola, quando os professores preferiram me embrulhar numa mentira frouxa.)
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Há um blog totalmente dedicado aos textos e artigos de e sobre o líder indígena: http://ailtonkrenak.blogspot.com/

Pré-História atividade escolar.

Um dia na Pré-história.
Leia a seguir o texto do pesquisador Richard Leakey, que tenta reconstituir a vida do Homo erectus, que teria vivido há 1,5 milhão de anos, a partir de vestígios de sítios arqueológicos na África. Depois, resolva as questões.

“Embora nunca possamos ter certeza de como era a vida diária nos primeiros tempos do Homo erectus, podemos utilizar o rico indício arqueológico do sítio 50, e nossa imaginação, para recriar tal cenário, há 1,5 milhão de anos:

Uma corrente de um rio sazonal segue seu leito gentilmente através da planície aluvial no lado leste do gigantesco lago. Acácias altas alinham-se ao longo das margens da corrente do rio cheio de curvas, projetando sombras bem-vindas que protegem do sol tropical. Na maior parte do ano o leito do rio  permanece seco, mas chuvas recentes nas colinas ao norte estão abrindo seu caminho em direção ao lago, fazendo a corrente aumentar de volume lentamente. Por umas poucas semanas, a planície aluvial tem estado flamejante por causa das cores, com ervas florescentes formando manchas amarelas e roxas contra a terra alaranjada e baixos arbustos de acácia parecendo nuvens revoltas. A estação chuvosa é iminente.

Aqui, em uma curva da corrente, vemos um pequeno agrupamento humano, cinco fêmeas adultas e um aglomerado de crianças e jovens. Eles são de estatura atlética e fortes. Estão conversando alto, alguns deles trocam observações sociais óbvias, alguns discutem os planos para o dia. Mais cedo, antes do nascer do Sol, quatro machos adultos do grupo haviam partido em busca de carne. O papel das fêmeas é coletar alimentos vegetais, que todos percebem ser o principal produto econômico em suas vidas. Os machos caçam, as fêmeas coletam; é um sistema que funciona espetacularmente bem para o nosso grupo e por tanto tempo quanto qualquer um é capaz de lembrar-se.

Três das fêmeas agora estão prontas para partir nuas exceto por uma pele de animal jogada sobre os ombros que tem o papel dual de servir para transportar o bebê, e mais tarde para transportar o alimento. Elas levam consigo bastões curtos e pontiagudos, que uma das fêmeas preparara antes usando lascas de pedra afiadas para aparar galhos fortes...

Para trás junto à corrente, as duas fêmeas restantes repousam tranquilamente sobre a areia macia sob uma acácia alta, observando os trejeitos de três jovens. Muito velhos para serem carregados na pele de animal, muito jovens para caçar ou coletar, estes fazem o que todos os jovens fazem: eles fazem brincadeiras que prenunciam sua vida adulta...

Obter lascas afiadas é mais difícil do que parece, e a habilidade é ensinada principalmente por meio do exemplo, e não pela instrução verbal. A garota tenta novamente, desta vez sua ação é sutilmente diferente. Uma lasca afiada destaca-se do seixo, e a garota deixa escapar um grito de triunfo. Ela apodera-se da lasca, mostra- a para a mulher sorridente e então corre para exibi-la aos seus colegas. Eles prosseguem juntos com a brincadeira, armados agora de um implemento da maturidade. Eles encontram um pau, que a aprendiz de britadeira desbasta até obter uma ponta aguçada, e então eles formam um grupo de caça, em busca de um peixe para matá-lo com a lança...

Em breve, o som distante de vozes que se aproximam avisa às mulheres que os homens estão retornando. E, a julgar pelo tom de excitação na conversação destes, eles estão retornando após terem sido bem-sucedidos. Na maior parte do dia os homens estiveram silenciosamente tocaiando um pequeno rebanho de antílopes, observando que um dos animais parecia coxear ligeiramente. Repetidamente, este indivíduo era deixado para trás pelo rebanho e tinha que fazer tremendos esforços para juntar-se a ele...

Finalmente, uma oportunidade apresentou-se e, sem dizer uma palavra, de comum acordo, os três homens moveram-se para posições estratégicas. Um deles atirou uma pedra com força e precisão, obtendo um impacto estonteante; os outros dois correram para imobilizar a presa. Uma estocada rápida com um pau curto e pontiagudo fez correr uma torrente de sangue da jugular do animal. O animal lutou, mas em pouco tempo estava morto...

Mais tarde, naquela noite, há quase um sentido de ritual no consumo da carne. O homem que conduziu o grupo de caça corta os pedaços e os entrega para as mulheres que sentam em torno dele e para os outros homens. As mulheres dão pedaços para as suas crianças, que os trocam alegremente entre si. Os homens oferecem pedaços para seus colegas, que oferecem outros pedaços em troca. O ato de comer carne é mais do que o sustento; é uma atividade de comunhão social.

A excitação do triunfo na caça agora evanesce, os homens e mulheres trocam relatos de seus dias separados. Há uma compreensão de que eles em breve terão que deixar este acampamento agradável, pois as chuvas crescentes nas montanhas distantes em breve farão com que a corrente inunde suas margens. Por agora, eles estão contentes....
Fonte:
Richard Leakey: "A Origem da Espécie Humana". Tradução: Alexandre Tort. Rio De Janeiro, 1997, p. 79-8

Responda:
1. Sobre o que fala o texto?
2. Explique como os mais jovens aprendiam as tarefas necessárias para a vida adulta. Retire um trecho que evidencie isto.
3. Quais as ferramentas de trabalho são descritas no texto e para que eram utilizadas?
4. Como era a divisão sexual de trabalho?
5. Como se vestiam os homens de que fala o texto?

6. Qual a fonte utilizada para realizar esta atividade?

A origem da desigualdade social segundo Rousseau.

A desigualdade segundo Rousseau
Eu concebo na espécie humana dois tipos de desigualdade: uma, que chamo natural ou física, porque foi estabelecida pela nature­za, e que consiste na diferença das idades, da saúde, das forças corporais e das qualidades do espírito ou da alma; outra, a que se pode chamar de desigualdade moral ou política, pois que depende de uma espécie de convenção e foi estabelecida, ou ao menos autorizada, pelo consentimento dos homens. Consiste esta nos diferentes privilégios desfrutados por alguns em prejuízo dos demais, como o de serem mais ricos, mais respeitados, mais poderosos que estes, ou mesmo mais obedecidos.
Não há por que perguntar qual é a fonte da desigualdade natural, já que a resposta se encontra enunciada na simples definição do termo. Ainda menos se pode procurar qualquer ligação essencial entre as duas desigualdades, porque seria indagar, em outros termos, se os que dirigem valem necessariamente mais que aqueles que obedecem, e se a força do corpo ou do espírito, a sabedoria ou a virtude, são sempre encontradas nos mesmos indivíduos na proporção do poder ou da riqueza [ .. .].
O primeiro que, cercando um terreno, se lembrou de dizer: "Isto me pertence", e encontrou criaturas suficientemente simples para acreditar, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, assassinatos, misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, retirando as estacas ou entulhando o fosso, tivesse gritado aos seus semelhantes: "Guardai-vos de escutar esse impostor! Estais perdidos se vos esqueceis de que os frutos a todos pertencem e de que terra não é de ninguém!".
Porém, é por demais evidente que, àquela altura, as coisas já tinham chegado a ponto de não poderem mais durar como duravam: por­ que essa ideia de propriedade, dependendo de um sem-número de ideias anteriores, que não puderam nascer senão sucessivamente, não se formou de repente no espírito humano. Foi preciso conseguir muitos progressos, adquirir muita indústria e muitas luzes, transmiti-los e aumentá-los, antes de se chegar ao fim e se tornar natural. Retomemos, pois, as coisas de mais longe e tratemos de reunir sob um único ponto de vista essa lenta sucessão de acontecimentos e conhecimento na sua ordem mais natural.
O primeiro sentimento do homem foi o da sua existência; o primeiro cuidado, o da sua conservação. Os produtos da terra lhe forneciam todos os auxílios necessários; o instinto o levou a servir-se deles. A fome e outros apetites fizeram-no experimentar, al­ternadamente, diversas maneiras de existir, e houve um apetite que o convidou a perpetuar a própria espécie [ ... ].
Tal foi a condição do homem no começo; tal foi a vida de um animal, de início limitado às puras sensações, que aproveitava apenas os dons que a Natureza lhe oferecia, longe de sonhar em extrair-lhe algo. Todavia, cedo se apresentaram dificuldades e foi preciso aprender a vencê-las: a altura das árvores que o impedia de alcançar-lhe os frutos, a concorrência dos animais que deles buscavam nutrir-se, a ferocidade dos que pretendiam sua própria vida. Tudo isso o obrigava a exercitar o corpo; foi necessário fazer-se ágil, rápido na corrida, vigoroso no combate. [ ... ]
Contudo, é preciso assinalar que, uma vez começada a sociedade, as relações já estabelecidas entre os homens exigiam deles qualidades diferentes das que eles possuíam de sua constituição primitiva; que, começando a moralida­de a introduzir-se nas ações humanas, e sendo cada qual, antes das leis, o único juiz e vingador das ofensas recebidas, a bondade conveniente ao estado natural puro não mais convinha à nascente sociedade; que se fazia preciso que as punições se tornassem mais severas, à medida que as oportunidades de ofender aumentavam de frequência; e que, devido ao terror da vingança, se fazia necessário o freio das leis.
Assim, embora os homens tivessem se tornado menos tolerantes e a piedade natural tivesse sofrido alguma alteração, esse período do desenvolvimento das faculdades huma­nas, sustentando um justo meio-termo entre a indolência do estado primitivo e a petulan­te atividade de nosso amor-próprio, deve ter sido a época mais feliz e mais durável.
Enquanto os homens se contentaram com suas cabanas rústicas, enquanto se limita­ram a costurar as vestes de pele com espinhos, a adornar-se de penas e conchas marinhas, a pintar o corpo com tintas de diversas cores, a aperfeiçoar e embelezar os arcos e as flechas, a talhar, com a ajuda de pedras cortantes, algumas canoas de pescadores ou alguns grosseiros instrumentos musicais [ ... ], viveram livres, sãos, bons e felizes, tanto quanto o podiam ser por sua natureza, e continuaram a desfrutar entre si de um comércio independente.
Mas, desde o instante em que um ho­mem teve precisão e da ajuda de outrem, desde que percebeu ser conveniente para um só ter alimentos para dois, a igualdade desapareceu, introduziu-se a propriedade, o trabalho tornou-se necessário e as vastas florestas se mudaram em campos risonhos que passaram a ser regados com o suor dos homens, e nos quais logo se viu a escravidão e se viu a misé­ ria germinar e crescer com as colheitas.
Adaptado de, ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens.
Pense e responda
I
1.   Em que consistem as duas desigualdades entre os seres humanos para Rousseau?
2.    Segundo Rousseau, como viviam os seres humanos antes de surgirem as desigualdades sociais?

3.   De que forma teve início, de acordo com Rousseau, o processo que instalou as desigualdades sociais entre os seres humanos? 

A Revolução Industrial e os trabalhadores. Atividade escolar.

Cieja Parelheiros
Ciências Humanas, História.

A Revolução Industrial e os trabalhadores.

Iniciada na Inglaterra, a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX modificou radicalmente a sociedade moderna. Ela inaugurou a indústria moderna, abriu caminho para o capitalismo industrial e subverteu as relações sociais. No texto a seguir, o historiador inglês E. P. Thompson analisa suas consequências para o modo de vida da classe trabalhadora na Inglaterra.

E. P. Thompson
Comparadas com as vilas rurais, as condições gerais nas grandes cidades industriais eram mais repugnantes e inconvenientes. Nas vilas rurais, a água de um poço próximo ao cemitério podia ser impura, mas, pelo menos, seus habitantes não tinham de se levantar à noite para entrar numa fila diante da única bica que servia a várias ruas, nem tinham de pagar por ela, como acontecia nas cidades industriais.
Nestas, os trabalhadores e suas famílias tinham de suportar o mau cheiro do lixo industrial e dos esgotos a céu aberto, enquanto seus filhos brincavam entre detritos e montes de esterco. [...]
À medida que a Revolução Industrial avançava e surgiam as clássicas condições de superpopulação e de depravação nas grandes cidades em rápida expansão - inchadas pelos imigrantes -, a saúde da população urbana começou a se deteriorar.
A taxa de mortalidade infantil, durante as três ou quatro primeiras décadas do século XIX foi muito mais alta nas novas cidades industriais - às vezes o dobro - do que nas áreas rurais. Segundo o Dr. Turner Thackrah, de Leeds, "menos de 10% dos habitantes das grandes cidades gozam de perfeitas condições de saúde". [...]
O Primeiro Relatório do Oficial Geral de Registros (1839) mostrou que aproximadamente 20% da taxa global de mortalidade se deviam à tuberculose, uma doença associada à pobreza e à superpopulação, predominando tanto nas regiões rurais quanto nas urbanas.
Das 92 mortes de trabalhadores adultos e jovens de uma fábrica de tecidos de lã de Leeds, entre 1818 e 1827, pelo menos 52 foram atribuídas à tuberculose ou ao "definhamento". Nessa época, a taxa de mortalidade na faixa de O a 5 anos de idade chegava a 517 em mil nascidos vivos. [...]
O trabalho infantil não era uma novidade. A criança era parte intrínseca da economia industrial e agrícola antes de 1780, e como tal permaneceu até ser resgatada pela escola. A forma predominante de trabalho infantil era a doméstica ou a praticada no seio da economia familiar. As crianças que mal sabiam andar podiam ser incumbidas de apanhar e carregar coisas.
Um trabalhador dessa época recordava que começou a trabalhar "pouco depois de que iniciei a andar. [...] Minha mãe costumava bater o algodão sobre uma peneira de arame. Colocava-o, então, num recipiente marrom escuro, com uma espessa camada de espuma de sabão. Depois, dobrava minha roupa até a cintura e me colocava na tina para que eu pisasse sobre o algodão que jazia no fundo. [...] Esse processo prolongava-se até que o recipiente ficasse cheio e se tornava perigoso continuar ali dentro, - colocavam, então, uma cadeira ao meu lado, e eu me agarrava ao seu encosto".
O trabalho infantil estava profundamente arraigado nas atividades têxteis, despertando, com frequência, a inveja dos trabalhadores em ocupações onde as crianças não podiam trabalhar e aumentar o rendimento da família [...].
Manufatureira, de tipo industrial, era realizada em domicílio, onde toda a família trabalhava. Em 1806, um trabalhador previa que, com o triunfo do sistema fabril "todos os trabalhadores pobres serão arrancados de suas casas e levados para as fábricas, e ali não contarão com a ajuda e a vantagem da presença de suas famílias, que tinham em suas casas".
De acordo com os padrões da época, a fábrica era uma novidade penosa e até mesmo brutal. As atividades domésticas eram mais variadas (e a monotonia é particularmente cruel para a criança).
Em circunstâncias normais, o trabalho doméstico não se prolongava ininterruptamente, seguindo um ciclo de tarefas. Podemos supor, nesse caso, que havia uma introdução gradual ao trabalho que respeitava a capacidade e a idade da criança, intercalando-o com a entrega de mensagens, a colheita de amoras, a coleta de lenha e as brincadeiras. Acima de tudo, o trabalho em domicílio era desempenhado nos limites da economia familiar, sob o cuidado dos pais. [...]
O crime do sistema fabril consistiu em herdar as piores feições do sistema doméstico, num contexto em que inexistiam as compensações do lar. Em casa, as condições da criança variavam de acordo com o temperamento dos pais ou do patrão e, de certa forma, seu trabalho era graduado de acordo com suas habilidades. Na fábrica, a maquinaria ditava as condições, a disciplina, a velocidade e a regularidade da jornada de trabalho, tornando-as equivalentes para o mais delicado e o mais forte.
O dia de uma criança trabalhadora começava às cinco e meia da manhã. Levava para a fábrica apenas um pedaço de pão, seu único alimento até o meio-dia. O trabalho não terminava antes das sete ou oito horas da noite. No final da jornada, elas já estavam chorando ou adormecidas em pé, com as mãos sangrando por causa do atrito com os fios têxteis. Seus pais davam-lhes palmadas para mantê-las acordadas, enquanto os contramestres rondavam com correias.
Nas fábricas rurais, dependentes da energia hidráulica, eram comuns os turnos à noite ou as jornadas de quatorze a dezesseis horas diárias, em épocas de muito trabalho.
Adaptado de: THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa. 3. ed. Rio de Janeiro, 2001. v. II. p. 184-210.

Atividade no caderno.
1.      Onde se iniciou a Revolução Industrial?
2.      Como o autor do texto descreve as grandes cidades industriais?
3.      Como é descrito o trabalho infantil e as condições de saúde das crianças?

4.      Descreva o trabalho de uma criança em uma fábrica.

Do escravismo ao feudalismo. Atividade escolar.

Cieja Parelheiros - Ciências Humanas
Do escravismo ao feudalismo

Na sociedade escravista as relações de produção eram assim: os meios de produção (terra, instrumentos de trabalho etc.), tal como os Homens, eram propriedade de um senhor. O escravo era considerado como um instrumento. Na Sociedade Escravista o escravo não era diferente do machado ou do boi. Assim, na época do escravismo, as relações que existiam na sociedade eram relações de domínio e de sujeição; um pequeno número de senhores (patrões) explorava ferozmente a massa de escravos privados de todos os direitos.

Com o tempo, a contradição entre forças produtivas e as relações de produção da sociedade escravista agravaram-se muito. Estas contradições manifestavam-se por meio de grandes revoltas de escravos. A mais conhecida é a revolta chefiada por Spartacus (73 a 71 a.C.). Impiedosamente explorados, reduzidos ao desespero, os escravos levantaram-se contra os seus donos. Depois, os camponeses e artesãos livres, explorados pelos grandes  proprietários e pelo Estado escravista, juntaram-se aos escravos.
As revoltas internas e os ataques vindos de tribos estrangeiras ( que os romanos chamavam de bárbaros) acabaram por destruir o escravismo e criar uma nova sociedade, a Sociedade Feudal. Esta nasceu, então, das ruínas do império romano afetado internamente pelas diversas crises e externamente pelo ataque de povos estrangeiros.
As relações de produção no modo de produção feudal baseavam-se na propriedade do senhor sobre a terra e num grande poder sobre o servo. O servo era o indivíduo que cultivava um pedaço de terra cedido pelo proprietário das grandes propriedades, sendo obrigado a pagar ao senhor impostos, rendas e, ainda, a trabalhar nas terras que o proprietário conservava para si.
O senhor não podia matar o servo (no tempo do escravismo podia), mas podia vendê-lo com a terra. Portanto, o servo não era um escravo, tinha o usufruto da terra, ou seja, uma grande parte do que a terra produzia era para ele. O servo trabalhava uma parte do tempo para ele mesmo e a outra para o senhor. Quando criava o produto necessário para a sua subsistência e da sua família, trabalhava para ele próprio. Quando o seu trabalho servia para arranjar produtos para pagar as rendas e os impostos ao senhor e quando ia trabalhar nas terras do senhor fazia um trabalho adicional, ou seja, um trabalho além do necessário para a sua subsistência.
Durante o tempo de trabalho adicional o servo criava, pois, um produto de sobra, um sobre produto do qual o senhor se apoderava. Esta forma de exploração dos camponeses é o aspecto principal do feudalismo em todos os povos onde ele existiu.
As cidades eram habitadas principalmente por artesãos e mercadores. As cidades estavam debaixo do poder do senhor das terras em que elas se encontravam. A população das cidades (urbana) lutou pela liberdade e, em muitos casos, conseguiu autonomia das cidades em relação aos senhores feudais.
Nas cidades aperfeiçoaram-se as ferramentas e os processos de transformação das matérias-primas. As profissões especializaram-se. Apareceram novos ramos de produção: fabricação de armas, serralheria, cutelaria, cordoaria. Melhorou-se a fundição de ferro, apareceram os primeiros altos-fornos. As cidades eram grandes mercados, onde se fazia a produção para vender, ou seja, a produção comercial.
Num determinado momento, as relações de produção feudais começaram a entravar o desenvolvimento das forças produtivas. Nos campos, a exploração aumentava e por isso o rendimento da agricultura era cada vez mais baixo. O crescimento da produtividade do trabalho dos artesãos nas cidades era entravado pelos regulamentos que havia. O desenvolvimento das próprias cidades era impedido pelo feudalismo.
As relações de produção feudais já não serviam; precisavam ser liquidadas porque o desenvolvimento das forças produtivas pedia novas relações de produção. Na realidade, dentro da cidade feudal começavam a aparecer já as relações de produção capitalistas.
Atividade no caderno.
1.      Copie em seu caderno os trechos em negrito.
2.      Como eram as relações de produção na sociedade escravista?
3.      Quais eram as bases do modo de produção feudal?
4.      Como o texto descreve as cidades?
5.      Quais os ramos de produção criados nas cidades?

6.      Que modelo de produção apareceu após o feudalismo?

Manifesto Comunista. Atividade escolar.

Cieja Parelheiros
Ciências Humanas



Em 1848, dois jovens, um com 29, Karl Marx, e outro, Friedrich Engels, com 27 anos, escreveram um pequeno panfleto que se tornou um dos documentos mais lidos e que mais influenciaram os movimentos sociais no mundo. Eles não foram "profetas" ou "visionários", apenas utilizaram a capacidade de pensar seu tempo e fizeram projeções a partir de elementos que já estavam presentes e indicavam as mudanças que viriam. Veja um trecho do que eles escreveram.

"Tudo o que é sólido se desmancha no ar"

A burguesia não pode existir revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais.
Impelida pela necessidade de mercados sempre novos, a burguesia invade todo o globo terrestre. Necessita estabelecer-se em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos em toda parte.
Pela exploração do mercado mundial, a burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países. Para desespero dos reacionários, ela roubou da indústria sua base nacional.
As velhas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a ser destruídas diariamente. São superadas por novas indústrias, cuja introdução se torna uma questão vital para todas as nações civilizadas - indús­trias que já não empregam matérias-primas nacionais, mas sim matérias-primas vindas das regiões mais distantes, e cujos produtos se consomem não somente no próprio país mas em todas as partes do mundo. No lugar do antigo isolamento de regiões e nações autossuficientes, desenvolvem-se um intercâmbio universal e uma universal interdependência das nações. E isto se refere tanto à produção material como à produção intelectual. As criações intelectuais de uma nação tornam-se patrimônio comum. A estreiteza e a unilateralidade nacionais tornam-se cada vez mais impossíveis; das numerosas literaturas nacionais e locais nasce uma literatura universal.                                                                                               MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista.

Atividade no caderno. Copie e responda as questões abaixo.


1- Como foi possível perceber por alguns indícios, há 150 anos, o que aconteceria no mundo globalizado do final do século XX e início do XXI?

2- É possível utilizar o mesmo esquema analítico hoje?