sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Poesia.

Colírios poéticos.

Meu médico me recomendou
duas gotas de colírios poéticos
ao acordar e duas ao dormir.
Compressas com palavras quentes,
injeções de ternura
e uma ampola de sonhos com mel de estrelas.
Meu médico,
na verdade,
é uma amiga
dos tempos em que colhíamos sonhos
atirados em uma lagoa,
entregues por uma estrela cadente
que caia
invariavelmente
rápida
e quente
no horizonte
no mar.

Semana Cultural do Cieja.

Guerreiros e simpatizantes,

Já se encontra em movimento as indagações e reflexões que fará ferver a 'nave do conhecimento' que carinhosamente a burocracia denomina de Cieja, mas que poderia ser 'plantação de flores'. Flores seria mais adequado. Vivenciamos alunos que se emancipam mediante a descoberta e a apropriação das palavras e de seus significados. Flores, alunos, que se apropriam das cores e passam a exalar perfumes de saberes e conhecimentos. Flores que passam a traçar caminhos após a construção das possibilidades de um novo dia.
Poesia, teatro e cinema, são os ingredientes dos nossos planos para os dias 17,18 e 19 de novembro, dias em que as flores soltarão sorrisos através das pétalas.
Aguardemos.

Bye.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Memorial do Imigrante.


Era inverno e o saber sentia o gosto do verão.

Memorial do Imigrante.

O Projeto: São Paulo, viver e pertencer em mais uma parada.

José de Anchieta observa os guerreiros em um breve repouso.


Adelante companheiros!

Cieja visita a Estação da Luz.


Um marco da Cidade de São Paulo, assim é a Estação da Luz, local que define a riqueza do café na História de São Paulo.
Na imagem os estudantes.

Cieja Parelheiros no Museu da Língua Portuguesa.


Um instante para as fotos.
Macunaíma estava presente.

Guerreiros do Cieja nas trincheiras da metrópole.


Uma breve pausa para a imortalidade.

Cieja Parelheiros e o Centro da cidade de São Paulo.

Pasmem amigos(as) e guerreiros(as) desta vida louca, os muchachos , leia-se alunos do Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos de Parelheiros, estão projetando sua vidas nas telas do coração da metrópole de todos os paulistas. Fomos ao Centro bater pernas e conhecer um pouco da História da Cidade de São Paulo, o chamado 'Triângulo Histórico'. Foi o máximo. Alunos caminhando em um Museu de rua, onde prédios, praças e logradouros se transformaram em peças vivas de um mosaico que serve de paisagem para a composição das vidas de milhões de paulistanos.
Abaixo o roteiro de nossa caminhada.
Beijins e bye.

Roteiro de Visita ao Centro da Cidade de São Paulo.

1-A antiga Sé foi demolida em 1911 para obras de ampliação da Praça da Sé. A partir de 1913, a catedral metropolitana, elevada à sede da arquidiocese, começou a ser reconstruída em granito com projeto neogótico do arquiteto alemão Maximilian Emil Hehl. Em 25 de janeiro de 1954, por ocasião do IV Centenário, a Sé foi inaugurada, mas com suas torres principais inacabadas.2-Em 1927, a Igreja do Carmo recebeu torres projetadas pelo escritório de Ramos de Azevedo, mas, no ano seguinte, o governo do estado a desapropriou e demoliu, para a construção de uma grande avenida: a Rangel Pestana.3-O Solar da Marquesa de Santos, construído em taipa de pilão no século XVIII, é o único exemplo que resta em nossa cidade desse tipo de sobrado de arquitetura aristocrática. Por mais de 30 anos, pertenceu a d. Domitila de Castro Canto e Melo, amante do imperador d. Pedro I. Domitila comprou o sobrado em 1834, depois de ter rompido o relacionamento com d. Pedro I. Lá morou com mais de cem pessoas, entre escravos, empregados e parentes que ocupavam o primeiro pavimento. 4-O Pátio do Colégio foi a primeira construção levantada na atual cidade de São Paulo, quando o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, jesuítas a mando de Portugal, resolveram estabelecer um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto.O Pátio do Colégio é o marco inicial no nascimento da cidade de São Paulo. O local, no alto de uma colina entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, foi o escolhido para iniciar a catequização dos indígenas.5-Logo depois da fundação de São Paulo pelos jesuítas e da construção da Igreja do Carmo, os monges estabeleceram-se nas terras do planalto. A Igreja de São Bento foi construída em 1598. O responsável pela obra foi o frei Mauro Teixeira, paulista de São Vicente, discípulo do padre José de Anchieta, que ingressou no Mosteiro de São Bento da Bahia, depois de sua família ter sido morta pelos índios tamoios.6 e 7-O Convento de São Francisco obteve autorização para sua fundação em 29 de novembro de 1624, mas a construção só teve início em 1639. Como o primeiro local foi considerado impróprio, frei Francisco das Neves determinou uma segunda construção, em 1644. Feito de paredes de taipa e largos beirais, o convento seguia a "tradição construtiva da região de São Paulo". Em 1828, o governo requisitou o edifício, retirou os religiosos, e o transformou em Academia de Ciências Sociais e Jurídicas, onde hoje funciona a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Em 1933, teve início a demolição do convento, que ainda se achava em boas condições. Nessa ocasião, foram encontrados esqueletos humanos misturados à argamassa. Concluiu-se então que as paredes do antigo convento tinham servido de sepulcro aos monges. Assim, apesar da demolição, as arcadas do convento tornaram-se o símbolo da Faculdade de Direito. A construção foi dada como acabada em 1938, mas só terminou completamente na década de 1950. 8-Até a primeira década do século XX, o senhor comendador, o barão de Itapetininga (depois da baronesa de Itu), tinha uma chácara no Vale do Anhangabaú, região conhecida como o Morro do Chá, onde se cultivavam hortaliças e chá. Em 1877, o engenheiro francês Jules Martin apresentou um projeto para construir um viaduto de 180 metros de extensão sobre o Vale do Anhangabaú, para realizar a ligação entre a Rua Direita (o Centro Histórico) e a Rua Barão de Itapetininga, atravessando o Morro do Chá, cuja chácara estava sendo loteada. A "Companhia Paulista do Viaducto do Chá" iniciou, em 1889, o projeto de estrutura metálica, de origem alemã. Inaugurado em 1892, o viaduto media "240 metros de comprimento, dos quais 180 de estrutura metálica, com 14 metros de largura". 9-O Teatro Municipal de São Paulo é um dos mais importantes teatros da cidade e um dos cartões postais da capital, tanto por seu estilo arquitetônico semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo como pela sua importância histórica, por ter sido o palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o marco inicial do Modernismo no Brasil. A idealização de um majestoso teatro para a capital paulista baseou-se na crescente importância da cidade em âmbito nacional, esta que no início do século XX abrigava a alta burguesia brasileira, da qual grande parte tinha seus negócios nas lavouras de café, que concentravam um bom número de italianos em São Paulo. 10-Projetado pelo Escritório Micheli e Chiappori, o Viaduto Santa Ifigênia foi inaugurado em 1913 pelo prefeito Raymundo Duprat. Sua estrutura metálica, em ferro fundido, foi executada na Bélgica. Tem 225 metros de extensão e três arcos. As grades do guarda-corpo são em ferro forjado, em estilo Art Nouveau. A prefeitura obteve os recursos para a construção na Inglaterra, por meio de um financiamento, cuja última parcela foi paga somente nos anos 70. Com a construção do Viaduto Santa Ifigênia, o largo de mesmo nome transformou-se rapidamente e viu surgir vários edifícios no seu entorno.

Adilson Campos Calasans, professor de Ciências Humanas.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Como você irá me seduzir?

Como você irá me seduzir?
Um sutil chamado?
Um murmúrio quase calado?
Um sussurro imaginado?Um gemido ao lado?
Um canto versado?
Um olhar tarado?
Um corpo tocado?
Um silêncio olhado?
Um bilhete trocado?
Um beijo forçado?

Como?

profecia: o fim do mundo será poesia

profecia: o fim do mundo será poesia
só a poesia poderá salvar a humanidade.
Poetas,publiquem seus livros
leiam em pleno pulmões suas poesias
no dia do juízo final quem tiver mais poesias será salvo.

profecia: o fim do mundo será poesia
fale com o seu pastor,
padre,
pai-de-santo,
rabino,...
amém Senhor!
você viverá a eternidade lendo, em voz alta,sérgio vaz, drummond, gog, allen guisberg, nereu velecico, roberto piva,mário quintana, maiakovisk, gullar, murilo mendes, lorca, leminski,...
estamos condenados ao incompreensível amor as palavras

profecia: o fim do mundo será poesia
estamos condenados as imagens poéticas
que mexem com seu coração apaixonado
com seu sonho mais contido.
gostaria de salvar muitas almas para a eternidade...
leiam livros e alcance a verdade

profecia: o fim do mundo será poesia.
prepare se para a eternidade
o fim do mundo será poesia
o fim do mundo está próximo
assim como está próximo do dia em que você beijará a mulher mais linda do mundo.

Lição de anatomia

O capital é o esperma da burguesia.
Os bancos, o ovário.
Os trabalhadores, o grande ânus masturbador.

Talvez você não saiba

Para Zenaide Capato
em memória

Temos uma história
Uma bandeira
Algumas lágrimas
Que funcionam como marcas de uma trajetória, de um tempo.
Algumas janelas de onde respingam os dias e as noites tropicais
Alguma janela que insiste em nos iludir com a luminosidade do sol,
com a esperança socialista.
Onde as crianças tocam as sinfonias daquelas músicas que fizeram parte de nossa trilha sonora.
É, temos que tomar um café.
Talvez você não queira saber: nada começou.
Nossa história se resume no infinito, na eternidade.
Ainda acho pouco e por isto estou chorando.
Não, não diga nada, combinamos melhor no silêncio.

Os coveiros e os anjos

Os corpos se empilham nas máquinas.
Alguns foram tragados pelo amor,
Outros pela morte pura e simples.
E é preciso enterrá-los.
As pás em posição de sentido,
sentido ao presente.
As pás nos dão a segurança necessária.
As pás apenas descrevem o já sentido
As pás cortam os tratados de filosofia.
Nenhum pensamento se tornou amigo dos coveiros.
É por isto que os coveiros ignoram a aproximação
daqueles que promovem a certeza da vida.
Aos coveiros os anjos são amargos.
Mas os anjos mostram a direção.
Os anjos acreditam na vida,
Tanto que disseram que ele o amor existe ali,
Não muito distante, em sua esquina.
Você tem fósforos?

O que posso dizer

Jean Pierre Vernant,
morreu.Cacilda Becker, morreu.
Carlos Drummond de Andrade, em 1987, aos 85 anos, silenciou-se.
Renato Russo, mesmo morto poderia nos mandar uma canção.
Devemos visitar o túmulo de Renato Russo,
talvez haja uma nova canção escrita na lápide.
O que posso dizer da pureza de Bento Prado Junior, de suas armadilhas, as palavras, a filosofia.
Pessoas que não conheci, que não beijei,
que sequer ouvi uma palavra,
mas sinto alegria por existirem nesta confortável manhã de abril.

Conjugação Anarquista

Eu posso
Tu podes
Eles podem
Nós podemos
Vós podéis
Eles podem

Viver sem poder
até outro dia que não é o próximo

lentamente construo a visão petrificada da destruição
niilista supremo, edifico as colunas do céu
guardião do belo, projeto sua imagem entre os alaridos da incompreensão
estático perfeita constituição incólume
tal qual o visionário apocalíptico,
que destituído da razão cartesiana,
aglutinou facas e um tomate em um sonho ilegível,
e por isto causador do pânico e do sangue
lavou mãos e consciência mijando nas bocas entreabertas dos humanos
já cegos
perante o sem sentido castelo ótico
os corpos ardiam e o sorriso brilhava nos campos
perversa realizável
lhe criaram



Os coveiros e os anjos
Os corpos se empilham nas máquinas.
Alguns foram tragados pelo amor,
Outros pela morte pura e simples.
E é preciso enterrá-los.

As pás em posição de sentido, sentido ao presente.
As pás nos dão a segurança necessária.
As pás apenas descrevem o já sentido
As pás cortam os tratados de filosofia.

Nenhum pensamento se tornou amigo dos coveiros.
É por isto que os coveiros ignoram a aproximação
daqueles que promovem a certeza da vida.

Aos coveiros s anjos são amargos.
Mas os anjos mostram a direção.
Os anjos acreditam na vida,
Tanto que disseram que ele o amor existe ali,
Não muito distante, em sua esquina.
Você tem fósforos?

Calasans





o político é um ânus no
qual tudo se sentou exceto o humano

E.E.Cummings



O que posso dizer
Jean Pierre Vernant, morreu.
Cacilda Becker, morreu.
Carlos Drummond de Andrade, em 1982, aos 80 anos, silenciou-se.
Renato Russo, mesmo morto poderia nos mandar uma canção.
Devemos visitar o túmulo de Renato Russo, talvez haja uma nova canção escrita na lápide.
O que posso dizer da pureza de Bento Prado Junior, de suas armadilhas, as palavras, a filosofia.
Pessoas que não conheci, que não beijei, que sequer ouvi uma palavra, mas sinto por existirem nesta confortável manhã de abril.


Talvez você não saiba

Para Zenaide Capato, in memorium

Temos uma história
Uma bandeira
Algumas lágrimas
Que funcionam como marcas de uma trajetória, de um tempo.
Algumas janelas de onde respingam os dias e as noites tropicais
Alguma janela que insiste em nos iludir com a luminosidade do sol, com a esperança socialista.
Onde as crianças tocam as sinfonias daquelas músicas que fizeram parte de nossa trilha sonora
É, temos que tomar um café.
Talvez você não queira saber: nada começou.
Nossa história se resume no infinito, na eternidade.
Ainda acho pouco e por isto estou chorando.
Não, não diga nada, combinamos melhor no silêncio.
















profeciao fim do mundo será poesiasó a poesia poderá salvar a humanidade.
Poeta,monte uma pasta com seus poemas.no dia do juízo final quem tiver mais poesias será salvo.

profeciao fim do mundo será poesia

fale com o seu pastor, padre, pai-de-santo, rabino,... amém senhor!
vc viverá a eternidade lendo, em voz alta,
sérgio vaz, drummond, allen guisberg, nereu velecico, roberto piva,
mário quintana, maiakovisk, gullar, murilo mendes, lorca, leminski,...
estamos condenados as palavras

profeciao fim do mundo será poesia


estamos condenados as imagens poéticas
que mexem com seu coração apaixonado
gostaria de salvar muitas almas para a eternidade
leia livros e alcance a verdade

profeciao fim do mundo será poesia

prepare se para a eternidade
o fim do mundo será poesia
o fim do mundo está próximo
assim como está próximo do dia em que
você beijará a mulher mais linda do mundo


Fui batizado com o nome de Adilson Campos Calasans, no ano de 1962, na cidade de São Paulo. Alguns procuram entender a si mesmo através do estudo da psicanálise, outro, da filosofia, me reservou o estudo da História enquanto metáfora socrática para a busca de meu eu mais obscuro. Iniciei meus estudos de História na extinta Faculdade de Moema, que tinha na figura do Padre Alpheu Lopes uma de suas colunas gregas, no conceito de sustentação intelectual, de ideal da construção do conhecimento enquanto forma da superação da miséria humana. Padre Lopes era um humanista apaixonado e dedicado ao projeto iluminista. Continuei os estudos de História na PUC-SP, onde obtive o título de Mestre em 1994, com um trabalho abordando a obra de Plínio Marcos de Barros, poeta em um tempo de trevas. Publiquei recentemente um pequeno livro, edição do autor, com o título de A República dos Marginais. Sou professor no ensino público nas escolas E.E.PROF. José Vieira de Moraes e EMEF. Ulysses da Silveira Guimarães. Sou casado com a Gladis e tenho uma garotinha sapeca e curiosa de nome Ana Gabriela, que hoje me ensina a rever o mundo com um olhar destituído da lógica cartesiana. Aprecio a poesia, a filosofia, a música, a História. Sou palmeirense, fato que me torna herdeiro das tradições daqueles italianinhos que no final do século XIX vieram para o Brasil com sonhos e utopias.








Borges e a morte.


As moedas, a bengala e o chaveiro,
A dócil fechadura e as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, o baralho, o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a rasgada
Violeta, monumento de uma tarde
Inolvidável sem dúvida e olvidada,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Nos servem como tácidos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para lá do nosso esquecimento;
Nunca saberão que partimos, um momento.











O silêncio diante do esquecimento

É você que habita as minhas lembranças
que esvai em meio as brumas da memória.
É você que compartilha os sonhos turvos que transcendem Eros e tânatos
O tempo e o silêncio suavemente murmuram no coração
Como que a dizer: as rosas morreram e a janela se fechou
Gostaria de poder mudar toadas e músicas
que me perseguem em meio ao trânsito de São Paulo, no inverno.
Você anda comigo, sem saber, não tenha medo de me acompanhar.
Amanhã terei que trabalhar cedo, os alunos estarão na sala de aula, não haverá mais poesia, falarei do passado, sendo o presente uma tempestade de sons e imagens que vivem a atormentar as nuvens celestiais dos deuses do esquecimento.








As pedras

Quero passar o filme final



















A poesia e a História
Não há novidade em rever o tempo e a história através da poesia. Walter Benjamim, importante pensador alemão, realizou algumas incursões ao universo da poesia, revelando aspectos interpretativos da história que nos auxilia a refletir o mundo em que vivemos. Entre algumas de suas obras encontramos um trabalho em que analisa o poema A uma passante, na qual tece comentários de uma lucidez que beira a genialidade. Vejamos algumas considerações de um trabalho tão original.
A originalidade do poema A uma passante, de Charles Baudelaire, publicado no livro As Flores do Mal, escrito em meados do século XIX, é o de retratar uma situação típica do homem da cidade: a multidão, onde tudo é transitório, tudo é furtivo. Alguns autores chegam a afirmar que o maior fenômeno do mundo contemporâneo, são as cidades fruto mais acabado da sociedade industrial. Aqui reside a genialidade do poema que iremos reproduzir. Estar andando no meio da multidão e de súbito cruzar com uma desconhecida, onde os dois se vêem, ficam fascinados um pelo outro, porém estão caminhando em sentidos opostos e acabam pó se perder de vista. É um amor não só à primeira vista , como também a última vista. É neste momento que a sensibilidade do poeta torna-se um meio para se compreender um instante vivido pelos homens na construção de sua história.

A uma passante

A rua ensurdecedora urrava ao meu redor
Alta e esbelta, toda de luto, majestosa na dor,
Uma mulher passou a mão vaidosa
Erguendo, balançando a bainha e o festão;

Ágil e nobre, com pernas de estátua.
Eu crispado como um extravagante, bebia,
No seu olho, lívido céu que gera o furacão,
A doçura que fascina e prazer que mata.

Um clarão...E a noite depois! Fugidia beleza,
De olhar que me fez renascer,
Será que só te verei de novo na eternidade?

Tão longe daqui!Tão tarde!Talvez nunca!
Pois ignoro para onde vais e não sabes para onde vou.
Ó tu que eu teria amado, ó tu que sabias disto.

Podemos afirmar, que é no século XIX, e o poema de Charles Baudelaire demonstra isto, que a experiência das cidades passa a ser vivida pelos homens de forma intensa, onde a multidão provoca a sensação de estar em um ambiente de deslumbramento daquilo que está ao seu redor.Tudo pode acontecer. A multidão não apenas caminha, como também se apaixona.


Adilson Campos Calasans, 47 anos, é professor de História na E.E.Prof.º José Vieira de Moraes e na EMEF Ulysses da Silveira Guimarães.

Como você irá me seduzir?

Um sutil chamado?
Um murmúrio quase calado?
Um sussurro imaginado?
Um gemido ao lado?
Um canto versado?
Um olhar tarado?
Um corpo tocado?
Um silêncio olhado?
Um bilhete trocado?
Um beijo forçado?
Como?









Lição de anatomia

O capital é o esperma da burguesia.
Os bancos, o ovário.

Os trabalhadores, o grande ânus masturbador.


Aviso ao público:
Hoje não haverá poesia.



Descartes

Não existe a verdade.
Não existe a palavra.
Eu não existo, insisto.
Somos o fruto da imaginação
de uma criança que agora dorme.